15 dezembro 2012

Entre_linhas 188 (13dezembro2012)

A emblemática Confeitaria Concha Doce comemorou os 50 anos no passado sábado. Não me foi possível estar presente o que me impediu de felicitar, pessoalmente e no dia, o Sr. Alves e a D. Tina não só pela data mas também pela sua resistência ao longo destes anos todos. Vejo este momento também como uma oportunidade para refletirmos sobre aquilo que é hoje a zona onde está localizado este estabelecimento, precisamente o coração da nossa cidade. Sou do tempo em que a Praça tinha vida, pelas pessoas que por lá circulavam permanentemente, pelas conversas lá mantidas, pela pujança do comércio, pela agitação noturna. Sou do tempo dos bolos da Concha, da Colmeia e até do Zulmiro, da casa das máquinas cheia de juventude, das risadas frequentes e do movimento impressionante dos bares da proximidade, frequentados por jovens de toda a região. E por isso é que, hoje, com a Praça doente, esta comemoração do meio século da Concha assume um significado diferente. A Praça foi ignorada nos últimos anos e o problema, com causas múltiplas, precisa de ser encarado com determinação. A solução passará, certamente, por uma multiplicidade de ações e a autarquia não se pode demitir das suas responsabilidades como o fez ao longo dos últimos anos. Há muitos que têm a perceção de que não há solução. Eu recuso-me a aceitar essa visão e esse pensamento! Aceitar essa tese, a de que o nosso coração doente não tem cura, é reconhecer uma morte anunciada. E isso não! Para esse peditório eu não dou! Parabéns Concha Doce, pelo aniversário e por trazeres, novamente, o tema da Praça para a ordem do dia.

Esta semana a Assembleia de Freguesia aprovou o Plano de Atividades e Orçamento para 2013 da Junta de Freguesia de S. João da Madeira. O grupo do PS votou contra, tanto mais que foram apresentadas quatro propostas concretas, exequíveis e com pouco impacto no orçamento, mas que não foram tidas em conta na elaboração do documento. E a questão de fundo mantém-se. A visão que temos da nossa Junta de Freguesia vai muito para além daquela que os atuais responsáveis possuem! A Lei recentemente aprovada na Assembleia da República que apresenta uma nova reorganização do território ao nível das freguesias, de forma inequívoca, mantém a nossa freguesia, como não podia deixar de ser, aliás. No entanto, o papel que este órgão tem na comunidade poderia ser muito diferente, tivesse a nossa Câmara Municipal vontade de transferir outros meios e outras competências. A Junta tem uma proximidade com determinados segmentos da população que devem ser aproveitados e isso não tem sido feito, lamentavelmente. A Junta tem sido uma espécie de filial da Câmara, com um arco de ação muito estreito, contando com um orçamento muito limitado, que representa pouco mais de 1% do orçamento da nossa Câmara Municipal, sendo o território de abrangência exatamente o mesmo. Não faz sentido que a Câmara não transfira outras atribuições à nossa Junta e não é aceitável que este órgão não reclame estas atribuições.

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