19 maio 2012

Entre_linhas 166 (17maio2012)

Li com toda a atenção a reportagem que ‘O Regional’ produziu a propósito do passeio anual dos idosos realizado a semana passada a Viana do Castelo. Este ano, 20 autocarros transportaram mais de 1000 pessoas, entre as quais se contavam os responsáveis máximos pela nossa Junta de Freguesia e Câmara Municipal, entidades patrocinadoras do evento. Confesso que esta iniciativa me provoca um misto de sentimentos. Por um lado, admito que se trata de uma oportunidade para proporcionar um extraordinário momento de convívio entre sanjoanenses, ao mesmo que tempo que permite que várias pessoas se desloquem, em passeio, para outros pontos do país o que, de outro modo, não lhes seria de todo possível pelos mais variados motivos. Por outro lado, este passeio faz-nos ter ainda mais consciência, até pelos depoimentos recolhidos, da fragilidade da intervenção social levada a cabo pela nossa Câmara, em particular a que é dirigida ao segmento sénior. Este passeio anual é importante para os sanjoanenses, de facto. No entanto, o apoio aos idosos não se pode reduzir a esta iniciativa. Infelizmente é o que tem acontecido o que, convenhamos, é muito pouco.

A Oliva empregou milhares de pessoas e não será exagero dizer que praticamente todas as famílias sanjoanenses estiverem, direta ou indiretamente, ligadas àquela empresa. É, portanto, previsível que muitos sanjoanenses assistam com alguma emoção à reanimação daquele espaço que já foi, em tempos idos, um grande polo de dinamização económica, social e cultural de toda esta região. De facto, já começou a animação na Oliva Creative Factory. Mesmo antes de todo o edifício estar pronto, iniciaram-se esta semana um conjunto de ações imateriais, onde se inclui a residência artística de desenho que reúne três artistas: Paulo Luís Almeida, Robert Clark e o nosso há muito conhecido Victor Costa; bem como a rea­lização de workshops e exposição. Começar a animar aquele espaço, dá-lo a conhecer aos sanjoanenses antes mesmo da sua abertura oficial parece-me uma boa estratégia para que se vá construindo uma certa interatividade e afinidade entre os sanjoanenses e o próprio equipamento. Sustentar aquele equipamento no tempo exigirá criatividade e imaginação o que, aliás, são valores que norteiam aquilo que por lá se vai passar. Espero, sinceramente, que a cidade consiga estar à altura daquilo que foi a história da empresa.

Por ser um tema demasiado importante para o futuro do nosso concelho, volto a ele esta semana, tanto mais que há dados novos. De facto, relativamente à possibilidade da integração de Milheirós de Poiares em S. João da Madeira colocada no seguimento da aprovação de uma moção na Assembleia de Freguesia de Milheirós, ficamos esta semana a saber que o Presidente da Câmara “tem simpatia” pela ideia, embora acabe por reconhecer, como o tinha feito a semana passada o nosso presidente da Junta de Freguesia, que não fará grandes ondas caso a Feira venha a manifestar-se contra. Ora, antes que isto aconteça, embora a Feira já tenha vindo dizer que “está fora de hipótese a alteração dos limites do concelho”, era muito importante que a nossa autarquia promovesse alguns contatos e ações, no sentido de influenciar a posição da Feira, sensibilizando-os para a relevância estratégica que a transferência daquela freguesia para S. João da Madeira teria para todos os territórios envolvidos. Perante esta possibilidade objetiva, ficar de braços cruzados é uma irresponsabilidade. Não fazer nada para que o cenário se concretize, é dar o ouro ao bandido, é não defender os interesses legítimos das pessoas de Milheirós e ignorar os interesses de S. João da Madeira. Espero voltar a este tema nas próximas semanas, desta feita para comentar boas notícias.

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