Situação de emergência social ou pieguice?
Portugal encontra-se numa situação bastante difícil, todos o sabemos. Os sacrifícios pedidos às famílias têm sido uma brutalidade, ultrapassando mesmo aqueles que foram os limites impostos no memorando assinado entre o Governo e a Troika. As dificuldades das empresas são notórias, agravadas pelos obstáculos no acesso ao crédito, impedindo um reforço sustentado de uma estratégia virada para as exportações.
Das estratégias possíveis para darmos a volta à situação, é já evidente para todos que a opção pela austeridade foi a escolhida pelo atual Governo. Para sermos totalmente verdadeiros, ainda não se vislumbraram todos os impactos das medidas que foram sendo tomadas, embora muitos tenham a perceção de que a opção pela austeridade e pela imposição de tantos cortes, embora legítima, não seja a mais adequada. Do meu ponto de vista, temo que este não seja, de facto, o melhor caminho!
Uma das mais graves consequências diretas das políticas que estão a ser seguidas, refere-se ao nível de desemprego que não para de crescer, colocando-se mesmo num patamar que começa a tomar proporções absolutamente dramáticas. Segundo o INE, no quarto trimestre de 2011, a taxa de desemprego disparou para os 14 por cento (771 mil pessoas), face aos 12,1 por cento registados no semestre anterior (675 mil). De registar, com preocupação acrescida, a taxa de desemprego nos jovens que ultrapassa já os 35 por cento (há seis meses atrás era de 27 por cento) e o desemprego nos licenciados que são já 108 mil. Não nos esqueçamos que, para agravar esta história, há cada vez mais desempregados sem acesso a subsídio de desemprego. Em dezembro de 2011, a Segurança Social pagou subsídio a 316 mil pessoas, ou seja, a apenas cerca de 40% dos 771 mil desempregados estimados pelo INE.
O caminho que está a ser traçado é claro. Os resultados começam a ser evidentes e nada animadores. E não é só o nível de desemprego que começa a ultrapassar fasquias verdadeiramente assustadoras. São também as pessoas que mantêm, para já, os seus empregos, que vivem angustiadas com a possibilidade bem real de que a situação lhes bata à porta. E o Governo não ajuda a atenuar este sofrimento. Para além da sua passividade em mostrar estratégias que possam estimular o crescimento económico e dar-nos alguma esperança, é o próprio Governo que, pela voz do Secretário de Estado Adjunto da Economia, Almeida Henriques, vem dizer que, apesar destes números do desemprego serem um “bocadinho acima do que era expectável”, não deixa de ser “natural que nos próximos meses a taxa de desemprego se agrave um pouco mais”. É inquietante este baixar de braços, esta falta de atitude e de determinação no combate a este flagelo que nos coloca perante uma “situação de emergência social”, como referiu recentemente Durão Barroso. E não creio que esteja a ser piegas!
Artigo publicado no Diário de Aveiro de 2 de Março de 2012.
Das estratégias possíveis para darmos a volta à situação, é já evidente para todos que a opção pela austeridade foi a escolhida pelo atual Governo. Para sermos totalmente verdadeiros, ainda não se vislumbraram todos os impactos das medidas que foram sendo tomadas, embora muitos tenham a perceção de que a opção pela austeridade e pela imposição de tantos cortes, embora legítima, não seja a mais adequada. Do meu ponto de vista, temo que este não seja, de facto, o melhor caminho!
Uma das mais graves consequências diretas das políticas que estão a ser seguidas, refere-se ao nível de desemprego que não para de crescer, colocando-se mesmo num patamar que começa a tomar proporções absolutamente dramáticas. Segundo o INE, no quarto trimestre de 2011, a taxa de desemprego disparou para os 14 por cento (771 mil pessoas), face aos 12,1 por cento registados no semestre anterior (675 mil). De registar, com preocupação acrescida, a taxa de desemprego nos jovens que ultrapassa já os 35 por cento (há seis meses atrás era de 27 por cento) e o desemprego nos licenciados que são já 108 mil. Não nos esqueçamos que, para agravar esta história, há cada vez mais desempregados sem acesso a subsídio de desemprego. Em dezembro de 2011, a Segurança Social pagou subsídio a 316 mil pessoas, ou seja, a apenas cerca de 40% dos 771 mil desempregados estimados pelo INE.
O caminho que está a ser traçado é claro. Os resultados começam a ser evidentes e nada animadores. E não é só o nível de desemprego que começa a ultrapassar fasquias verdadeiramente assustadoras. São também as pessoas que mantêm, para já, os seus empregos, que vivem angustiadas com a possibilidade bem real de que a situação lhes bata à porta. E o Governo não ajuda a atenuar este sofrimento. Para além da sua passividade em mostrar estratégias que possam estimular o crescimento económico e dar-nos alguma esperança, é o próprio Governo que, pela voz do Secretário de Estado Adjunto da Economia, Almeida Henriques, vem dizer que, apesar destes números do desemprego serem um “bocadinho acima do que era expectável”, não deixa de ser “natural que nos próximos meses a taxa de desemprego se agrave um pouco mais”. É inquietante este baixar de braços, esta falta de atitude e de determinação no combate a este flagelo que nos coloca perante uma “situação de emergência social”, como referiu recentemente Durão Barroso. E não creio que esteja a ser piegas!
Artigo publicado no Diário de Aveiro de 2 de Março de 2012.
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