09 setembro 2010

Entre_linhas 95 (9set2010)

Neste retomar do Entre_linhas, inevitável será fazer um primeiro destaque muito especial ao facto da nadadora de São João da Madeira, Ana Rodrigues, ter concluído em terceiro lugar a final dos 50 metros bruços nos Jogos Olímpicos da Juventude, realizados em Singapura, conseguindo desta forma arrecadar a medalha de bronze para Portugal. Esta jovem atleta da Associação Estamos Juntos (AEJ), treinada pelo meu homónimo e amigo Luís Ferreira, obteve, assim, mais um brilhante resultado, que nos enche de orgulho e que até colocou o nome da nossa terra em todos os jornais, rádios e televisões nacionais. Recorde-se que Ana Rodrigues é detentora do recorde nacional júnior desta prova (com o tempo 31m92s), obtido ainda em Março de 2010, na Polónia. Sem querer levantar muito a fasquia, estamos já à espera dos Jogos Olímpicos “dos grandes” para ver no que é que isto dá! Força, Ana! E parabéns também ao treinador!

Ora, mas para que a Ana Rodrigues continue a conseguir e até melhorar estas brilhantes marcas, terá que ter acesso a condições de treino ideais, nomeadamente ao nível da piscina compatível com a exigência da alta competição. Curiosamente, um clube que possui uma piscina olímpica que tanto jeito fazia na nossa cidade, acabou esta semana com a modalidade de natação de competição por questões de ordem financeira. Acontece que a direcção desse clube (O Belenenses) é presidida pelo deputado do CDS- -PP, João Almeida que, como sabemos, foi candidato à Assembleia Municipal de S. João da Madeira pelo CDS-PP nas últimas autárquicas. Esta coincidência leva--me a dizer que “Deus dá pão a quem não tem dentes”!

O processo conhecido por “Caso Pia” finalizou mais uma etapa da sua já longa vida. Houve seis condenações mas já sabemos que os recursos serão uma realidade e, consequentemente, garantirão por mais uns tempos o estatuto de inocente a todos os implicados. É assim num Estado de Direito e é assim que deve ser, independentemente de todos concordarmos que é, de facto, muito tempo para se concluir um processo com esta gravidade e com esta visibilidade pública. Até ao veredicto final, os cidadãos que se preocupam com estas questões têm que viver com a realidade de uma “dupla presunção” (expressão não é da minha autoria): se por um lado os arguidos se presumem inocentes, não é menos verdade que os cidadãos também presumem que a Justiça funciona e que não iria cometer um erro tão grosseiro de condenar erradamente, mesmo nesta fase, todas estas seis pessoas. De facto, esta “dupla presunção” é inquietante e só há uma forma de a sustermos. É conseguir que o processo termine para que, no final, os inocentes sejam ilibados, os culpados condenados e a Justiça, também ela, saia bem de tudo isto. Pelo menos para que os cidadãos continuem a presumir que ela funciona.

A floresta portuguesa ardeu este ano de forma bastante intensa, tendo o distrito de Aveiro sido um dos mais sacrificados. E este facto mostra que todos os meios são poucos quando as condições são adversas. Este combate é de todos nós, cidadãos, e não apenas dos aviões canadairs e dos bombeiros. A prevenção é, de facto, a chave para esta questão e aí todos temos algo a fazer, todos temos as nossas responsabilidades. Esperemos que as imagens televisivas venham a sensibilizar todos os portugueses para a necessidade de preservarmos a nossa floresta.

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