25 março 2010

Entre_linhas 82 (25mar2010)

Fui convidado para moderar uma mini- - conferência inserida na candidatura da Escola Secundária Serafim Leite ao projecto «Twist - A tua energia faz a diferença». Trata-se de um projecto (www.twist.edp.pt) promovido pela EDP que tem como principal objectivo a sensibilização de toda a comunidade educativa para a necessidade de uma utilização mais racional da energia e para os crescentes problemas resultantes das alterações climáticas. Ora, na Serafim Leite, a acção é dinamizada por um grupo de alunas orientadas por uma professora de Matemática (Cecília Santos). Os oradores foram um ex-aluno da escola (Francisco Ribeiro), que exerce engenharia numa empresa ligada às Energias Renováveis e um representante da ADENE (Agência para a Energia), Bruno Pimenta, especialista em Eficiência Energética. Embora os contributos destes dois especialistas tenham sido, obviamente, bastante relevantes e interessantes, gostaria de aqui sublinhar o trabalho que foi apresentado na primeira parte da sessão, pelas próprias alunas, acerca de toda esta problemática. Foi verdadeiramente enriquecedor ouvir daquelas jovens alguns conselhos práticos e alertas reais, recheados de informação decorrente do esforço que certamente tiveram na fase de pesquisa e de organização dos trabalhos prévios. Como referi a semana passada, o Governo apresentou ao país, recentemente, o Plano Novas Energias 2020. No entanto, se os portugueses não estiverem conscientes do seu próprio papel em matéria de eficiência energética e de combate aos prejuízos decorrentes das alterações climáticas, ficaremos muito aquém do que se pretende e do que seria desejável. O contributo daquelas jovens estudantes foi, portanto, um excelente exemplo de cidadania.

Decorreu no passado dia 20 de Março a acção “Limpar Portugal”. Envolveu cerca de 100 mil pessoas, entre as quais o próprio Presidente da República, a Ministra do Ambiente e vários autarcas. Até o Exército disponibilizou meios operacionais. Tratou-se, pois, de uma operação cujo impacto imediato se traduziu na recolha de mais de 50 toneladas de lixo espalhado por esse país fora. De facto, esta iniciativa teve imensos aspectos relevantes. Surgiu de uma ideia lançada pela sociedade civil, foi crescendo em termos de mobilização de voluntários, teve visibilidade pública e até política e, de facto, constituiu, acima de tudo, um alerta para aquilo que vai acontecendo nos nossos concelhos em termos de poluição. Eu acredito na propagação deste tipo de mensagem, que surgem espontaneamente das próprias pessoas. São muitas vezes mais eficazes do que campanhas de marketing profissionais mas que, frequentemente, passam despercebidas aos cidadãos que já vivem no meio do ruído da publicidade. Espero, sinceramente, que este «Limpar Portugal» tenha resultado também num claro «Acordar Portugal»!

Por falar em questões ambientais, a semana passada, ‘O Regional’ noticiava nova descarga ilegal no rio Ul. Trata-se de uma atitude inaceitável e que, nos dias de hoje, não deviria continuar a ocorrer, tanto mais que a zona que é atravessada pelo Rio, agora de cara lavada, deveria merecer de todos nós todo o cuidado de preservação. Enquanto uns “Limpam Portugal”, outros… nem por isso!