01 junho 2012

Entre_linhas 167 (31maio2012)

No fim-de-semana passado, a convite dos responsáveis pelo Laboratório de Ideias promovido pelo PS-Madeira, estive no Funchal a participar, na qualidade de orador, numa conferência-debate sobre “Políticas públicas de apoio à Inovação e ao Empreendedorismo”. A ideia seria, por um lado, partilhar a experiência que vivi enquanto membro da equipa do Plano Tecnológico do anterior Governo e, por outro, fazer alusão às principais medidas incluídas naquela que foi a grande agenda de mobilização do país para a inovação e respetivos impactos. Sob o ponto de vista pessoal, tratou-se de um momento particularmente importante porque pude, sem filtros, perceber em concreto a situação da Madeira e dos madeirenses. Para uma região com aquelas características geo­gráficas, que viveu um modelo de desenvolvimento que assentava na construção civil e na realização de obras públicas muitas delas completamente desnecessárias, que conta com uma zona franca cada vez menos relevante no panorama nacional e internacional e que vive um estrangulamento no número de turistas, sair da situação em que se encontra não vai ser fácil. Ainda por cima, uma dívida superior a 6 mil milhões de euros, um desemprego acima dos 16% (nos jovens acima dos 45%) são aspetos que não ajudam! Numa altura em que vários governos foram penalizados politicamente em resultado de toda esta crise internacional, é impressionante o discurso arrogante do líder daquela região, Alberto João Jardim, que se mantém no poder como se nada tivesse que ver com a situação atual e como se nada houvesse para mudar na sua governação, quer no estilo, quer nas opções. Ainda esta semana, quando a Assembleia Regional se preparava para discutir uma moção de censura, Jardim simplesmente não apareceu à sessão. Esta postura é inqualificável e deve ser denunciada. O que se passa na Madeira é uma autêntica vergonha nacional.

Os sanjoanenses têm uma característica que acaba por irritar muita gente que não se revê no nosso estilo! De facto, achamos que somos os melhores do mundo e que nada se compara com a nossa realidade e com as nossas gentes. Pese embora algum exagero em toda esta postura, a verdade é que, de facto, vão surgindo acontecimentos que nos reforçam este sentimento de orgulho. O mais recente foi a vitória de Miguel Vieira nos Globos de Ouro. Quando o vi subir ao palco para receber o prémio, segui logo o instinto de colocar uma referência no Facebook a este feito extraordinário conseguido por um sanjoanense também extraordinário. Exagero ou não, estamos perante mais um feito que coloca o nome da nossa terra no topo daquilo que de melhor existe em Portugal. Miguel Vieira está de parabéns e, portanto, S. João da Madeira também.

Há quem defenda que os sanjoanenses deviam estar caladinhos e esperar pela decisão da Feira em relação à intenção de Milheirós em integrar o concelho de S. João da Madeira. Há quem se dirija a mim dizendo que, por estar ligado a um partido político, posso ser acusado de oportunismo! Ora, nada mais errado! Estar na política exige tomar determinadas opções e estar na política só faz sentido se for para influenciar decisões que possam melhorar a vida das pessoas, do coletivo. “Um político assume-se” não é só o título do livro mais recente de Mário Soares. É também uma obrigação de quem está na política. Por minha parte, defenderei esta vontade antiga dos milheiroenses porque acredito, convictamente, que a integração daquela freguesia em S. João da Madeira é vantajosa para ambas as partes. Numa altura destas, ficar calado ou defender a causa de forma envergonhada como alguns parecem preferir, isso sim, é uma irresponsabilidade, revela oportunismo e cálculo político. Para esse peditório, eu não dou!