30 dezembro 2010

Entre_linhas 110 (30Dezembro2010)

“Enquanto outros observam a estratégia de emissões zero, em Portugal, espero que sintam orgulho em liderar esse caminho; o compromisso de Portugal com o progresso ambiental é aquele que todos fariam bem em seguir.” Quem proferiu estas afirmações foi o Vice-Presidente da Nissan, empresa que escolheu Portugal como o primeiro país europeu a receber as suas primeiras viaturas movidas a electricidade. Estive na cerimónia, realizada a semana passada em Lisboa e pude constatar em directo e sem distorções, a importância de tal escolha. Claro que mesmo apesar dos benefícios fiscais assegurados pelo Governo em sede de Orçamento do Estado, os preços das viaturas ainda não estão ao nível dos ditos “normais” mas, nestas coisas, isto foi sempre assim! Todos se lembrarão dos preços dos primeiros computadores ou dos primeiros telemóveis, preços esses que atingiam valores que impediam a sua generalização num curto espaço de tempo. Veja-se o que acontece hoje em dia! Passados estes poucos anos, o impacto que os telemóveis e os computadores tiveram na nossa sociedade está à vista de todos. É natural que, portanto, só daqui a uns anos é que os mais desconfiados se venham a aperceber da importância deste momento histórico para o país, para a Europa e para o Mundo que foi a chegada dos primeiros carros eléctricos!

Adivinham-se grandes dificuldades para o ano 2011. Vai ser um ano de restrições para a maioria das famílias portuguesas, decorrentes de uma crise que se abateu por todo o mundo, à margem da qual Portugal não conseguiu passar. Vai ser um ano em que o sentimento de esperança faz mais sentido do que nunca, porque é da esperança que surgem as forças para ultrapassarmos momentos de difíceis. Numa altura em que o nível de desemprego assume níveis históricos e as empresas enfrentam desafios decisivos para a sua própria sobrevivência, torna-se particularmente importante o papel do Estado como garante do acesso a apoios, serviços e soluções que nos permitam manter níveis de coesão social compatíveis com um país como o nosso. Claro que muitos aproveitam esta oportunidade para desferir os maiores ataques ao Estado. Com o argumento de que foi o Estado o responsável pela situação que vivemos, os defensores de teses neoliberais vão defendendo a privatização de sectores como a Saúde e a Educação. Nada mais errado! Porque foi precisamente o Estado que conseguiu fazer com que esta crise assumisse proporções ainda mais dramáticas para a nossa vida colectiva. Independentemente de estarmos todos conscientes da necessidade de repensar a organização e a eficiência do próprio Estado em determinados aspectos, não nos podemos deixar enganar por aqueles que, sorrateiramente, nos vão tentando vender a ideia de que isto vai lá com menos Estado. E é por isso que as eleições presidenciais marcadas já para o primeiro mês de 2011 são tão importantes! Independentemente do mérito dos demais candidatos, parece-me óbvio que a luta estará entre Cavaco e Alegre que representam, precisamente, duas visões distintas de sociedade e do papel do Estado. Agora é só escolher! E em democracia está sempre tudo em aberto! Felizmente!

Neste último Entre_linhas de 2010 não podia deixar de agradecer a todos aqueles que me acompanham neste espaço de opinião, em particular aos que me fazem chegar as suas críticas e sugestões. Gostaria de deixar a todos os leitores d’ O Regional e a todos os sanjoanenses os votos de um extraordinário 2011, cheio de sucessos pessoais e profissionais. E de esperança!

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