24 outubro 2009

Entre_linhas 61 (22out2009)

Por duas semanas seguidas li no Labor notícias relacionadas com o Complemento Solidário para Idosos (CSI), as quais me criaram uma certa indignação. Na edição de 8/10/2009, dava-se conta que o posto móvel da Segurança Social esteve em S. João da Madeira «com o objectivo de prestar esclarecimentos e encaminhar processos relacionados com o CSI», embora não tenha prestado qualquer atendimento por falta de comparência de pessoas interessadas. Na semana seguinte, o mesmo jornal dava conta que, segundo dados da Segurança Social de Aveiro, apesar de existirem no concelho 540 pessoas em condições de auferirem desta prestação, apenas 251 beneficiam dela. Ora, parece-me estranha esta situação, tanto mais que, por um lado, a técnica do posto móvel tenha falado em «falta de divulgação» como o motivo para a não comparência e, por outro, sejam os municípios de S. João da Madeira e de Ílhavo aqueles que, no distrito de Aveiro, apresentam menos pedidos. Não creio que seja por falta de «efeitos práticos» do CSI em S. João da Madeira, como alega o senhor Presidente da Junta, que as pessoas não recorrem a esta prestação. Basta dar uma volta pelo Orreiro para perceber que essa análise é errada. O problema é bem outro: o problema é que existe, de facto, falta de sensibilidade social naqueles que gerem, há anos, os destinos de S. João da Madeira.

Quem passa pelo Centro de Saúde verifica que algo terá mudado, para melhor. Há um atendimento mais personalizado, as consultas são mais acessíveis, a confusão instalada nas salas de espera já diminuiu. De facto, a criação das Unidades de Saúde Familiar (USF) veio trazer melhorias significativas ao sistema. Por exemplo, as queixas dos utentes, depois de quatro meses após a entrada em vigor do novo sistema de marcação de consultas, diminuiu mais de 80 por cento. Boas notícias para o nosso concelho e para os sanjoanenses.

João de Deus Pinheiro foi cabeça de lista em Braga, pelo PSD, nas eleições legislativas do passado dia 27 de Setembro. Tomou posse como deputado e meia hora depois renunciou ao mandato, alegando como justificação «motivos pessoais». Parecem-me óbvias as seguintes conclusões: 1. Deus Pinheiro não queria ser deputado, embora tenha andado no distrito de Braga a enganar o seu eleitorado; 2. Deus Pinheiro só integrou as listas do PSD para dar sinais de regresso, já que o seu grande interesse era ser ministro caso o PSD tivesse ganho as eleições; 3. Manuela Ferreira Leite sabia que esta indisponibilidade iria acontecer, uma vez que o próximo da lista por Braga a entrar foi, precisamente, o líder da JSD (seria sempre deputado face às circunstâncias). Ora, são precisamente este tipo de atitudes que minam a credibilidade da classe política em geral e que dão argumentos àqueles que passam a vida a dizer mal dos políticos e dos partidos. Ora, quem pensava que as listas polémicas do PSD já tinham sido totalmente “esmiuçadas” enganou-se redondamente. Cá está mais uma desagradável notícia!