21 julho 2011

Entre_linhas 133 (21julho2011)

Em Março de 2011 (sim, de 2011), com o PS ainda no Governo, Macário Correia, Presidente da Câmara Municipal de Faro eleito pelo PSD, considerava que as portagens nas SCUT não eram uma medida consciente. Dizia ele que o maior troço da Via Infante foi já pago com fundos europeus, não fazendo sentido portajar uma estrada que vai fazer aumentar o custo dos transportes. Chegou mesmo a equacionar a utilização de uma providência cautelar contra a introdução das portagens no Algarve. De forma surpreendente (ou talvez não), passados 4 meses e já com o seu PSD no governo, Macário Correia vem agora dizer que, afinal, as portagens naquela via que cruza o Algarve são “inevitáveis”. Esta posição apanhou de surpresa todos os autarcas daquela região no sul do país, incluindo os do seu próprio partido. De facto, a mudança de opinião é a coisa mais natural do mundo mas, quando toca a princípios, quando são utilizados argumentos como aqueles que foram usados há 4 meses atrás para defender a posição oposta à que hoje defende sobre o mesmo assunto, confesso que tenho alguma dificuldade em perceber. O que diz Macário Correia é que a situação financeira actual do país justificará esta alteração de posição. No entanto, a argumentação usada há 4 meses atrás era totalmente independente da situação financeira do país, numa altura que o Governo tentava, com medidas como esta, fazer face precisamente à grave situação financeira do país vivida já naquela altura. Julgo que atitudes deste calibre não prestigiam a política. Pelo contrário! O sectarismo levado a este extremo desvalorizam o papel dos políticos e quem exerce cargos políticos. Na política tem que haver o mínimo de decência!

Mas eu falei disto por outra razão, esta sim relacionada com S. João da Madeira e que, já neste mesmo espaço de opinião, há umas semanas atrás, tive a oportunidade de abordar. Tem a ver com o nosso hospital, claro está. Todos somos conhecedores das posições da Câmara Municipal de S. João da Madeira em relação ao Hospital e de tudo o que foi dito nos últimos anos a respeito deste delicado tema. Aliás, na última semana de campanha eleitoral, o candidato do PSD às legislativas (que acabou, aliás, por ser eleito), fez chegar a todas as caixas de correio da nossa terra um folheto que, a certa altura dizia que “com o voto dos sanjoanenses” poderia “continuar a contribuir para que S. João da Madeira tenha mais voz junto do poder central, em questões essenciais como a defesa do nosso hospital”. Pois bem, Paulo Cavaleiro foi eleito deputado, o PSD ganhou as eleições e já governa o país há cerca de um mês. Medidas na área da saúde não são para já conhecidas o que não deixa de ser normal face ao pouco tempo decorrido desde a tomada de posse. No entanto, estou com uma certa curiosidade (e preocupação, não nego) para saber o que é que o Governo vai fazer em relação ao nosso hospital. Seja qual for essa decisão, espero que a Câmara Municipal mantenha a mesma posição de defesa intransigente e inequívoca do nosso hospital e que não faça, efectivamente, a figura triste e vergonhosa que Macário Correia acabou de fazer junto da população que representa. Estou certo que os sanjoanenses acompanharão este tema com interesse e preocupação redobrados! É que são conhecidos alguns dos instintos do primeiro-ministro para a privatização de sectores como a saúde e educação. Esperemos, então, para ver o que para aí vem!

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