21 abril 2011

Entre_linhas 123 (21abril2011)

A Câmara Municipal de S. João da Madeira tomou recentemente uma decisão relativamente ao que fazer em relação às piscinas municipais. E decisão foi… não decidir. Trocando por miúdos, com o argumento de que ficaria mais caro recuperar as actuais instalações, a Câmara Municipal decidiu construir uma nova piscina, embora neste momento não haja condições para se avançar para além da fase da elaboração do projecto. O Presidente da Câmara refere que está à espera de uma eventual abertura de candidaturas a Fundos Comunitários para garantir o financiamento da obra, cujo investimento é estimado em cerca de 4,5 milhões de euros. Acontece que, por agora, tudo ficará na mesma. As actuais instalações estão degradadas, são insuficientes face à procura, são ineficientes sob o ponto de vista energético, desperdiçam água pelas fugas existentes, são desconfortáveis. Além disso, recentemente o tecto caiu e, só por mero acaso, não causou uma tragédia. Face a tudo isto, face à degradação e abandono que se verifica nas actuais instalações daquele equipamento, esperava-se mais da nossa Câmara Municipal do que, simplesmente, decidir não fazer nada. Porque nem sequer podemos afirmar que os sanjoanenses terão umas piscinas novas! Terão, quanto muito, um projecto de piscina novo! E nesse, até eu que não sei nadar, não me afogarei.

Curiosamente, na mesma reunião discutiu-se outra proposta da Câmara Municipal para a construção de um novo campo de futebol na zona das Travessas, um projecto estimado em cerca de 900 mil euros. Fazer política é tomar opções e, por isso, não se pode jogar em todos os tabuleiros. Não é possível apoiar tudo e todos, não é possível satisfazer as pretensões de toda a gente nem de toda a comunidade. E olhando para a nossa cidade, para a situação do país e dos cortes que estão a ser feitos em várias áreas, não creio que seja minimamente justificável a construção de um novo campo de futebol. Eu não compreendo a pertinência desta intenção. Por muito simpática que seja a proposta ou a simples verbalização da intenção, não creio que seja razoável colocarmos em cima da mesa um projecto deste tipo. A menos que a imaginação esteja a terminar e a intenção seja fazer promessas de projectos numa altura em que, por acaso, até estamos em época de eleições. Se isto é assim a dois meses de umas legislativas, o que será mais próximo das autárquicas!

Ana Rodrigues foi distinguida pela Federação Portuguesa de Natação (FPN) com a Distinção Honorífica «Medalha de Prata», pelos «relevantes serviços prestados à Natação Portuguesa». De facto, esta jovem atleta nadadora da AEJ, já conseguiu feitos notáveis para o desporto sanjoanense e suspeito que não vai ficar por aqui. Tenha ela condições para treinar e para crescer enquanto atleta. E por isso é que os temas a que me dediquei esta semana são tão relevantes. Aliás, estão bem ligados um ao outro. Se por um lado a Câmara adia a recuperação das piscinas municipais com o argumento de não ter dinheiro, por outro e ao mesmo tempo anuncia a intenção de gastar 900 mil euros num novo campo de futebol. Espero que o bom senso impere e que os feitos desta jovem nos obriguem a reflectir sobre o que verdadeiramente faz falta e quais devem ser as prioridades em matéria de apoio à prática desportiva. Pode ser que se faça luz! Obrigado Catarina, por também nos fazeres pensar!

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