05 janeiro 2012

Entre_linhas 149 (5janeiro2012)

A política é feita também de factos simples. No entanto, por vezes, há quem os tente escamotear. Ora vejam lá se não tenho razão:

1. No passado dia 8 de Novembro, uma comitiva do PS local, em que estive integrado, foi recebida numa reunião de trabalho com a direção dos Bombeiros Voluntários de S. João da Madeira.

2. Tratou-se de uma reunião solicitada pelo PS no sentido de discutir os efeitos do incêndio que tinha acontecido na semana anterior na Zona Industrial das Travessas, numa unidade industrial. Pese embora a eficácia com que os nossos bombeiros atacaram o incêndio, o PS pretendeu, acima de tudo e sem grande alarido, perceber se existem no nosso concelho os meios necessários à intervenção neste tipo de acontecimentos.

3. Nessa reunião, foi referido pela direção dos Bombeiros que o custo do material técnico gasto no ataque ao fogo foi estimado em cerca de 6.000€, tratando-se de uma verba significativa, em particular na altura em que vivemos.

4. Por se tratar de uma situação decorrente de um incidente excecional, os vereadores do PS na Câmara apresentaram, na sessão de dia 8 de Novembro, uma proposta que visava, no essencial, a “atribuição de um subsídio extraordinário aos Bombeiros com vista a custear a reposição dos produtos técnicos usados na intervenção da corporação no combate ao incêndio recentemente ocorrido na Zona Industrial das Travessas de S. João da Madeira, num valor aproximado de 6.000€”.

5. A proposta não foi discutida nesta reunião, tendo sido o assunto remetido para a sessão do dia 22 de Novembro. Nesta reunião, a Câmara deliberou, por unanimidade, aprovar a proposta, considerando inscrevê-la no orçamento de 2012.

6. No orçamento de 2012, existem 3 verbas inscritas para subsídios aos Bombeiros: apoio ao funcionamento (93.100€); apoio extraordinário corrente (7.000€) e apoio extraordinário de investimento (12.112€).

7. Questionado o Senhor Presidente da Câmara sobre o assunto, quer na Assembleia Municipal, quer na própria Câmara Municipal, como é já hábito, não houve lugar a uma explicação cabal sobre o destino destas verbas, não se vislumbrando no Orçamento a inscrição clara e transparente da proposta aprovada na Câmara e que havia sido apresentada pelos vereadores da oposição.

Perante estes factos, retiro uma simples conclusão: O senhor Presidente da Câmara, de facto, não trata a oposição com o respeito que é exigido. Mais: neste caso concreto, nem se tratava de oposição a nada, mas antes de uma proposta, que ninguém certamente contestará, de dotar os Bombeiros de uma verba especificamente dirigida a repor o material técnico gasto numa intervenção recente. Sou levado a pensar que o facto de ter sido o PS a apresentar tal proposta levou a que o senhor Presidente usasse todos os meios para tentar esconder isso mesmo: a origem da proposta!

Era disto que eu falava no início deste texto. Embora estejamos perante um facto tão simples como a proposta de subsídio extraordinário aos Bombeiros para um fim específico, há quem o esteja a tentar escamotear! E isso é inaceitável, eticamente reprovável e politicamente pouco transparente! Para não dizer outra coisa!

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