10 setembro 2011

Entre_linhas 135 (8setembro2011)

No passado dia 16 de Julho fui comer uma francesinha. Parece um episódio normal mas acabou por não ser. Isto porque no mesmo dia coloquei um post no meu facebook dando conta desse meu “pecado”, o que acabou por originar uma longa e interessante conversa entre vários amigos sobre o tema. Um desses amigos, com quem vinha mantendo conversas “virtuais” há já algum tempo, umas públicas e outras privadas, com a sabedoria, simplicidade e elevação com que tratava qualquer tema, alimentou a conversa durante algum tempo, brindando todos os que nela participavam com autênticas lições de história. Contava ele que a “história da Francesinha é facilmente reconstituída, pois trata-se de um fenómeno gastronómico recente. Tem umas décadas apenas. Nasceu nos Anos 60. Um antigo emigrante português em França, Daniel Silva, foi o seu inventor, que se inspirou na tosta francesa, ou “croque-monsieur”. Quando regressou ao Porto abriu, na Rua do Bonjardim, Nº 87, perto do Café Brasileira, o restaurante A REGALERA, onde tinha o seu laboratório de Francesinhas e hoje é cartão de visita da cidade do Porto.” Não reproduziria esta história aqui neste espaço se quem me contou não fosse tão especial. Era tão especial, que fiquei chocado quando, a 14 de Agosto, vi aparecer o post também no Facebook colocado pela sua esposa, Cristina Bastos, dando conta do seu desaparecimento. Este meu amigo era o José Manuel Bastos, um homem bom, generoso, sensível e culto. Uma grande perda para S. João da Madeira e, em especial, para quem o conheceu pessoalmente. O seu desaparecimento tão repentino, nem me deu tempo para lhe pagar uma francesinha em Canelas, uma das suas preferidas. Outra injustiça! Mas a vida é assim mesmo!

Uma das medidas que decorrem do memorando da troika vai no sentido do encerramento de empresas municipais, empresas essas que proliferaram por este país fora ao longo dos últimos anos. Em S. João da Madeira temos duas que, segundo o Presidente da Câmara, “têm a sua situação financeira equilibrada”. A questão é que a lógica empresarial aponta sempre para a obtenção de lucros, ainda por cima, com uma grande parte do capital da empresa entregue a privados, como acontece no caso das “Águas de S. João”. Isto quer dizer que, por exemplo, para que esta mesma empresa se mantenha rentável, o ajustamento dos preços da água terá que ser permanente. E é precisamente por este tipo de argumentos que, do meu ponto de vista, bens públicos como são a água deverão sempre estar nas mãos do Estado e na esfera pública. A criação de empresas municipais e a sua posterior privatização, nem que parcial, é um erro e o tempo acabará por dar razão a quem pensa como eu.

Quem passa no IC2 na zona do Parrinho, depara-se com as obras de acesso à A32. Quem por lá passa sente que os trabalhos decorrem a um ritmo acelerado e vai imaginando o benefício gerado para os sanjoanenses quando a obra estiver concluída. Certamente que os autarcas do PSD de outros locais continuam a manifestar-se contra esta obra, assim como os autarcas do PSD da nossa região se manifestam contra as obras deste tipo desenvolvidas noutros concelhos. O que é certo é que este investimento público vem beneficiar as populações de toda esta região, e os seus responsáveis têm nome. Não vale, portanto, a pena contrariar este facto, nem tentar esconder esta realidade. O seu a seu dono!