Viajantes no tempo!
"Imagine um grupo de viajantes no tempo, entre os quais um grupo de médicos cirurgiões e um grupo de professores, que chegassem do século passado, para ver como as coisas se passam nos nossos dias. Imagine o espanto dos cirurgiões quando entrassem numa sala de operações de um hospital moderno!
Os cirurgiões do século XIX não conseguiriam perceber o que aqueles fulanos, vestidos de maneira tão esquisita, estavam a fazer. Embora compreendendo que estava a decorrer uma operação cirúrgica qualquer, muito provavelmente seriam incapazes de identificá-la. Os rituais de anti-sepsia, a aplicação de anestésicos, os bips dos aparelhos electrónicos e até a intensa luminosidade ser-lhe-iam completamente desconhecidos. Certamente sentir-se-iam incapazes de dar uma ajuda.
Quão diferente seria, no entanto, a reacção dos professores viajantes no tempo ao entrarem numa moderna sala de aulas! Talvez se sentissem intrigados pela existência de alguns objectos mais estranhos, pelos estilos de vestuário e de corte de cabelo, mas perceberiam perfeitamente a maior parte do que se estava a passar e poderiam mesmo, num abrir e fechar de olhos, tomar conta da turma. Naturalmente discutiriam entre si se as mudanças observadas foram para melhor ou para pior".
Seymour Papert, A Família em Rede (1996)
Esta história, criada por Seymour Papert em 1996, deixará de ser verdadeira para a realidade portuguesa já nos próximos meses. De facto, o Plano Tecnológico da Educação (PTE), que já se encontra em marcha, vem mudar completamente o panorama tecnológico das nossas escolas, sendo objectivo central colocar Portugal entre os cinco países europeus mais avançados em matéria de modernização tecnológica das escolas até 2010.
Modernizar as escolas não é só apetrechá-las com computadores, se bem que o rácio “alunos por computador” não deixe de ser importante. A este nível, pretende-se que Portugal atinja a meta de 2 alunos por PC com ligação à Internet (muito diferente dos actuais 12,8), ligação esta com uma velocidade superior a 48Mbps e disponível em todas as salas de aula e em todos os espaços escolares. Mas dizia eu que não basta melhorarmos o rácio. De facto, o importante é que as tecnologias passem a ser integradas nas práticas pedagógicas diárias, dentro da sala de aula. E por isso é que o PTE, para além de 110 mil computadores, contempla equipamentos auxiliares como os quadros interactivos, as impressoras e os videoprojectores, sem ignorar as componentes absolutamente decisivas em termos dos conteúdos (via Portal da Escola) e da formação dos professores em Tecnologias da Informação e Comunicação.
Não há registo de uma medida tomada em Portugal que possa ter um impacto tão grande na melhoria efectiva das condições pedagógicas das nossas escolas. É um investimento que ronda os 400 milhões de euros e que fará com que não mais possa ser usado o argumento de falta de meios para justificar a não utilização das tecnologia nas rotinas do processo ensino/aprendizagem nas nossas escolas, dentro das salas de aula. Por outro lado, não nos esqueçamos que hoje, através do programa e-escola, há mais alunos dos Ensinos Básico e Secundário que têm o seu próprio computador. Não nos esqueçamos também que muito recentemente, através do anúncio do programa e-escolinha, ficámos a saber que 500 mil crianças do 1º ao 4º anos de escolaridade, vão ter acesso ao Magalhães, o computador português.
Seymour Papert, um dos teóricos mais conhecidos no que toca ao uso de computadores na educação, matemático, educador e criador da linguagem de programação Logo, terá, pelo menos para o caso português, que alterar a sua história, já que os professores do século XIX não conseguiriam, de forma alguma, tomar conta de uma turma que se senta numa das nossas novas salas de aula. O desafio é que os professores do século XX o façam, já que os alunos, esses, estão prontos e disponíveis para aprender através da tecnologia!
Artigo publicado no Jornal Labor e Acção Socialista.
Os cirurgiões do século XIX não conseguiriam perceber o que aqueles fulanos, vestidos de maneira tão esquisita, estavam a fazer. Embora compreendendo que estava a decorrer uma operação cirúrgica qualquer, muito provavelmente seriam incapazes de identificá-la. Os rituais de anti-sepsia, a aplicação de anestésicos, os bips dos aparelhos electrónicos e até a intensa luminosidade ser-lhe-iam completamente desconhecidos. Certamente sentir-se-iam incapazes de dar uma ajuda.
Quão diferente seria, no entanto, a reacção dos professores viajantes no tempo ao entrarem numa moderna sala de aulas! Talvez se sentissem intrigados pela existência de alguns objectos mais estranhos, pelos estilos de vestuário e de corte de cabelo, mas perceberiam perfeitamente a maior parte do que se estava a passar e poderiam mesmo, num abrir e fechar de olhos, tomar conta da turma. Naturalmente discutiriam entre si se as mudanças observadas foram para melhor ou para pior".
Seymour Papert, A Família em Rede (1996)
Esta história, criada por Seymour Papert em 1996, deixará de ser verdadeira para a realidade portuguesa já nos próximos meses. De facto, o Plano Tecnológico da Educação (PTE), que já se encontra em marcha, vem mudar completamente o panorama tecnológico das nossas escolas, sendo objectivo central colocar Portugal entre os cinco países europeus mais avançados em matéria de modernização tecnológica das escolas até 2010.
Modernizar as escolas não é só apetrechá-las com computadores, se bem que o rácio “alunos por computador” não deixe de ser importante. A este nível, pretende-se que Portugal atinja a meta de 2 alunos por PC com ligação à Internet (muito diferente dos actuais 12,8), ligação esta com uma velocidade superior a 48Mbps e disponível em todas as salas de aula e em todos os espaços escolares. Mas dizia eu que não basta melhorarmos o rácio. De facto, o importante é que as tecnologias passem a ser integradas nas práticas pedagógicas diárias, dentro da sala de aula. E por isso é que o PTE, para além de 110 mil computadores, contempla equipamentos auxiliares como os quadros interactivos, as impressoras e os videoprojectores, sem ignorar as componentes absolutamente decisivas em termos dos conteúdos (via Portal da Escola) e da formação dos professores em Tecnologias da Informação e Comunicação.
Não há registo de uma medida tomada em Portugal que possa ter um impacto tão grande na melhoria efectiva das condições pedagógicas das nossas escolas. É um investimento que ronda os 400 milhões de euros e que fará com que não mais possa ser usado o argumento de falta de meios para justificar a não utilização das tecnologia nas rotinas do processo ensino/aprendizagem nas nossas escolas, dentro das salas de aula. Por outro lado, não nos esqueçamos que hoje, através do programa e-escola, há mais alunos dos Ensinos Básico e Secundário que têm o seu próprio computador. Não nos esqueçamos também que muito recentemente, através do anúncio do programa e-escolinha, ficámos a saber que 500 mil crianças do 1º ao 4º anos de escolaridade, vão ter acesso ao Magalhães, o computador português.
Seymour Papert, um dos teóricos mais conhecidos no que toca ao uso de computadores na educação, matemático, educador e criador da linguagem de programação Logo, terá, pelo menos para o caso português, que alterar a sua história, já que os professores do século XIX não conseguiriam, de forma alguma, tomar conta de uma turma que se senta numa das nossas novas salas de aula. O desafio é que os professores do século XX o façam, já que os alunos, esses, estão prontos e disponíveis para aprender através da tecnologia!
Artigo publicado no Jornal Labor e Acção Socialista.
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