Aquecimento nas salas ou quadros interactivos?
Numa das minhas incursões pelo Twitter, participei numa acesa discussão sobre os prós e os contras da introdução das tecnologias no ensino, no processo ensino-aprendizagem, em contexto de sala de aula. Eu situava-me, obviamente, do lado dos acérrimos defensores do Plano Tecnológico da Educação nas suas várias componentes, nomeadamente aquela que contempla o apetrechamento das nossas escolas com computadores e quadros interactivos.
No calor da discussão houve um comentário de alguém que me despertou particular indignação. Dizia um encarregado de educação de uma miúda do 5º ano que “razão tinha uma professora da sua filha que se recusou a utilizar os quadros electrónicos enquanto não existir aquecimento na escola”. Na verdade, esta frase chocou-me por duas ordens de razões: por um lado, pela decisão absurda da professora em causa e, por outro, pela concordância e o apoio explícito de um encarregado de educação com esta atitude da professora da sua filha.
Quanto à professora, parece-me inaceitável que faça depender a utilização deste tipo de equipamento, já colocado na sua sala de aula, da existência de aquecimento. Julgo que se trata de uma atitude negligente, descabida, inconsequente, reveladora de total irresponsabilidade e de falta de bom senso. Independentemente de poder ser bastante relevante o frio sentido pelos alunos naquela escola de Vila Nova de Gaia, não me parece minimamente razoável que se esteja a privar aqueles alunos de usufruírem das potencialidades de equipamento já existente na sua escola, equipamento esse tão importante para a criação de cenários de aprendizagem inovadores e motivadores. Felizmente esta não é a regra. Temos hoje nas nossas escolas muitos professores empenhados em utilizarem este equipamento com os seus alunos, abertos à participação em actividades de formação que os possa dotar de mais competências no seu manuseamento. Aliás, suspeito mesmo que a razão da atitude desta professora não tenha nada que ver com a temperatura da sala de aula!
Do lado do encarregado de educação da aluna e sem querer de modo algum opinar sobre a melhor forma de se transmitir valores de responsabilidade a uma criança (quem sou eu para tal?), parece-me no mínimo “estranho” que se possa apoiar uma tal atitude. Primeiro porque a decisão em si mesma não resolve o problema (ou seja, não aquece a sala de aula) e depois porque prejudica a própria criança. Mais estranho ainda foi o facto de este pai considerar que esta atitude possa ser encarada como “uma verdadeira lição de cidadania”. Por muito que me esforce, e acreditem que tentei fazê-lo, não consigo compreender esta posição. A única explicação que encontro é a primária necessidade revelada por algumas pessoas em criticarem e rejeitarem tudo o que vem deste Governo!
Já é velha esta demagógica ideia de se tentar condicionar o avanço e o progresso numa questão até que outra considerada mais importante esteja resolvida. Ainda não há muito tempo, Durão Barroso na altura candidato a Primeiro-Ministro de Portugal, dizia que “não avançaria com uma determinada obra enquanto existissem crianças com fome”. As coisas não funcionam desta forma e pensar o contrário é impedir que se avance. Pensar da forma como esta professora e este encarregado de educação o fizeram é meio caminho andado para não fazermos nada de nada.
É evidente que em momento algum desvalorizei a necessidade de se tornar as escolas locais mais confortáveis, em que o aquecimento assume particular relevância. As prioridades também devem passar por aí, de facto! Aliás, é bom que se sublinhe a requalificação do parque escolar que se encontra neste momento em curso, uma das prioridades estabelecidas pelo Governo na resposta à crise, resposta esta que implica um investimento público que alguns criticam. No entanto, seria um erro esperarmos que uma coisa esteja concluída para iniciarmos a outra. O país não pode esperar mais e as nossas crianças não nos perdoariam. Porque mesmo que as salas estivessem já todas aquecidas, viriam alguns queixar-se do calor do Verão e recusar a utilização dos quadros interactivos até que as salas de aula tivessem ar condicionado!
Artigo publicado no Jornal Labor e Acção Socialista.
No calor da discussão houve um comentário de alguém que me despertou particular indignação. Dizia um encarregado de educação de uma miúda do 5º ano que “razão tinha uma professora da sua filha que se recusou a utilizar os quadros electrónicos enquanto não existir aquecimento na escola”. Na verdade, esta frase chocou-me por duas ordens de razões: por um lado, pela decisão absurda da professora em causa e, por outro, pela concordância e o apoio explícito de um encarregado de educação com esta atitude da professora da sua filha.
Quanto à professora, parece-me inaceitável que faça depender a utilização deste tipo de equipamento, já colocado na sua sala de aula, da existência de aquecimento. Julgo que se trata de uma atitude negligente, descabida, inconsequente, reveladora de total irresponsabilidade e de falta de bom senso. Independentemente de poder ser bastante relevante o frio sentido pelos alunos naquela escola de Vila Nova de Gaia, não me parece minimamente razoável que se esteja a privar aqueles alunos de usufruírem das potencialidades de equipamento já existente na sua escola, equipamento esse tão importante para a criação de cenários de aprendizagem inovadores e motivadores. Felizmente esta não é a regra. Temos hoje nas nossas escolas muitos professores empenhados em utilizarem este equipamento com os seus alunos, abertos à participação em actividades de formação que os possa dotar de mais competências no seu manuseamento. Aliás, suspeito mesmo que a razão da atitude desta professora não tenha nada que ver com a temperatura da sala de aula!
Do lado do encarregado de educação da aluna e sem querer de modo algum opinar sobre a melhor forma de se transmitir valores de responsabilidade a uma criança (quem sou eu para tal?), parece-me no mínimo “estranho” que se possa apoiar uma tal atitude. Primeiro porque a decisão em si mesma não resolve o problema (ou seja, não aquece a sala de aula) e depois porque prejudica a própria criança. Mais estranho ainda foi o facto de este pai considerar que esta atitude possa ser encarada como “uma verdadeira lição de cidadania”. Por muito que me esforce, e acreditem que tentei fazê-lo, não consigo compreender esta posição. A única explicação que encontro é a primária necessidade revelada por algumas pessoas em criticarem e rejeitarem tudo o que vem deste Governo!
Já é velha esta demagógica ideia de se tentar condicionar o avanço e o progresso numa questão até que outra considerada mais importante esteja resolvida. Ainda não há muito tempo, Durão Barroso na altura candidato a Primeiro-Ministro de Portugal, dizia que “não avançaria com uma determinada obra enquanto existissem crianças com fome”. As coisas não funcionam desta forma e pensar o contrário é impedir que se avance. Pensar da forma como esta professora e este encarregado de educação o fizeram é meio caminho andado para não fazermos nada de nada.
É evidente que em momento algum desvalorizei a necessidade de se tornar as escolas locais mais confortáveis, em que o aquecimento assume particular relevância. As prioridades também devem passar por aí, de facto! Aliás, é bom que se sublinhe a requalificação do parque escolar que se encontra neste momento em curso, uma das prioridades estabelecidas pelo Governo na resposta à crise, resposta esta que implica um investimento público que alguns criticam. No entanto, seria um erro esperarmos que uma coisa esteja concluída para iniciarmos a outra. O país não pode esperar mais e as nossas crianças não nos perdoariam. Porque mesmo que as salas estivessem já todas aquecidas, viriam alguns queixar-se do calor do Verão e recusar a utilização dos quadros interactivos até que as salas de aula tivessem ar condicionado!
Artigo publicado no Jornal Labor e Acção Socialista.
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