12 fevereiro 2010

Entre_linhas 76 (11fev2010)

Tive o privilégio de assistir à palestra “Os antecedentes da proclamação da República e seus valores”, organizado pelo Espaço Aberto, um projecto de intervenção cívica dinamizado por professores da Escola Secundária Serafim Leite. Esta palestra teve lugar nos Paços da Cultura e contou com a presença de duas grandes personalidades da cultura portuguesa: Amadeu Carvalho Homem e António Arnaut. De facto, foi bastante gratificante e enriquecedor ouvir estes dois importantes testemunhos de dois estusiastas do movimento Republicano e dos seus valores. Numa altura em que se comemoram os 100 anos da República em Portugal, estes dois oradores provaram, de forma inequívoca que, face à nossa história e à intervenção de vários movimentos que lutaram pela liberdade, pela justiça e pela igualdade, Portugal não podia deixar de ser um país republicano. Gostaria de deixar uma palavra de reconhecimento à minha escola, na pessoa da sua directora Irene Guimarães e nas dinamizadoras do Espaço Aberto, por nos proporcionarem estes interessantes momentos de cultura, que apelam à nossa capacidade de reflexão de qual o papel que cada um de nós desempenha na sociedade em que nos movemos. Viva a República!

Como cidadão, começo a ficar algo preocupado com a forma como alguns, em Portugal, fazem política. Em determinados casos, são usados métodos absolutamente pidescos, facto que nos devia indignar a todos. Mário Crespo, que há muito se tem envolvido em matérias políticas embora se escude na qualidade de jornalista, a semana passada ultrapassou todos os limites. Vem dizer que alguém lhe disse que ouviu uma conversa num restaurante em Lisboa que envolvia o Primeiro-Ministro, outros membros do Governo e um “executivo de televisão” que se veio a saber tratar-se do seu director, Nuno Santos. Nessa conversa, Crespo diz ter sido "referenciado como sendo mentalmente débil ("um louco") a necessitar de ("ir para o manicómio")", tendo ainda sido “descrito como um profissional impreparado”. O problema é que este “diz-que-disse” foi o mote para outras dezenas de notícias de rádio, jornal e televisão que, do meu ponto de vista, em nada contribuem para o acalmar do clima político crispado em que, nos últimos tempos, estamos mergulhados. Só encontro uma justificação para esta atitude de Mário Crespo: pretendeu publicidade gratuita para o seu livro que ainda este mês será publicado. E não é que conseguiu mesmo? Até o site do Instituto Francisco Sá Carneiro, uma instituição de debate e reflexão política ligada ao PSD, lhe fez a vontade, imagine-se!

A oposição ao Governo da Nação uniu-se para viabilizar uma alteração à Lei das Finanças Regionais no sentido de as dotar de mais uns milhões de euros por ano. Umas “migalhas” como disse o PSD. Acontece que uma das Regiões, a Madeira, já apresenta níveis de desenvolvimento e de rendimento acima da média nacional, ainda por cima numa altura em que todos já conhecemos o nível de esbanjamento que por ali existe. Acho incrível como é que todos os partidos da oposição (da esquerda à direita) se conseguem coligar para dar mais esta ajudinha a João Jardim e este contributo para o agravar do fosso entre as regiões mais pobres e as mais ricas. Já só falta mesmo o PCP, o BE e o CDS coligarem-se com o PSD para apoiarem Jardim na próxima recandidatura!

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