12 setembro 2009

Entre_linhas 59 (10set2009)

São já conhecidas as listas de candidatos apresentadas pelos cinco principais partidos às eleições autárquicas que se disputam no próximo dia 11 de Outubro. Várias observações poderiam ser feitas acerca de cada uma delas, mas há uma que salta à vista. Três partidos (PS, CDS-PP e CDU) apresentam duas mulheres como cabeças de lista a dois dos órgãos e outro partido (BE) apresenta uma mulher como cabeça de lista a um dos órgãos. Por sua vez, o PSD é o único partido que não apresenta qualquer mulher como cabeça de lista aos três órgãos. Aliás, as primeiras mulheres, nas listas do PSD, surgem, em todos os órgãos, na 3.ª posição o que, na verdade, não deixa de ser uma coincidência. Bem, atendendo à nova lei da paridade que obriga a que as listas não contenham mais de dois candidatos do mesmo sexo colocados, consecutivamente, na ordenação da lista, talvez não estejamos, propriamente, perante uma coincidência!

Outro comentário às listas do PSD resulta da análise a um ditado antigo, geralmente associado ao futebol, mas muitas vezes transposto para as mais diversas áreas, incluindo a política. De facto, é frequente ouvirmos que “em equipa que ganha não se mexe”, o que, genericamente, até tem uma certa lógica. Foi, portanto, com estranheza que verificamos que houve alteração no 2.º lugar na lista à Câmara Municipal. Como justificação, não colhe o facto de Paulo Cavaleiro integrar a lista de candidatos pelo PSD Aveiro à Assembleia da República, até porque ele se mantém na lista da Câmara (em 7.º lugar). E esse argumento não serve porque o elemento que nas 1.ª e 2.ª candidaturas aparecia em 2.º lugar (Rui Costa) aparece desta vez em 4.º lugar. E esta mudança, sabemos bem, não é uma mudança qualquer. Que levou Castro Almeida a fazer esta profunda alteração à sua lista que, no caso de vitória, governaria a Câmara nos próximos quatro anos? Julgo que os sanjoanenses mereceriam uma explicação, apesar de, como é óbvio, cada um de nós ter a sua tese. A minha vai no sentido de que Castro Almeida já está a pensar noutros voos, embora também ache que a 27 de Setembro Castro Almeida virá a ter uma séria contrariedade!

O cancelamento do Jornal de 6.ª feira apresentado por Manuela Moura Guedes originou um conjunto grande de comentários e, como é óbvio, algum aproveitamento político. Para quem tem dúvidas acerca do estado da liberdade de imprensa em Portugal, nada melhor do que invocar um relatório internacional que coloca em 2008 Portugal em 16.º lugar numa lista de 173 países em termos de liberdade de imprensa. Neste mesmo ranking (Press Freedom Índex), em 2004, Portugal aparecia em 25.º lugar, numa lista de 167 países. Afinal, parece que em Portugal existe hoje mais liberdade de imprensa do que havia em 2004. E não é Sócrates, nem o Governo nem o PS a dizê-lo! http://www.rsf.org

P.S.: Dada a minha qualidade de candidato às eleições legislativas e autárquicas, e na medida em que se vai entrar em campanha eleitoral, informo os meus prezados leitores que suspenderei esta minha crónica enquanto decorrerem as respectivas campanhas eleitorais.