03 novembro 2011

Entre_linhas 142 (3novembro2011)

Estive presente no segundo dia da Mostra Nacional de Curtas-metragens de S. João da Madeira. Trata-se de uma mostra simples, sem grande aparato, mas que merecia uma divulgação mais intensa e eficaz, no sentido de atrair mais público. Independentemente desse aspecto, este segundo dia encheu-me as medidas. Isto porque uma das curtas, com o título “Ossos do Ofício”, era de um jovem sanjoanense, o André Santos que, para mim, é um jovem especial. O André foi meu aluno no seu 7.º, 8.º e 9.º anos e já nessa altura se notava uma queda especial para este tipo de artes cinematográficas. Lembro-me de um trabalho de área escola que ele e o seu grupo realizaram e que consistiu, precisamente, num filme realizado com os meios que miúdos daquela idade têm à sua disposição. Hoje, o André está a desenvolver a sua formação superior nesta área e este foi o seu primeiro trabalho mostrado em público, numa sala “a sério”. Ao meu lado estavam os seus pais, orgulhosos, e o André, na fila de trás, tentava disfarçar algum nervosismo perante este especial acontecimento. Também ele tem a noção que agora é a sério, que agora está na hora de mostrar todo o seu talento, de explorar todos os seus sonhos e de aplicar todo o seu conhecimento e sensibilidade. A escola, mesmo nos níveis mais básicos, tem que permitir que os jovens consigam fazer florescer as suas aptidões porque isso pode ser decisivo para o seu futuro. O André teve essa possibilidade e era evidente o seu entusiasmo por esta nova fase da sua vida! Agora é a valer! E para o primeiro teste, na minha opinião bastante viciada, é certo, acho que correu muito bem. Espero que este seja o primeiro de muitos trabalhos que o levarão a altos níveis de realização. Desejo ao André os maiores sucessos!

Desculpem lá, mas o assunto do Hospital não abranda mesmo. É que esta semana tivemos a notícia de que o laboratório está em vias de encerrar. O que está à vista de todos é verdadeiramente inadmissível. Estamos a assistir a uma morte lenta daquela unidade de saúde, só faltando mesmo a machadada final. Contudo, não vejo a nossa autarquia agitada como esteve no passado, quando o Governo não era da sua cor política. Não vejo o deputado do PSD, oriundo do nosso concelho, a agitar o panfleto distribuído em campanha eleitoral, prometendo a defesa incondicional do hospital. O que eu vejo é, dia após dia, aquela infra-estrutura de saúde a ser desmantelada, com claros prejuízos para a vida dos sanjoanenses e de toda esta região.

Soubemos esta semana que a empresa de construção civil Patrícios S.A. entrou em processo de insolvência. Para além de preocupante uma empresa desta envergadura chegar a esta situação, não nos podemos esquecer que estamos a falar de uma empresa que é responsável por duas obras importantes que estão em curso na nossa cidade, como são a Casa da Criatividade (antigo cinema Imperador) e o Núcleo de Investigação e Desenvolvimento, a segunda fase do Centro Empresarial e Tecnológico, correspondentes a um valor de oito milhões de euros. Já não é a primeira vez que a Câmara fica mal com decisões que toma em matéria de adjudicações de obras, o que nos obriga a reflectir sobre a robustez dos critérios assumidos para decidir este tipo de empreitadas. Espero, sinceramente, que esta empresa consiga recuperar uma situação financeira estável e que o município de S. João da Madeira não venha a ser penalizado, nem que seja ao nível dos timings definidos nos concursos.

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