25 março 2011

Entre_linhas 120 (24março2011)

A semana passada, O Regional dava conta dos resultados de um relatório encomendado pela empresa Luís Leal & Filhos S.A. que concluiu que “o grau de incomodidade da empresa atinge um raio de apenas um quilómetro (…) e que os cheiros sentidos no centro da cidade de S. João da Madeira não são provocados por esta empresa”. Ora, a este propósito sabemos desde já várias coisas: em primeiro lugar que o mau cheiro a casqueira vem incomodando a população sanjoanense há largos anos; em segundo lugar, que existem pelo menos duas empresas situadas na mesma zona e que pelo menos uma delas será, alegadamente, responsável pelo mau cheiro, devido à actividade a que se dedicam; em terceiro lugar, que a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) renovou recentemente a licença desta empresa que encomendou o estudo por um período apenas de 18 meses, ao mesmo tempo que impôs um conjunto de condições que a empresas deve colocar em prática num período de três e seis meses para evitar o mau cheiro que assola a cidade. Sabendo isto tudo, e sabendo ainda que a outra empresa do mesmo ramo, Rogério Leal & Filhos SA também rejeita as responsabilidades, estamos perante um grande dilema: de onde virá o mau cheiro que tanto nos incomoda? Será da panela dos meus primos que é usada, de vez em quando, para fazer rojões?

O meu amigo Adé, a semana passada, perguntava quanto custará a manutenção anual de um Gabinete de Apoio à Vítima de Violência Doméstica. Isto a propósito da notícia vinda a público que dava conta da extinção do GAV, obrigando os sanjoanenses que necessitam desse importante serviço a deslocarem-se ao concelho da Feira. Depois o Adé, considerando-se ele próprio um idoso, referia que não se importava de “perder um passeio anual - ou até mesmo os dois - em apoio à continuidade da GAV no nosso concelho” e, portanto, a este propósito, queria dizer a este meu amigo duas coisas! Em primeiro lugar que nada disto é de estranhar! Há muito tempo que vimos a verificar a falta de sensibilidade revelada pelo actual executivo camarário para com o sector social e para com mais fragilizados e vulneráveis. Este é apenas mais um exemplo que, convenhamos, é coerente com aquelas que têm sido as prioridades assumidas pela autarquia. De facto, a política social da nossa Câmara Municipal reduz-se, mesmo, à realização dos passeios dos seniores. Em segundo lugar, quero dizer ao Adé que, mesmo que se considere um idoso, a sua experiência de vida e a sua observação permanente da cidade tem-nos ajudado a reflectir sobre a nossa vida colectiva, sobre os problemas que vamos vivendo e as soluções que poderíamos adoptar para os contrariar. Que assim continue!

A semana passada assisti ao seminário organizado pela CCDRN “EUROPA 2020: O Plano Nacional de Reformas 2020 e os Apoios Comunitários na Região do Norte”, cujo objectivo era promover o debate sobre o “Plano Nacional de Reformas 2020”, que será apresentado em Bruxelas durante o próximo mês de Abril, enquanto contributo de Portugal para a implementação da Estratégia “EUROPA 2020” e a estruturação do próximo ciclo das políticas de coesão e dos fundos comunitários pós-2013. Um dos oradores no painel “Crescimento Sustentável – Energia, Ambiente e Recursos Naturais” foi Castro Almeida, Presidente da Câmara Municipal de S. João da Madeira que acabou por dizer uma coisa que registei. Disse ele que havia um conjunto de autarcas que se estão a organizar no sentido de acabar com a Lei que impõe a limitação de mandatos mas que, ele próprio, estará na linha da frente a defender a manutenção dessa limitação. Concordo! Também defendo a limitação de mandatos em toda a linha, incluindo os dos autarcas. Julgo que é positivo para a democracia!

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