21 outubro 2012

Entre_linhas 179 (4outubro2012)

Foi com muita tristeza que li a notícia do fecho da Califa. Esta não é uma fábrica qualquer. É uma fábrica emblemática de camisas do concelho de S. João da Madeira, sendo a marca Victor Emmanuel uma das marcas de camisas mais conhecidas e prestigiadas de Portugal, fabricada, precisamente, nesta unidade fabril localizada na nossa terra. Com esta decisão, 110 trabalhadores vão para o desemprego. Já foram mais de 300 os trabalhadores, maioritariamente mulheres, que contribuíram para gerar riqueza e prestígio para o nosso concelho, dando ainda, no passado, grande pujança a esta fábrica. Tenho uma ligação especial a esta fábrica, uma vez que a minha mãe trabalhou lá mais de 5 décadas, bem como outros familiares, um dos quais pertencente a este derradeiro grupo. Lembro-me dos tempos áureos da empresa em que a maioria dos trabalhadores ia trabalhar aos sábados, para fazer face ao volume enorme de encomendas que iam surgindo. Os trabalhadores sempre deram tudo pela empresa e disso posso, de facto, ser testemunha. Recordo-me daquelas senhoras, todas de bata branca, nos intervalos ou pausas para almoço concentradas à porta da fábrica, sentadas nos muros existentes na zona, à espera do toque para mais uma jornada de trabalho. Lembro-me também do orgulho que era ver a publicidade à marca Victor Emmanuel nas televisões e nos placards das paragens de autocarro. Depois, face a algumas decisões estratégicas da empresa e à própria dinâmica do mercado, vieram as dificuldades, os dissabores e, consequentemente, os dramas de várias famílias que viam os seus empregos destruídos ou em perigo. Esta decisão, esta dura decisão, foi a machadada final, numa história que tinha tudo para ter outro final. A vida dos portugueses não está fácil. E estas notícias arrasam o nosso ânimo. Deixo aqui um forte e solidário abraço a todos os trabalhadores que por lá passaram, porque de certa forma os sinto como fazendo parte da minha própria família. Aos que entram na situação de desemprego, os desejos que seja uma situação transitória e que encontrem rapidamente uma alternativa.

O Observatório das Autarquias Familiarmente Responsáveis revelou esta semana os trinta e cinco municípios portugueses distinguidos com o título "Autarquia +Familiarmente Responsável 2012". Nessa lista não está, obviamente, a autarquia sanjoanense. Uso deliberadamente o termo “obviamente“ uma vez que todos sabemos que as questões que se relacionam com as pessoas, com o imaterial não é prioridade desta Câmara. O estudo agora publicado, resulta de um inquérito realizado a nível nacional ao qual responderam 103 autarquias (mais 29 que na última edição), não sendo claro se a Câmara de S. João da Madeira terá até respondido. Foram analisadas as políticas de família dos municípios em dez áreas de atuação: apoio à maternidade e paternidade; apoio às famílias com necessidades especiais; serviços básicos; educação e formação; habitação e urbanismo; transportes; saúde; cultura, desporto, lazer e tempo livre; cooperação, relações institucionais e participação social; e outras iniciativas. Além disso, são ainda analisadas as boas práticas das autarquias para com os seus funcionários autárquicos em matéria de conciliação entre trabalho e Família, pelo que vale a pena dar uma espreitada no site do projeto para perceber a dimensão da distância da nossa autarquia em relação a outras por esse país fora, neste tipo de matérias. Uma coisa é certa: os dias que correm exigiriam uma atenção reforçada às famílias. Em S. João da Madeira isso não se nota. http://www.observatorioafr.org

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