15 abril 2011

Entre_linhas 122 (14abril2011)

Esta semana fui buscar as fichas de informação acerca do desempenho do meu filhote mais velho no 2º período, 1º ano de escolaridade. Foi também um momento para me ser entregue o Magalhães, o computador que tem sido disponibilizado a todos os alunos que frequentam o 1º ciclo do Ensino Básico, fazendo de Portugal um caso único no contexto internacional. Trata-se de um projecto muito importante no qual alimento grandes expectativas quanto ao impacto na qualidade do ensino/aprendizagem nas nossas escolas. Mas como qualquer tecnologia, a sua posse não chega, embora seja o primeiro passo. O que é importante é o que se faz com a tecnologia. A geração de alunos que está hoje nas nossas escolas têm, de facto, acesso a meios que não existiam no meu tempo de estudante em tenra idade. Esta geração tem, de facto, algumas inquietações. Mas também tem outros meio que lhe permite ter maiores condições para que as coisas acabem por correr bem. Saibamos todos rentabilizar esses meios!

Estive presente, na qualidade de delegado, no Congresso Nacional do Partido Socialista realizado em Matosinhos no passado fim-de-semana. Tratou-se de um evento político relevante face ao momento particularmente sensível que o país atravessa. O que estará em causa no próximo dia 5 de Junho é muito importante e estarão em confronto dois projectos políticos diferentes, duas visões divergentes de olhar a sociedade, de enfrentar os problemas com que Portugal se depara. O que eu senti em Matosinhos foi uma enorme mobilização e um sentimento de que tudo ainda está em aberto, contrariando a ideia que alguns tentam fazer passar de que as coisas estão já decididas. Em democracia, os votos é que ditam os resultados e estes, quer queiramos quer não, serão apenas contados na noite de 5 de Junho. Até lá, o que desejo é que os debates se centrem nas ideias para que os portugueses consigam vislumbrar, com rigor, as diferenças entre os vários projectos que estarão em cima da mesa e, consequentemente, votem em total consciência do impacto do seu próprio voto. Hoje, mais do que nunca, esta é uma questão crucial para o nosso futuro colectivo.

Muitos terão ficado surpreendidos pelo facto de Fernando Nobre ter aceitado encabeçar a lista do PSD por Lisboa nas próximas eleições legislativas marcadas para 5 de Junho. Muito se tem escrito em torno desta questão e eu não deixarei de tecer um comentário sobre este episódio. De facto, esta atitude de Fernando Nobre revela, antes de tudo, uma enorme incoerência daquele que, na qualidade de candidato à Presidência da República, usou um discurso anti-partidos políticos, num tom que agradou todos aqueles que entram na lógica da crítica fácil e generalizada aos partidos e aos políticos. Não há mal nenhum que um cidadão independente apoie este ou aquele projecto político. O que não se compreende é que em Janeiro um cidadão consiga uns bons milhares de votos de cidadãos com um determinado discurso e, em Abril, aceite um desafio incompatível com esse mesmo discurso. O PSD não é um partido qualquer. O PSD é um partido com vocação governativa e, portanto, não sei o que terá passado pela cabeça de Fernando Nobre para esta mudança radical de pensamento. Julgo que esta atitude desprestigia não só quem a toma, mas também, curiosamente, os partidos políticos que entram neste tipo de esquemas numa tentativa de arrebanhamento de um punhado de votos. Fernando Nobre desiludiu não só todos aqueles que não gostam de política. Fernando Nobre desiludiu também aqueles que gostam de política! É o meu caso!

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