11 março 2010

Entre_linhas 80 (11mar2010)

Cada um de nós guarda momentos e pessoas que nos vão marcando ao longo da nossa vida profissional. Enquanto professor do quadro da Escola Secundária Serafim Leite, nos anos que leccionei antes desta interrupção, não só vivenciei vários momentos marcantes mas também ganhei imensas amizades que me tornaram, indubitavelmente, bem mais rico. A Rosa Mortágua é um desses casos. Trata-se de uma professora de uma dedicação irrepreensível, de um profissionalismo impossível de superar e de uma sensibilidade humana única. A Rosa faz-se ouvir em todo o local que recebe a sua presença e não é por ter a voz potente. Mesmo depois de ter sido alvo de uma tentativa de “boicote” por um problema nas cordas vocais, mesmo falando bem mais baixinho, ninguém deixa de ouvir a Rosa. No fim das longas conversas que tive com ela nunca fiquei indiferente. É uma mulher culta e de convicções. A sua larga experiência de vida, a enorme sensibilidade para com os mais desprotegidos, o imenso espírito humanista, o sentido de justiça e a sua paixão pela profissão docente, fazem dela um exemplo daquilo que de melhor existe nas escolas portuguesas. A Rosa teve agora a “ordem de marcha” para a aposentação e vai entrar numa fase diferente da vida dela. Vai continuar a “fazer acontecer” de outra forma, estou certo. Uma mulher como a Rosa Mortágua não fica quieta. Mesmo assim, junto-me à Irene Guimarães, directora da Escola, no apelo que fez na passada sexta-feira numa sessão em que não consegui estar presente: “Rosa, não vás!” E acrescento: “Porque mesmo que queiras ir nós não vamos deixar que o faças, querida Rosa!”

A semana passada, esteve aberta em Milão a principal montra mundial do calçado, onde participaram 79 empresas portuguesas, algumas das quais localizadas em S. João da Madeira. Tratou-se de um momento bastante importante para que as nossas empresas consigam mais oportunidades de negócio, mostrando o seu potencial, a qualidade dos seus produtos, a sua capacidade de produção e o seu vigor exportador. Um sector tradicional como é o do calçado, vem revelando um importante dinamismo e uma forte capacidade de inovação, não só ao nível da utilização de novos materiais, mas também no design, no desenvolvimento de estratégias de marketing e de imposição de marcas, bem como ao nível da organização dos processos produtivos. Aliás, segundo dados publicados recentemente sobre a “propriedade industrial” no sector do calçado confirmados pelo Gabinete de Apoio à Propriedade Industrial (GAPI) do Centro Tecnológico do Calçado de Portugal (CTCP), tem-se assistido a um aumento gradual do registo de marcas, modelos e patentes nos últimos anos. Em 2009, o número de pedidos de registo de modelos cresceu – mantendo uma tendência sentida há já alguns anos – para 241 (mais 8 por cento que em 2008), 36 novas marcas e 36 «Sinais Distintivos do Comércio». É, portanto, motivo para encararmos o futuro com confiança! Há que continuar este esforço de aumentar as exportações e de promoção externa que, em 2010, representará um investimento que rondará os nove milhões de euros, numa iniciativa da APICCAPS, em parceria com a AICEP. Esperemos que as empresas sanjoanenses consigam acompanhar este movimento!