15 abril 2010

Entre_linhas 85 (15abril2010)

O Relatório de Contas da empresa municipal Águas de S. João refere que apenas 33 por cento da água consumida vem de captações próprias. Por outro lado, o sistema de abastecimento de água continua com perdas na ordem dos 30 por cento, sendo a água perdida e não contabilizada em 2009 quase tanta como a facturada a consumidores não domésticos. Há muito que os sanjoanenses têm consciência de que a rede de abastecimento de água precisa de melhorias e há muito que tais investimentos são adiados. A única decisão radical que foi tomada nos últimos anos foi a privatização parcial do sector, decisão que, do meu ponto de vista, não deveria ter sido tomada. Quanto ao resto, tentei encontrar na Internet este Relatório, mas não tive sucesso. Para esta referência ao assunto, as minhas fontes foram, portanto, as notícias do Labor e do Regional, esta última bastante próxima à nota que consta do site da Câmara Municipal de S. João da Madeira. Por questões de transparência, este relatório deveria estar mais acessível para poder ser consultado livremente. No site onde tal deveria ocorrer, nada encontramos senão esta referência: “Brevemente on-line…” http://www.aguasdesjoao.pt

Pedro Passos Coelho é já Presidente do PSD. Todos os seus companheiros, pelo menos nesta primeira semana, estão do seu lado, criando-se no país a imagem de união. De facto, Portugal já há muito que não tem visto uma oposição forte, credível. Nos últimos tempos, temos vista a oposição, da esquerda à direita, com uma única estratégia baseada na “caça ao homem” sem apresentar ideias e com uma única preocupação: destruir, nem que para isso se formem no Parlamento as chamadas coligações negativas e contra-naturas. Passos Coelho tem, na verdade, um grande trabalho pela frente: fazer com que o PSD ganhe a credibilidade que tem vindo a perder ao longo do tempo. E demonstrar que a oposição serve, de facto, para alguma coisa! Para isso, o sentido de responsabilidade deve ser a palavra de ordem. Se assim for, ganhará, em primeira linha, o país e os portugueses.

Durante o tempo em que passei pela Faculdade de Ciências da UP a tirar o curso de Matemática, alguns professores iam colocando os problemas que ainda ninguém, no mundo, tinha resolvido. Quem os resolvesse ficava rico, uma vez que estavam associados milhares de “contos” de prémio para quem conseguisse descobrir uma solução. O Instituto de Matemática Clay (CMI), uma fundação privada com sede em Cambridge, Massachusetts (EUA), instituiu em 2000 o Prémio Milénio no valor de um milhão de dólares, para quem conseguisse resolver cada um dos sete problemas matemáticos mais difíceis de sempre e ainda por resolver na entrada do novo milénio - as “sete maravilhas” da matemática. Em 2002, o matemático Grigory Perelman resolveu um deles: a conjectura de Poincaré, inserida numa área da matemática chamada Tipologia. No entanto, só no passado dia 18 de Março é que o CMI anunciou o prémio, alegando- -se que “a resolução da conjectura de Poincaré por Grigory Perelman (...) constitui um avanço fundamental na história da matemática, que ficará na memória durante muito tempo”. Perelman, um matemático russo de 43 anos, excêntrico, é definido como a “imagem escarrapachada do “génio maluco”, com barba comprida e cabelo desgrenhado, unhas sem cortar há meses, olhar intenso, magro, mal vestido, de higiene duvidosa”. Contudo, muitos dos génios que ao longo dos tempos fizeram avançar a ciência, as artes, a cultura e o mundo, também o foram. Perelman consegue ir um pouco mais além, imaginem! Recusou o prémio “alegando que, pela solução do problema, o reconhecimento já era suficiente!”

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