21 outubro 2012

Entre_linhas 178 (27setembro2012)

A semana passada, integrei a comitiva do Partido Socialista local na visita ao hospital de S. João da Madeira. Tratou-se de uma ação muito importante que nos permitiu obter, diretamente da administração do hospital, informação útil acerca daquele que é o ponto em que se encontra esta infraestrutura. E a primeira nota digna de registo foi a resposta da boca do diretor do Centro Hospitalar de Entre Douro e Vouga (CHEDV) à pergunta direta que lhe fizemos no sentido de saber se estava em cima da mesa a possibilidade de desmantelamento do nosso Hospital. A garantia que tivemos é que não! Esse cenário não está em cima da mesa. Em relação ao serviço que é prestado, temos que dividir a discussão em duas partes. Em primeiro lugar, parece inequívoca a importância para a população do serviço que é prestado ao nível das consultas externas (cerca de 50 mil por ano, em 16 especialidades, contrastando com as 7 especialidades que existiam em 2007); cirurgia de ambulatório (4.100 por ano) e as consultas da especialidade de dor; e das sessões de tratamento no Hospital de Dia de Psiquiatria (5.800 por ano). Ora, este potencial instalado atual, decorrente de opções estratégicas de governos anteriores, quer ao nível dos equipamentos, quer mesmo dos serviços de saúde prestados e dos recursos humanos disponíveis, deverão, portanto, ser preservados e até reforçados. Em segundo lugar, outra discussão diferente relaciona-se com a questão da urgência que, como se sabe, é prestada no Hospital de S. Sebastião, Feira, no seguimento da integração do nosso Hospital no CHEDV, com o argumento de potenciar sinergias entre as várias unidades hospitalares que o compõem. Ora, esse objetivo tem sido manifestamente limitado pela insuficiente capacidade de resposta do Hospital S. Sebastião (Santa Maria da Feira), face à grande quantidade de pessoas servidas, onde se inclui a população de S. João da Madeira. São vários os exemplos de esperas excessivas no serviço de urgência do Hospital da Feira e da parca resposta das consultas de medicina geral mantidas ainda no hospital de S. João da Madeira no âmbito do protocolo assinado entre o Ministério da Saúde e o município de S. João da Madeira, o que constituiu uma das maiores e mais graves limitações dos cuidados de saúde prestados à população do nosso concelho. A intenção do eventual encerramento da urgência do Hospital de Oliveira de Azeméis e a não autorização para que o Centro Hospitalar contrate novos profissionais vão aumentar muito esses problemas num futuro próximo e, sobre isto, é preciso intervir. Não é aceitável que se assista a um mau serviço prestado na Feira e que se deixe tudo na mesma. Se funcionasse bem, se as pessoas se sentissem seguras e satisfeitas, isso era uma coisa. Mas percebendo nós que o cenário não funciona e que a tendência é até de agravamento, só esperamos que o Governo atue rápido, no sentido da reposição da normalidade. Parece-nos razoável o reforço da consulta de medicina geral, de uma verdadeira consulta de medicina geral no nosso hospital.

Já agora, confirmando a falta de informação que tem sido prestada aos cidadãos até pela Câmara Municipal que tem conduzido todo o processo, foi o funcionamento da consulta de pediatria no Hospital de S. João da Madeira durante alguns meses que deixou de ser prestada pela fraca adesão por parte da população. Estamos convencidos que essa fraca taxa de utilização enquanto a consulta funcionou resulta, claro está, de desconhecimento por parte das pessoas potenciais utilizadoras do serviço. Pergunto mesmo quantos sanjoanenses levantarão o dedo à pergunta se sabiam do funcionamento desta consulta de especialidade! A informação, claro está, é essencial até para que a população perceba o que se passa, para poder ter tempo de reação caso as notícias não venham a ser favoráveis. É que a indefinição estratégica do Governo nesta e noutras matérias começa a ser inquietante e até surreal!