Eu não conto para a estatística!
Foram publicados no passado dia 23 de Outubro os mais recentes dados estatísticos sobre penetração de Banda Larga. Desta feita foi a informação da OCDE reportada ao 2º trimestre 2008.
Pela análise crua dos resultados, Portugal aparece em 26º lugar (na lista dos 30 países que integram a OCDE) com uma taxa de penetração de Banda Larga que se situa nos 14,82%. A média da OCDE é 21,26%.
Aparentemente, trata-se de um desempenho que fica aquém das expectativas, tanto mais que são conhecidas as prioridades assumidas pelo Governo em matérias como esta. No entanto, há mais história para além destes 14,82%, sem a qual não é possível tirar uma fotografia que seja fiel à situação real e actual do país em termos de penetração de Banda Larga.
De facto, o número da OCDE apenas se reporta às ligações fixas à Internet em Banda Larga (basicamente ADSL e Cabo), desprezando todas as ligações móveis. Isto até poderá ser insignificante para alguns países, é verdade. No entanto, sendo Portugal o 2º país da Europa com a 2ª maior penetração 3G (Internet móvel), sendo o nº de clientes de BL móvel em Portugal superior ao nº de clientes de BL fixa, não me parece razoável, sério nem sensato ignorar tal dimensão da questão. Era como se para a contabilização dos desempregados ignorássemos as mulheres ou para a contagem dos telemóveis existentes em Portugal não contássemos a marca Nokia. Não faria sentido, seria redutor e daria um retrato irreal da situação do país nesses dois domínios.
Em termos muito objectivos, na verdade, estão fora das contagens da OCDE, por exemplo, as 300 mil ligações à Internet através da tecnologia móvel já contratadas no âmbito do projecto e-escola (num universo de 750 mil). Estão fora das contas da OCDE todas as ligações móveis à Internet por intermédio de placas PCMCIA, USB ou modem 3G. Ora, não contam para as estatísticas da OCDE quase 2 milhões de acessos à Internet em Banda Larga móvel existentes em Portugal. Parece-me inaceitável! Para percebermos melhor a dimensão do problema estatístico, a ANACOM, para o mesmo período (2º trimestre 2008), para além dos mesmos 14,8 clientes BL fixa por 100 habitantes reportados pela OCDE, reporta ainda 18% de clientes de BL móvel! É disto que estamos a falar!
Para tecermos considerações acerca do desempenho de Portugal em matérias de BL temos, pois, que ir muito mais além do que considerar a mera estatística dos acessos fixos. Num estudo realizado por uma entidade americana – Phoenix Center – em Maio de 2008, precisamente tendo como informação de base a estatística dos acessos fixos à Internet da OCDE, concluiu que Portugal é o 3º país da OCDE mais eficiente na promoção da Banda Larga, apenas classificado atrás da Islândia e da Bélgica. Um outro estudo realizado em Julho de 2008 pela Ericsson Consumer Lab coloca Portugal no topo da lista dos países analisado em termos de adopção de Banda Larga móvel, e a publicação Informa telecoms & media sustentava, em Março de 2008, a tese de que Portugal está 1 ano à frente dos maiores países europeus na Banda Larga móvel.
Pessoalmente, mais desolado fico ao ver os números da OCDE ao tomar consciência que eu próprio não conto para as estatísticas, pelo facto de aceder à Internet no meu portátil através do telemóvel que me serve de modem 3G! Fica aqui, portanto, o meu mais vigoroso protesto pessoal!
Artigo publicado no Jornal Labor.
Pela análise crua dos resultados, Portugal aparece em 26º lugar (na lista dos 30 países que integram a OCDE) com uma taxa de penetração de Banda Larga que se situa nos 14,82%. A média da OCDE é 21,26%.
Aparentemente, trata-se de um desempenho que fica aquém das expectativas, tanto mais que são conhecidas as prioridades assumidas pelo Governo em matérias como esta. No entanto, há mais história para além destes 14,82%, sem a qual não é possível tirar uma fotografia que seja fiel à situação real e actual do país em termos de penetração de Banda Larga.
De facto, o número da OCDE apenas se reporta às ligações fixas à Internet em Banda Larga (basicamente ADSL e Cabo), desprezando todas as ligações móveis. Isto até poderá ser insignificante para alguns países, é verdade. No entanto, sendo Portugal o 2º país da Europa com a 2ª maior penetração 3G (Internet móvel), sendo o nº de clientes de BL móvel em Portugal superior ao nº de clientes de BL fixa, não me parece razoável, sério nem sensato ignorar tal dimensão da questão. Era como se para a contabilização dos desempregados ignorássemos as mulheres ou para a contagem dos telemóveis existentes em Portugal não contássemos a marca Nokia. Não faria sentido, seria redutor e daria um retrato irreal da situação do país nesses dois domínios.
Em termos muito objectivos, na verdade, estão fora das contagens da OCDE, por exemplo, as 300 mil ligações à Internet através da tecnologia móvel já contratadas no âmbito do projecto e-escola (num universo de 750 mil). Estão fora das contas da OCDE todas as ligações móveis à Internet por intermédio de placas PCMCIA, USB ou modem 3G. Ora, não contam para as estatísticas da OCDE quase 2 milhões de acessos à Internet em Banda Larga móvel existentes em Portugal. Parece-me inaceitável! Para percebermos melhor a dimensão do problema estatístico, a ANACOM, para o mesmo período (2º trimestre 2008), para além dos mesmos 14,8 clientes BL fixa por 100 habitantes reportados pela OCDE, reporta ainda 18% de clientes de BL móvel! É disto que estamos a falar!
Para tecermos considerações acerca do desempenho de Portugal em matérias de BL temos, pois, que ir muito mais além do que considerar a mera estatística dos acessos fixos. Num estudo realizado por uma entidade americana – Phoenix Center – em Maio de 2008, precisamente tendo como informação de base a estatística dos acessos fixos à Internet da OCDE, concluiu que Portugal é o 3º país da OCDE mais eficiente na promoção da Banda Larga, apenas classificado atrás da Islândia e da Bélgica. Um outro estudo realizado em Julho de 2008 pela Ericsson Consumer Lab coloca Portugal no topo da lista dos países analisado em termos de adopção de Banda Larga móvel, e a publicação Informa telecoms & media sustentava, em Março de 2008, a tese de que Portugal está 1 ano à frente dos maiores países europeus na Banda Larga móvel.
Pessoalmente, mais desolado fico ao ver os números da OCDE ao tomar consciência que eu próprio não conto para as estatísticas, pelo facto de aceder à Internet no meu portátil através do telemóvel que me serve de modem 3G! Fica aqui, portanto, o meu mais vigoroso protesto pessoal!
Artigo publicado no Jornal Labor.
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