23 abril 2009

O sobe e desce!

O World Economic Forum publicou, no passado dia 26 de Março, o Global Information Technology Report 2008-2009, um relatório anual que integra um índice - Networked Readiness Index (NRI) - que se propõe medir o aproveitamento que os países ou regiões do globo fazem dos benefícios das tecnologias de informação e comunicação (TIC).

Como acontece sempre que é publicado um qualquer ranking digno desse nome (ou nem isso), várias notícias foram publicadas sobre o assunto, a maioria das quais centrando-se no posicionamento de Portugal. Mas o curioso de tudo isto são os diferentes registos como as notícias são produzidas sobre o mesmo fenómeno, diferenças essas que deverão gerar muita confusão na cabeça das pessoas. Portugal está, afinal, a melhorar ou a piorar?

Olhando apenas para o ranking final, em relação à edição do ano passado, Portugal desceu duas posições, por ter sido ultrapassado pelos Emiratos Árabes Unidos e pelo Qatar. Portugal está agora na 30ª posição, numa lista de 134 países. No entanto, importa dizer que na edição 2003-2004 éramos o 31º, numa lista de 102 países. Por outro lado, considerando apenas os países da União Europeia, Portugal apresenta-se agora na 14ª posição, a mesma da edição do ano passado. Na edição 2003-2004 éramos o 17º da UE27 e, desde essa altura, ultrapassámos países como a Itália (hoje em 45º lugar), a Espanha (hoje em 34º lugar) ou a Eslovénia (hoje em 31º lugar).

Mas o relatório dá-nos outras informações importantes para além deste posicionamento relativo entre países. Na verdade, o Governo português é considerado o 4º que maior importância atribui às TIC na sua visão de futuro. É certo que na edição anterior fomos o 2º, mas também é verdade que na edição 2006-2007 fomos, neste mesmo indicador, o 7º da lista.

Observando com maior detalhe alguns indicadores concretos, podemos ainda verificar que Portugal é o 9º país com o tempo mais reduzido para se criar uma empresa, é o 9º com o maior nível de disponibilidade de serviços públicos online e é também o 9º na prioridade dada pelo Governo às TIC, tudo isto em áreas que resultam da acção directa do actual Executivo.

Podemos igualmente referir que Portugal, nesta última edição, está no 13.º lugar na capacidade da administração pública em usar as TIC, embora no ano passado estivesse em 12º. No entanto, não devemos esconder que na edição 2006-2007 estávamos na 26ª posição. Por outro lado, em relação à utilização das TIC pela administração pública, Portugal figura no 18º lugar, cinco posições acima da edição do ano anterior e 11 em relação à edição 2006-2007.

Ora, podemos, de facto, ter sido ultrapassados pelos Emiratos Árabes Unidos e pelo Qatar em relação à edição anterior (países que não são propriamente do nosso campeonato). No entanto, o nosso "score" final deste ano (4,63) é superior ao do ano passado (4,60) e ao de há dois anos (4,48), considerando a mesma metodologia. Ou seja, Portugal está a evoluir positivamente, sendo que a acção directa deste Governo em matérias tecnológicas é a grande responsável por esta evolução.

Neste ranking em concreto, para darmos um salto ainda maior precisamos de melhorar a perfomance na preparação para o uso e na utilização efectiva das TIC por parte da população. É algo que há muito se sabe e que há muito teve, aliás, uma resposta do Governo. A melhoria das qualificações dos portugueses através das Novas Oportunidades, projectos como o e-escola e o e-escolinha, o Plano Tecnológico da Educação e a promoção da Banda Larga são apenas algumas dessas respostas que, embora já no terreno, os seus impactos demoram mais tempo a virem ao de cima. Mas, mesmo assim, cuidado! Haverá sempre alguém, em Portugal, a preferir enaltecer a eventual subida de posição da Tanzânia ou, quem sabe, do Bangladesh!

Artigo publicado no Jornal de Negócios de 23 de Abril de 2009.

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