05 novembro 2010

Entre_linhas 103 (4novembro2010)

Há coisas que vão perdurando no tempo até fazerem parte da paisagem. Quando isso acontece, as pessoas já nem reparam na sua existência, para o bem e para o mal. Por exemplo, a 50 metros da escola EB1 das Fontainhas, onde eu há muitos anos tive a extraordinária D. Dulce como professora, existe um contentor abandonado que servia, provavelmente, como stand de vendas dos apartamentos de um prédio qualquer ali da zona. O que é certo é que aquele “elemento” está ali há imenso tempo, todo degradado, dando mau aspecto a todo aquele espaço já por si um bocado mal tratado e desprezado. Num outro local não muito longe dali, na Avenida Arantes e Oliveira, quase em frente às piscinas, outro contentor, também abandonado, todo destruído e que também deveria ter servido de stand de vendas de uma qualquer imobiliária, “embeleza” aquela zona de passagem para muita gente. A verificar pela amostra neste raio de 200 metros, provavelmente pela cidade estarão espalhadas mais coisas destas, dando uma imagem de desleixo que não condiz com aquilo que queremos para a nossa terra. As grandes cidades, mesmo que pequenas na sua dimensão, avaliam--se também pelos pormenores, pelas tiradas de bom gosto, pelos recantos e pela harmonia. E todos queremos que a nossa terra seja uma grande cidade!

Umas mais credíveis que outras, são inúmeras as personalidades que têm assento nos vários programas televisivos dedicados ao comentário político. Principalmente nos casos em que não existe contraditório, quem ouve deve ter especial atenção às coisas que são ditas, mesmo aquelas que aparentam uma firme convicção de quem as profere! Esta semana ouvi um bocadinho Marques Mendes na TVI e fiquei impressionado com a falta de rigor que ele imprime nos seus comentários. Só não sei se ele é mesmo assim (pouco rigoroso) ou se faz de propósito para que os seus comentários fiquem mais floridos. Pois bem, a propósito do ranking da percepção da Corrupção recentemente publicado, dizia Marques Mendes que Portugal estava 35.º lugar e que, no contexto da União Europeia (UE27), só quatro países estavam atrás de nós. Ora isto é falso! Segundo o 2010 Corruption Perceptions Index publicado no passado dia 26 de Outubro pela organização Transparency International, numa lista de 178 países, Portugal apresenta-se na 32.ª posição (e não na 35ª), o que representa, aliás, uma subida de 3 posições em relação à edição publicada em 2009. Já no contexto da UE27, Portugal registou a 4.ª maior subida entre os 27, apresentando-se este ano na 16.ª posição na lista dos 27 Estados-Membros (e não na 23.ª como sugere Marques Mendes). Refira-se ainda que a percepção da corrupção em Portugal foi este ano avaliada com seis valores (numa escala de 0 a 10, sendo 10 o melhor resultado possível), um valor duas décimas acima do valor registado o ano passado. Isto quer dizer que a percepção da corrupção em Portugal, em relação ao ano passado, diminuiu. Estes episódios confirmam que, às vezes, confirmemos certas afirmações que nos entram pelos ouvidos adentro. Caso não acredite naquilo que estou para aqui a dizer, está também no seu direito e, por isso confira em
http://www.transparency.org

O Governo e o PSD chegaram a acordo relativamente às condições necessárias, de ambas as partes, à viabilização do Orçamento do Estado para 2011. Todos sabemos que este orçamento não seria aquele que o PSD apresentaria mas também não é menos verdade que este não é igualmente o orçamento que o Governo gostaria de apresentar aos portugueses. Contudo, as dificuldades dos tempos actuais exigem medidas duras e corajosas! Foi, portanto, muito positivo para o país este entendimento.

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