Manuela Ferreira Leite e os rankings
Percebe-se que Manuela Ferreira Leite (MFL) e o PSD adoptaram, recentemente, uma estratégia poderosa de comunicação, baseada no posicionamento de Portugal em rankings internacionais nas mais diversas áreas. Só nos últimos dias falou do Euro Health Consumer Index, do Inquérito Social Europeu e do Global Competitiveness Report (GCR) do World Economic Forum (WEF).
Não contesto esta forma de comunicação que, embora totalmente legítima, é também igualmente redutora. É, evidentemente, possível lermos apenas o resultado final de um ranking mas, sem fazermos uma análise detalhada do seu conteúdo, da metodologia utilizada e dos indicadores que o compõem, pode ser perigoso e dar sinais afastados da realidade, inquinando a definição de políticas públicas no sentido de se ultrapassar os problemas. Dada a forma superficial, demagógica, destrutiva e irresponsável com que MFL e a direcção do PSD têm encarado a luta política e partidária, suspeito bem que se tenham reduzido a ler o score final! Obviamente!
Vejamos o exemplo do GCR do WEF usado por MFL e pelo seu secretário-geral na Assembleia da República para sustentar a tese de que Portugal está menos competitivo pelas 18 posições que desceu em relação à edição de 2004. Pois bem, importa sublinhar que MFL se esqueceu de dizer muita coisa em relação a este relatório, nomeadamente que na edição deste ano foram considerados 134 países, mais 32 do que aqueles que foram considerados na edição de 2004, sem falar na utilização de uma metodologia muito diferente da usada em 2004.
Ainda assim, neste ranking, MFL esqueceu-se também de dizer que Portugal ocupa hoje, entre 134 países, a 9ª posição no tempo necessário à criação de um negócio. Também evitou dizer que Portugal, entre 134 países, tem hoje a 5ª taxa mais favorável no que respeita ao peso das tarifas no comércio internacional. Não referiu igualmente que Portugal é o 22º, em 134 países, no nível de investimento em qualificações.
Os rankings dão-nos, de facto, importantes sinais mas não podem ser usados com a ligeireza com que o PSD o tem feito. Não podemos olhar apenas para o resultado final sem percebermos o que está por detrás do indicador compósito inventado. Por exemplo, a Islândia, neste mesmo ranking de competitividade está hoje em 20º lugar e em 2004 era o 8º. Mais: no Índice de Desenvolvimento Humano organizado pelas Nações Unidas, a Islândia está hoje em 1º lugar numa lista de 177 países. E perceber-se-á facilmente o porquê de se dar aqui o exemplo da Islândia!
Mas já que estamos em época de rankings, espero que MFL não se esqueça que Portugal é hoje o 3º país da União Europeia no ranking da disponibilidade dos serviços públicos online (em 2004 era o 14º), é o 18º, em 198 países, no ranking de Governo Electrónico organizado pela Universidade de Brown (em 2004 era 89º), é o 34º (em 181 países) no processo de “Abertura de uma empresa” medido pelo Banco Mundial (era 113º em 2005) e o 14º da UE27 no “The Lisbon Review 2008” do World Economic Forum (WEF) que mede os progressos realizados nos objectivos estratégicos definidos pela Estratégia de Lisboa (em 2004 era o 17º). Não quererão estes exemplos dizer que Portugal está hoje mais competitivo do que era em 2004?
Artigo publicado no Acção Socialista e no Jonal SOL.
Não contesto esta forma de comunicação que, embora totalmente legítima, é também igualmente redutora. É, evidentemente, possível lermos apenas o resultado final de um ranking mas, sem fazermos uma análise detalhada do seu conteúdo, da metodologia utilizada e dos indicadores que o compõem, pode ser perigoso e dar sinais afastados da realidade, inquinando a definição de políticas públicas no sentido de se ultrapassar os problemas. Dada a forma superficial, demagógica, destrutiva e irresponsável com que MFL e a direcção do PSD têm encarado a luta política e partidária, suspeito bem que se tenham reduzido a ler o score final! Obviamente!
Vejamos o exemplo do GCR do WEF usado por MFL e pelo seu secretário-geral na Assembleia da República para sustentar a tese de que Portugal está menos competitivo pelas 18 posições que desceu em relação à edição de 2004. Pois bem, importa sublinhar que MFL se esqueceu de dizer muita coisa em relação a este relatório, nomeadamente que na edição deste ano foram considerados 134 países, mais 32 do que aqueles que foram considerados na edição de 2004, sem falar na utilização de uma metodologia muito diferente da usada em 2004.
Ainda assim, neste ranking, MFL esqueceu-se também de dizer que Portugal ocupa hoje, entre 134 países, a 9ª posição no tempo necessário à criação de um negócio. Também evitou dizer que Portugal, entre 134 países, tem hoje a 5ª taxa mais favorável no que respeita ao peso das tarifas no comércio internacional. Não referiu igualmente que Portugal é o 22º, em 134 países, no nível de investimento em qualificações.
Os rankings dão-nos, de facto, importantes sinais mas não podem ser usados com a ligeireza com que o PSD o tem feito. Não podemos olhar apenas para o resultado final sem percebermos o que está por detrás do indicador compósito inventado. Por exemplo, a Islândia, neste mesmo ranking de competitividade está hoje em 20º lugar e em 2004 era o 8º. Mais: no Índice de Desenvolvimento Humano organizado pelas Nações Unidas, a Islândia está hoje em 1º lugar numa lista de 177 países. E perceber-se-á facilmente o porquê de se dar aqui o exemplo da Islândia!
Mas já que estamos em época de rankings, espero que MFL não se esqueça que Portugal é hoje o 3º país da União Europeia no ranking da disponibilidade dos serviços públicos online (em 2004 era o 14º), é o 18º, em 198 países, no ranking de Governo Electrónico organizado pela Universidade de Brown (em 2004 era 89º), é o 34º (em 181 países) no processo de “Abertura de uma empresa” medido pelo Banco Mundial (era 113º em 2005) e o 14º da UE27 no “The Lisbon Review 2008” do World Economic Forum (WEF) que mede os progressos realizados nos objectivos estratégicos definidos pela Estratégia de Lisboa (em 2004 era o 17º). Não quererão estes exemplos dizer que Portugal está hoje mais competitivo do que era em 2004?
Artigo publicado no Acção Socialista e no Jonal SOL.
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