21 setembro 2012

Entre_linhas 176 (13setembro2012)


O título de uma breve nota no Jornal Labor da semana passada assinada por Fernando Aguiar, chamou-me particular atenção. Dizia-se que S. João da Madeira é uma “cidade moribunda”, recordando-se quelonge vão os tempos em que éramos a centralidade e a metrópole da região, cidade onde todos rumavam para se divertirem”. Fazia-se alusão à animação no centro que acontecia durante o mês de agosto e dos eventos que eram oferecidos pelos principais bares da cidade, que traziam à nossa terra imensa gente jovem, bonita, cheia de vontade de diversão típica das noites quentes de verão. Quando eu era mais jovem, lembro-me bem das noites passadas na Rua Padre Oliveira (a rua do Pede Salsa, Bicalho, e Cafeina), outrora até com outra configuração menos interessante. As esplanadas estavam cheias e as casas de jogos da Praça eram frequentadas em grande escala. Outros estabelecimentos floresciam em toda aquela zona e os nossos jovens, na primeira parte da noite, não saíam da nossa cidade. Hoje, as coisas são bem diferentes. Concelhos vizinhos conseguiram atrair os nossos jovens que, face à pasmaceira que por cá se vive, não encontram, de facto, motivos de interesse. E isso é mau para uma cidade como a nossa. É um sinal que precisamos de repensar as estratégias de fixação das pessoas no nosso concelho, mesmo para este tipo de atividades noturnas. A nossa cidade, na verdade, também nesta matéria, perdeu centralidade nos últimos anos, uma evidência triste que urge contrariar. Infelizmente, Fernando Aguiar tem toda a razão!

 
Eu sei que tenho falado bastante no processo de Milheirós. No entanto, a sucessão de acontecimentos associados assim me obrigam. No passado domingo realizou-se um Cordão Humano na zona limite entre S. João da Madeira (zona do Parrinho) e Milheirós de Poiares. A ideia seria dar um sinal de que não existem, de facto, fronteiras, nem físicas nem humanas, entre estas duas localidades. Tratou-se de um momento com uma carga simbólica muito importante, tanto mais que estamos, precisamente, num momento de grande importância para aquela freguesia e, claro está, também para o nosso concelho. Estamos em pleno período de campanha eleitoral que antecede o referendo local agendado para dia 16 de setembro. Nesse dia os milheiroenses pronunciar-se-ão, embora de forma não vinculativa, se concordam ou não com a integração da sua freguesia no concelho de S. João e, portanto, o primeiro grande desafio, é fazer com que a população vá em força expressar aquela que é a sua vontade. Por outro lado, é muito importante que o faça de forma informada. Pelo SIM está registado um movimento independente de milheiroenses, de todos os segmentos partidários e que tem feito um grandioso trabalho de esclarecimento da sua população, desmontando até alguns argumentos completamente descabidos que têm vindo a lume. Pelo SIM também está registado o PS de Milheirós de Poiares que, dentro dos limites daquilo que a lei impõe, tem feito igualmente esse trabalho de esclarecimento. Do lado do NÃO, apenas está registado o PSD de Milheirós que, face a posições anteriores quer da estrutura partidária da freguesia quer mesmo da estrutura concelhia, estarão neste processo com algum desconforto e até com pouca visibilidade, direi eu duma forma deliberada. O Cordão Humano do passado domingo tratou-se, pois, de um momento de mobilização dos apoiantes do SIM, de esclarecimento, onde se viveu até alguma emoção. Estive presente e assisti a uma demonstração de grande solidariedade e cumplicidade das duas localidades que, na prática, querem ser uma só. Está agora na hora da votação. Espero que a afluência às urnas seja grande e que o SIM ganhe de forma muito expressiva para que se dê mais um passo na concretização da integração de Milheirós em S. João da Madeira.

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