21 outubro 2012

Entre_linhas 181 (18outubro2012)

Participar nos Jogos Olímpicos é algo verdadeiramente extraordinário. Trata-se do evento mais alargado no panorama desportivo mundial, onde todos querem estar. Milhares de atletas passam quatro anos a prepararem-se para essa competição porque sabem que, só estar lá, os coloca no topo do mundo. Só lá vão os melhores entre os melhores. Um grande número dos participantes faz do desporto a sua profissão e o seu rendimento é, em grande medida, fruto das suas condições de treino, do seu esforço individual e do apoio dos seus treinadores. Ter talento não chega para que se atinjam grandes níveis de resultados que permitam, por exemplo, estar nos Jogos Olímpicos. Em Portugal, todos sabemos, as condições para a alta competição não são propriamente as mais eficazes, o que se vem refletindo ao longo dos anos pelos resultados obtidos. Aqui ou ali temos um medalhado mas, face àqueles que são os investimentos d(n)os principais concorrentes, não se pode esperar muito mais. Ora, para uma terra como S. João da Madeira, onde os clubes são parcos em recursos, é impensável definirmos, à partida, objetivos com essa envergadura, que passem sequer por presenças olímpicas. Mas a verdade é que tivemos em Londres a Ana Rodrigues, uma nadadora formada num clube local, a AEJ, com o apoio de um treinador da terra, o meu amigo e homónimo Luís Ferreira. Este feito é tão extraordinário, tão único, tão imprevisível do ponto de vista desportivo, que nos deveria mobilizar todos no sentido de enaltecer de forma grandiosa tal acontecimento, tal resultado. Os meus filhos assistiram comigo à presença da Ana naquela pista, durantes aqueles poucos segundos de prova, e todos gritamos de emoção, com grande entusiasmo, como se a Ana nos tivesse a ouvir. Parecia que naquele momento e naquela piscina só existia a Ana e que não interessava sequer em que lugar ela ficaria. Expliquei-lhes depois o significado da faixa amarela colocada pela AEJ na parede do Pavilhão Paulo Pinto. A Ana, AEJ e o seu treinador atingiram, de facto, um patamar inimaginável! E foi por isso que o Partido Socialista apresentou na última sessão da Assembleia Municipal um voto de louvor precisamente no sentido de enaltecer este acontecimento histórico para a Cidade, voto esse ao qual se associaram todas as bancadas. O voto de louvor foi, assim, aprovado. Mas foi também por isso que o Partido Socialista apresentou na Câmara Municipal uma proposta de subsídio extraordinário à AEJ de 2.700€, especificamente destinado a cobrir a despesa que esta coletividade terá, durante todo o ano 2012, com a utilização das piscinas municipais de Oliveira de Azeméis, por não termos, no nosso concelho, instalações adequadas à alta competição. A Câmara Municipal, liderada pelo PSD, rejeitou a proposta. Não o devia ter feito! Fiquei triste, desiludido e até estupefacto. Pensei que a Câmara tinha percebido o quão importante para a Cidade foi a presença dos nossos conterrâneos em Londres e o efeito multiplicador que este momento poderá ter na dinamização associativa da nossa terra. Não percebeu ou não quis perceber! Por dificuldades em aceitar propostas da oposição! Claro está!

No dia 11 de outubro dois acontecimentos importantes para a Cidade exigem que aqui os sublinhe. Em primeiro lugar, fez-se finalmente justiça. Manuel Cambra, ex-presidente da Câmara de S. João da Madeira já tem o seu retrato, superiormente pintado pelo pintor sanjoanense Victor Costa, no salão Nobre do Fórum Municipal. Fica registada, desta forma, a passagem de Manuel Cambra pela presidência da nossa Câmara, uma passagem que deixou marcas importantes naquilo que somos hoje. O segundo acontecimento foi a inauguração da Academia de Música, uma obra que se arrastou ao longo do tempo por vários imprevistos entretanto surgidos. O resultado final é extraordinário e a Cidade pode ficar orgulhosa das instalações com que foi munida para incentivar o estudo e divulgação da música.

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