13 dezembro 2009

Entre_linhas 68 (10dez2009)

A Câmara Municipal de S. João da Madeira aprovou uma proposta para a realização de uma consulta aos bancos, no sentido de contrair um novo empréstimo de 2,5 milhões de euros, o que é o mesmo que dizer que se vai endividar ainda mais. De facto, mesmo que oposição não aprove o empréstimo, a maioria absoluta do PSD faz antever o que acontecerá após a consulta. O Presidente da Câmara alega que “há oito anos, a dívida era superior a 25 milhões de euros e hoje é de 15 milhões” e, portanto, nada há a temer, pensará ele. Mas, fazendo umas contas por alto, estes valores representam uma redução anual da dívida de 1,25 milhões de euros. No entanto, considerando as próprias palavras do Presidente da autarquia que refere que as receitas da Câmara “estão a descer drasticamente” e que “a Câmara de S. João da Madeira tem as contas controladas, mas não tem uma boa situação financeira”, logo se percebe que nos próximos 4 anos será muito difícil evitar que a dívida do município suba para valores intoleráveis. Sendo este o seu último mandato à frente da Câmara de S. João da Madeira, percebe-se que Castro Almeida tenha necessidade de fazer tudo aquilo que não conseguiu fazer em 8 anos e não estamos a falar, propriamente, da inversão da prioridade para o sector social. Daqui a 4 anos, quando o novo Presidente da Câmara de S. João da Madeira tomar posse, espero que não encontre uma Câmara falida que o impeça de olhar para as pessoas e para as suas necessidades de uma outra forma.

A direita e a esquerda em Portugal e pela primeira vez, nunca estiveram tão unidas. O problema é que estou apenas a falar dos partidos das duas alas que se encontram na oposição. É surpreendente ver o PSD, o CDS, a CDU e o Bloco de Esquerda a entenderem-se na construção de uma coligação negativa, cujo único objectivo parece ser a criação de condições para a ingovernabilidade do país. De facto, para a oposição em bloco é fácil aprovar medidas que impliquem o aumento da despesa, que desequilibrem as contas do Estado e que criem dificuldades à Governação. Para esta oposição é fácil criar uma espécie de orçamento alternativo, ainda por cima só no que toca à parte da despesa. O problema é que quem sai a perder é o país e são os portugueses. Nunca se viu em Portugal tal coisa, nunca se sentiu tamanha irresponsabilidade nem tremenda demagogia. Esta coligação esquerda/direita dos partidos de oposição é, verdadeiramente, escandalosa. Ainda por cima numa altura em que, como sabemos, o próprio PCP e Bloco de Esquerda se mostraram totalmente indisponíveis para pensarem sequer em quaisquer cenários de viabilização de uma solução de estabilidade governativa. Da forma como isto anda, a oposição, qualquer dia começa a distribuir pastas entre os seus membros e a preparar um programa eleitoral conjunto!