Ambientalista, carpinteiro e ginasta!
De vez em quando ouvimos uma organização defender uma ideia qualquer e os seus membros a defenderem precisamente o contrário. Mais: por vezes chegamos mesmo a ver a mesma pessoa defender um determinado pensamento e o seu oposto. E isto com a mesmíssima convicção e determinação.
Na vida política, por exemplo, isso é bastante frequente em pessoas que ocupam diferentes cargos. Funcionar em dois ou mais registos obriga, muitas vezes, a tomadas de posição no exercício de um dos cargos que chocam com as tomadas de posição no exercício do(s) outro(s) cargo(s) o que, na verdade, baralha as pessoas que assistem a tudo.
Ora, o Presidente da Câmara Municipal de S. João da Madeira é um desses casos. Por diversas vezes, já o ouvimos defender uma posição enquanto Presidente da autarquia e a defender posições opostas enquanto vice-presidente da estrutura nacional do PSD, por exemplo.
De facto, um dos aspectos em que mais se sente a diferença entre a política do Governo e a do PSD prende-se com a opção pelo investimento público como estratégia de resposta à crise e de dinamização da economia. Enquanto que o Governo tomou medidas nesse sentido, o PSD sempre se opôs a essa caminho, incluindo, naturalmente, o seu Vice-Presidente Dr. Castro Almeida. Ora, aqui em S. João da Madeira, nunca ouvi o Presidente da Câmara, o mesmo Dr. Castro Almeida, a opor-se, por exemplo, à requalificação da Escola Oliveira Júnior ou à construção da nova escola que substituirá a Secundária João da Silva Correia. Pelo contrário, tem defendido, e bem, esse investimento público.
Vejamos um outro exemplo! Todos se recordarão do ataque desenfreado que o PSD nacional desferiu à construção de novas auto-estradas, incluindo o seu Vice-Presidente Dr. Castro Almeida. No entanto, quando o Governo apresentou a proposta de Orçamento do Estado para 2010 em que, por razões que se prendem com a necessidade de controlo do défice, manifestava a intenção de suspender as novas concessões rodoviárias, o Presidente da Câmara Municipal de S. João da Madeira, o mesmo Dr. Castro Almeida, vem dizer que não pode ser, que é “reprovável” que não avance a ligação entre Santa Maria da Feira e Arouca, incluída na chamada Concessão Vouga. Mais: agora o Vice-presidente da Junta Metropolitana do Porto até diz que “esta estrada de ligação de Arouca ao litoral tem de ser feita para corrigir uma tremenda injustiça que Arouca está a sofrer há mais de um século e é fundamental para a coesão da Área Metropolitana do Porto”. Mas quem é esse Vice-Presidente da Junta Metropolitana do Porto? Pois bem, o mesmo Dr. Castro Almeida!
Dirão alguns que esta minha análise será exagerada e que o Vice-Presidente do PSD defendeu a selectividade do investimento público e que, por isso, na qualidade de Presidente da Câmara e de Vice da Junta Metropolitana tem legitimidade para defender as escolas em S. João da Madeira e a ligação a Arouca. O problema é que os autarcas de Viseu, de Bragança, Algarve, Portalegre ou Madeira dizem precisamente o mesmo: acabe-se com o investimento público excepto naquela regiões. Nas suas regiões é que o investimento público é necessário, as escolas são precisas e as ligações rodoviárias imprescindíveis.
Imaginem um ambientalista que é, ao mesmo tempo, carpinteiro. Umas vezes manifesta-se contra o abate das árvores, outras vezes diz que precisa de as abater para alimentar a sua própria actividade. É mais ou menos isto que está em causa! A credibilidade da defesa de duas coisas ao mesmo tempo que, na prática, são simultaneamente indefensáveis! Só mesmo sendo também ao mesmo tempo um grande ginasta!
Artigo publicado no Jornal Labor de 25/02/2010
Na vida política, por exemplo, isso é bastante frequente em pessoas que ocupam diferentes cargos. Funcionar em dois ou mais registos obriga, muitas vezes, a tomadas de posição no exercício de um dos cargos que chocam com as tomadas de posição no exercício do(s) outro(s) cargo(s) o que, na verdade, baralha as pessoas que assistem a tudo.
Ora, o Presidente da Câmara Municipal de S. João da Madeira é um desses casos. Por diversas vezes, já o ouvimos defender uma posição enquanto Presidente da autarquia e a defender posições opostas enquanto vice-presidente da estrutura nacional do PSD, por exemplo.
De facto, um dos aspectos em que mais se sente a diferença entre a política do Governo e a do PSD prende-se com a opção pelo investimento público como estratégia de resposta à crise e de dinamização da economia. Enquanto que o Governo tomou medidas nesse sentido, o PSD sempre se opôs a essa caminho, incluindo, naturalmente, o seu Vice-Presidente Dr. Castro Almeida. Ora, aqui em S. João da Madeira, nunca ouvi o Presidente da Câmara, o mesmo Dr. Castro Almeida, a opor-se, por exemplo, à requalificação da Escola Oliveira Júnior ou à construção da nova escola que substituirá a Secundária João da Silva Correia. Pelo contrário, tem defendido, e bem, esse investimento público.
Vejamos um outro exemplo! Todos se recordarão do ataque desenfreado que o PSD nacional desferiu à construção de novas auto-estradas, incluindo o seu Vice-Presidente Dr. Castro Almeida. No entanto, quando o Governo apresentou a proposta de Orçamento do Estado para 2010 em que, por razões que se prendem com a necessidade de controlo do défice, manifestava a intenção de suspender as novas concessões rodoviárias, o Presidente da Câmara Municipal de S. João da Madeira, o mesmo Dr. Castro Almeida, vem dizer que não pode ser, que é “reprovável” que não avance a ligação entre Santa Maria da Feira e Arouca, incluída na chamada Concessão Vouga. Mais: agora o Vice-presidente da Junta Metropolitana do Porto até diz que “esta estrada de ligação de Arouca ao litoral tem de ser feita para corrigir uma tremenda injustiça que Arouca está a sofrer há mais de um século e é fundamental para a coesão da Área Metropolitana do Porto”. Mas quem é esse Vice-Presidente da Junta Metropolitana do Porto? Pois bem, o mesmo Dr. Castro Almeida!
Dirão alguns que esta minha análise será exagerada e que o Vice-Presidente do PSD defendeu a selectividade do investimento público e que, por isso, na qualidade de Presidente da Câmara e de Vice da Junta Metropolitana tem legitimidade para defender as escolas em S. João da Madeira e a ligação a Arouca. O problema é que os autarcas de Viseu, de Bragança, Algarve, Portalegre ou Madeira dizem precisamente o mesmo: acabe-se com o investimento público excepto naquela regiões. Nas suas regiões é que o investimento público é necessário, as escolas são precisas e as ligações rodoviárias imprescindíveis.
Imaginem um ambientalista que é, ao mesmo tempo, carpinteiro. Umas vezes manifesta-se contra o abate das árvores, outras vezes diz que precisa de as abater para alimentar a sua própria actividade. É mais ou menos isto que está em causa! A credibilidade da defesa de duas coisas ao mesmo tempo que, na prática, são simultaneamente indefensáveis! Só mesmo sendo também ao mesmo tempo um grande ginasta!
Artigo publicado no Jornal Labor de 25/02/2010
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