19 janeiro 2012

Entre_linhas 151 (19janeiro2012)

Há dias fechou o Arménio, uma das lojas que sempre me habituei a ver abertas na nossa Praça. E este não é um fechar de portas qualquer! É simbólico! Simboliza uma política falhada na dinamização do coração da nossa cidade. De facto, já alguns milhões de euros foram gastos na Praça ao longo dos últimos anos, mas todos esses milhões, na verdade, acabaram por se revelar um desperdício. Nada ou quase nada melhorou! Pelo contrário! Hoje parece consensual que a nossa cidade tem este grande problema que é a desertificação daquele espaço nobre, problema esse que se tem agravado durante a gestão de Castro Almeida. Mas, afinal, o que é que se pode fazer pela Praça? Já se falou em demolir o Parque América, abater o “monumento arquitetónico”, disciplinar a circulação automóvel, encontrar solução para o estacionamento, promover programas inteligentes de animação, instalar serviços públicos, entre outras soluções mais ou menos arrojadas. Na verdade, torna-se necessário envolver vários agentes num debate que se pretende sério, responsável e consequente em torno deste problema que, queiramos ou não, mexe com o nosso mais íntimo orgulho. Não é sério imputar responsabilidades aos senhorios, à PSP, aos comerciantes e quase que “desculpar” a Câmara Municipal por não ter assumido o “comércio como uma prioridade”, como o fez o presidente da Assembleia de Freguesia, eleito pelo PSD, o meu amigo Pedro Neves. Também não é responsável assistirmos à degradação e à desertificação daquele espaço e ficarmos de braços cruzados como parece estar esta Câmara. E não é consequente gastarmos tanto dinheiro em intervenções que nada resolvem por não atacarem a raiz do problema. Muito pode ser feito, de facto! Não estou a pedir que se proclame o comércio como uma prioridade! Estou apenas a pedir que se faça alguma coisa! Eu gostaria de ver os meus filhos crescerem a comprar bolos nos cafés da Praça!

Por falar em sentido de responsabilidade, já aqui fiz referência a um amigo do PSD que consegue, mesmo no processo “Praça”, ilibar a Câmara Municipal de responsabilidades. Curiosamente, na semana passada, em entrevista ao Labor, o líder da bancada do PSD na Assembleia Municipal, Oliveira Bastos, não vislumbra quaisquer aspetos negativos na gestão de Castro Almeida ao longo dos últimos dez anos, o que não deixa de ser estranho. E claro que no jantar de Reis do PSD não se esperaria que se sublinhassem aspetos negativos, até porque nem era um momento propício a tal análise. No entanto, parece-me surpreendente que, no momento em que se assinala o 10.º aniversário da tomada de posse de Castro Almeida, o PSD não tenha a capacidade de reconhecer resultados menos positivos ou soluções menos bem conseguidas. Mostram, aliás, alguma arrogância, típica de quem passa muito tempo no poder com maiorias absolutas, legítimas é certo, mas que acabam por ter este efeito: alguma cegueira e falta de distanciamento para análises desapaixonadas!

Há uns anos atrás, as exportações portugueses mais conhecidas eram coisas do tipo vinho e azeite. Mais recentemente, começámos a exportar tecnologia e outros sectores como o calçado reforçaram o seu peso. Ainda esta semana, a marca sanjoanense Armando Silva andou nas televisões pelos melhores motivos, fruto da sua estratégia vencedora de internacionalização. Ao mesmo tempo, o Primeiro-Ministro e o Ministro da Economia falam da exportação dos pastéis de nata! Sentido de oportunidade precisa-se!

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