22 janeiro 2011

Entre_linhas 112 (20janeiro2011)

A campanha para as presidenciais do próximo dia 23 de Janeiro está já na recta final. Provavelmente a maioria dos portugueses já terá decidido o seu sentido de voto, tanto mais que, apesar de existirem seis candidatos, se formos por exclusão de partes, as opções até não são muitas. O que está em causa são dois projectos completamente distintos de sociedade. De um lado Cavaco Silva, apoiado pela direita com tudo o que isso representa, e do outro os restantes candidatos, os que se apresentam como alternativa. Do meu ponto de vista, Manuel Alegre é, inquestionavelmente, aquele que poderá constituir, de facto, uma verdadeira alternativa. Quer queiramos quer não, Alegre é o candidato que menos dúvidas deixa em relação ao seu pensamento sobre o país e o seu passado de luta pela liberdade, pela justiça, pelos valores humanistas e pela igualdade são a prova disso mesmo. Por outro lado, reparem que o principal argumento apresentado por Cavaco e pelos seus apoiantes reside na experiência do candidato que tanta falta poderá fazer no exercício do cargo. Mas se o nosso país está na situação que conhecemos, também terão certamente contribuído algumas das opções tomadas no passado. Cavaco foi 2 anos Ministro das Finanças, foi 10 anos prmeiro-ministro e 5 anos Presidente da República. Não pode dizer-se, portanto, que Cavaco não tem nada que ver com o que somos hoje, como país! E é por isso, por sabermos exactamente o que os dois candidatos, Cavaco e Alegre, simbolizam e quais os valores e ideais que representam, que digo que a escolha é mais fácil do que se possa imaginar. Eu, alegremente, já escolhi!

A propósito de presidenciais, esta campanha proporcionou um cenário político interessante. As estruturas locais do Partido Socialista e do Bloco de Esquerda apoiaram, conjuntamente, o mesmo candidato. Estiveram lado a lado na inauguração da sede de candidatura e em algumas acções comuns de campanha. Por se tratar de um facto inédito, julgo ser importante registá-lo aqui e agora.

Saber ouvir é uma característica muito importante que quem exerce cargos políticos deve ter. Só ouvindo aqueles que representa, é que um eleito consegue tomar as melhores decisões no sentido de ir ao encontro das ambições dos eleitores, das populações. Mas para aplicarmos essa sabedoria, temos, antes de mais nada, que querer ouvir e, isso, nem sempre acontece. Por exemplo, em S. João da Madeira, apesar da obrigatoriedade legal de constituição até Agosto de 2009, a Câmara nunca activou oo Conselho Municipal de Juventude (CMJ), um órgão consultivo que deverá ser composto por representantes de associações de estudantes, associações de jovens e estruturas partidárias. Alessandro Azevedo, líder da JS local, voltou esta semana a denunciar a questão, enquanto que a JSD apoia a câmara quando esta argumenta que a lei deveria ser revista, devido a suspeitas de inconstitucionalidade levantadas pela Associação Nacional de Municípios Portugueses. O que é certo é que em S. João da Madeira o CMJ não existe e os jovens não são ouvidos, ao contrário do que vai acontecendo noutros concelhos. Neste caso, parece-me evidente que não estará tanto em causa o “saber ouvir” mas antes e, acima de tudo, o “querer ouvir”. E isso, parece-me evidente!

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