21 julho 2012

Entre_linhas 173 (19julho2012)


Assumir erros cometidos não está ao alcance de todos. Aliás, na vida política, em geral existe uma certa relutância em assumir que uma determinada decisão foi errada pelo impacto que teve (ou não teve) no problema que pretendia ultrapassar ou nos resultados que se pretendia alcançar. Assumir os erros é, de facto, um sinal de inteligência e um sinal de humildade, tanto mais que nenhum de nós é detentor da totalidade da verdade nem de toda a sabedoria. Na última sessão da Assembleia Municipal, em resposta às questões levantadas por deputados municipais, o Presidente da Câmara de S. João da Madeira assumiu, finalmente, que as soluções que adotou na Praça não resultaram e que na execução da obra foram verificados problemas e erros de provisão, erros esses que, de facto, foram assumidos, pessoalmente, pelo Presidente da Câmara. Se bem que o Presidente da Câmara também vai dizendo que cometeu um erro de avaliação uma vez que achou “que os condutores se conteriam [na circulação da Praça com a sua abertura ao trânsito], fazendo passar a ideia que o problema da Praça é ter mais ou menos carros com condutores civilizados. Nada mais errado! Já há muito tempo que imensas pessoas têm vindo a alertar para a deplorável situação da Praça, o coração da nossa cidade. A desertificação é notória, as dificuldades dos comerciantes daquela zona é evidente e o desconforto das pessoas, moradores e visitantes, é manifesto. Lembro-me bem do que era a Praça há uns anos atrás, da juventude que por lá circulava, da animação e da vida, formal e informal, que lá acontecia. É uma dor de alma ver o que por lá se passa agora, sendo este, provavelmente, um dos maiores fracassos do mandato da atual maioria que governa a cidade há 12 anos. Agora, depois de vários milhões gastos nos últimos anos, novas ideias parecem estar a ser configuradas para a Praça. Novas expectativas se levantam, novas oportunidades se vislumbram. Deixo apenas um alerta que não estamos já em época de mais experimentações, tanto mais que o dinheiro não abunda. Espero que, desta vez, se implemente uma solução verdadeiramente estruturante para aquela zona nobre da Cidade.

Conjugando duas notícias publicadas nos jornais locais da semana passada, apercebemo-nos que algumas contas estão ainda por fazer. Numa delas, dava-se conta das palavras do Presidente da Câmara que iam no sentido de que “pela primeira vez, os créditos da Câmara excedem o valor da nossa dívida a curto prazo”. Por outro lado, à proposta apresentada pelo BE e apoiada pelo PS de alteração ao Regulamento do programa de Apoio à Família nos jardins-de-infância de S. João da Madeira no sentido de que estes estabelecimentos de ensino passassem a fornecer pequeno-almoço e lanche, o líder da bancada do PSD argumentava que neste momento de “muita dificuldade”, tanto para famílias como para o poder local, “não há dinheiro” para as implementar. Não preciso de dizer mais nada, pois não?!

Há dias, quando ia levar os meus filhotes à natação, tirei uma foto com o telemóvel à faixa que a Associação Estamos Juntos colocou no fachada do Pavilhão Paulo Pinto a dar os parabéns à Ana Rodrigues por ter conseguido ir aos Jogos Olímpicos. Resolvi partilhar essa foto no Facebook e, em pouco tempo, surgiram mais de uma centena de “gostos”. De facto, esta rede social tem um poder enorme que é o de fazer chegar bem longe os nossos sentimentos, o nosso estado de espírito em relação aos mais variados assuntos. E sobre isto, tal como disse a semana passada, o sentimento é de grande orgulho e de agradecimento a todos aqueles que contribuíram para o fortalecimento da AEJ, mostrando que o movimento associativo é muito importante na vida coletiva de uma cidade como a nossa.