24 outubro 2008

Entre_linhas 20 (23outubro2008)

O Governo tem dotado S. João da Madeira de importantes investimentos e soluções com os quais toda a Cidade fica a ganhar. E dou apenas três exemplos. Em primeiro lugar lembro-me do acordo celebrado entre o Ministério da Saúde e a autarquia em relação ao funcionamento do Hospital de S. João da Madeira, em particular do serviço de urgência. Depois, recordo também que o Plano Tecnológico da Educação veio a escolher a Escola Secundária Serafim Leite como uma escola piloto para a instalação prévia das principais ferramentas tecnológicas envolvidas no projecto. Por último, foi anunciada já esta semana a instalação em S. João da Madeira de uma Loja do Cidadão de 2ª Geração com todas as vantagens que isso traz em termos de acesso a serviços da Administração Pública central que essa infra-estrutura facilitará. È bom que tudo isto seja aproveitado por todos nós para construirmos uma Cidade melhor e mais competitiva.

A crise financeira internacional teve na proposta de Orçamento do Estado para 2009 uma resposta concreta, que visa aliviar as famílias e as empresas dos efeitos graves que se têm feito sentir em todo o sistema financeiro. São, por exemplo, criados os novos Fundos de Investimento Imobiliário em Arrendamento Habitacional (FIIAH) que permitem que um proprietário venda o imóvel ao fundo, podendo depois arrendá-lo, mantendo em aberto a possibilidade de o voltar a comprar mais tarde. O novo instrumento legal consagra um conjunto de benefícios fiscais que passam pela isenção de IMI e IMT para estas transacções e pelas isenções de IRC e IRS sobre os rendimentos respeitantes às unidades de participação dos fundos.

Já é possível a consulta na Internet de todas as compras efectuadas por organismos do Estado, feitas através do mecanismo por ajuste directo, incluindo as autarquias, claro está. De facto, qualquer cidadão poderá agora ter acesso ao que vai acontecendo nos organismos públicos ao nível das aquisições, isto em nome da transparência que há tanto tempo os cidadãos vão desejando. www.base.gov.pt

17 outubro 2008

Entre_linhas 19 (16outubro2008)

No dia de aniversário do nosso Município, foi inaugurado o Centro Empresarial e Tecnológico pelo Senhor Presidente da República. Trata-se de uma obra importante para a Cidade e que poderá trazer benefícios relevantes para a competitividade do nosso concelho no cenário nacional. As empresas que já se instalaram no CET dão já, inclusivamente, um cheirinho da utilidade deste tipo de infra-estruturas. Contudo, interessa ter presente que precisamente no mesmo dia o PR inaugurou também o Centro de Negócios de Ansião e que no passado mês de Setembro foi também inaugurado o AvePark, em Guimarães, que se destina a modernizar o tecido empresarial da região pela via da inovação de base tecnológica e da transferência de conhecimento. Isto quer dizer que também por esta via a concorrência e a competitividade estão ao rubro. Não chega, embora seja importante, que exista a infra-estrutura! Espera-se muito trabalho à equipa de gestão do CET para que, daqui a uns anos, se possa dizer que este significativo investimento público valeu, de facto, a pena!

N’ O Regional da semana passada fui agradavelmente surpreendido com a entrevista à Joana Costa, uma jovem sanjoanense que dá voz às manhãs da MEGA FM. Nessa entrevista, ela confessava que deu os primeiros passos na Rádio Regional Sanjoanense, precisamente no tal programa Luares que eu próprio também apresentava. Foram tempos divertidos e, apesar de muito nova, a Joana, com a sua voz firme, já abrilhantava o programa. Para além de conversas com convidados, também tivemos música e até participações em directo de ouvintes. Bons tempos! Fico feliz por saber que a Joana vingou nesse mundo da Rádio e tenho a certeza que o seu talento ainda a levará mais longe. Pelo menos eu ficarei a torcer por ela!

11 outubro 2008

Terá Steve Balmer enlouquecido?

Não é de agora! Os portugueses têm alguma dificuldade em reconhecer dentro de portas coisas boas que cá se passam, que cá se fazem! Basta ver um noticiário, em papel ou no monitor, para sentirmos, precisamente, esta dificuldade objectiva. Tudo (ou quase) é montado pela negativa, pelo lado destrutivo. Sim, porque tudo tem dois lados! É a velha história do “copo meio cheio ou meio vazio”.

O que gira em torno do computador português Magalhães é um excelente exemplo disso mesmo. É impressionante a quantidade de referências elogiosas à iniciativa, quer em órgãos de comunicação internacionais quer em blogs dedicados à temática da tecnologia. E apesar de ter sido absolutamente incrível a curiosidade que a iniciativa despertou por esse mundo fora, cá dentro, no nosso próprio país, há gente que preferiu desvalorizar, criticar, destruir e levantar confusão, alguns deles apoiados por alguma comunicação social especializada nesse tipo de abordagens. Mas com esses não quero perder nem mais uma linha.

No passado dia 3 de Outubro, esteve cá Steve Balmer, CEO da gigante americana Microsoft que é “só” a empresa que mais conhece o mercado das tecnologias no mundo inteiro. E Steve Balmer não esteve cá para visitar o Mosteiro dos Jerónimos! Steve Balmer veio reforçar a parceria da Microsoft com o Estado português, através da assinatura de um protocolo que permitirá levar software da Microsoft ao Magalhães. Quem esteve na sessão ou assistiu à entrevista que Balmer concedeu ao Expresso da Meia-Noite, percebeu bem o entusiasmo com que se referia à iniciativa. E devia enche-nos de orgulho ouvir este empresário dizer explicitamente que:

- a iniciativa é “incrível, única, espantosa e fenomenal”;
- não conhece outro país no mundo onde “cada aluno dos 6 aos 10 anos vai ter um computador portátil”;
- “não há nenhum país que esteja a fazer isto que Portugal está a fazer”;
- “o crescimento com conhecimento e utilização das TIC é uma coisa boa para a sociedade”;
- “o Magalhães é interessante não só por ser de baixo custo mas porque é realmente fácil de manusear pelas crianças, é à prova de água e fácil de transportar”;
- foi feito um “excelente trabalho na máquina pela empresa local que os fabrica”;
- a “Intel promoveu um conceito de computadores de baixo custo para miúdos, o que é óptimo, mas alguém tem de fabricá-los de facto, distribuí-los e de pô-los a funcionar”;
- “o Classmate é um conceito, enquanto que o Magalhães é um computador a sério”.

Obviamente que Steve Balmer e a Microsoft têm interesses comerciais em associar-se a esta iniciativa e, de facto, se estivéssemos perante algo desinteressante, Steve Balmer e a Microsoft, provavelmente, não se associariam. Mas eu pergunto: isso será mau para Portugal e para a economia portuguesa? Isso será mau para os portugueses? O que é que o Governo deve fazer quando uma empresa como a Microsoft pretende associar-se a um projecto português que considera único no mundo? As respostas deviam ser evidentes mas, para muitos, não são. E por isso, quando os jornalistas do Expresso da Meia-Noite perguntavam se o Magalhães era propaganda, Steve Balmer respondeu como sendo a pessoa que mais considerava a iniciativa incrível, mais do que qualquer outra pessoa deste país”. E isso é que é mau! Ou terá Steve Balmer enlouquecido?

Artigo publicado no jornal Labor e Acção Socialista.

Entre_linhas 18 (9outubro2008)

Vi uma peça sobre a última sessão da Assembleia Municipal onde foram apresentados, pelo líder da bancada do PSD, alguns números relativos às visitas ocorridas ao shopping 8ª Avenida, após um ano da abertura das portas. Dizia o meu caro amigo Oliveira Bastos que, segundo a Administração daquela estrutura comercial, foram cerca de 4,9 milhões os visitantes em apenas 1 ano. Fazendo apenas um cálculo simples, de facto, é muito estranho que, em média, mais de 13 mil pessoas por dia tenham passado pelo shopping. Vou lá algumas vezes e, na verdade, não fico com essa sensação! Aliás, não sei mesmo como é que se fazem este tipo de contagens sem ser por estimativa e, portanto, sendo uma estimativa, acho que está feita por cima! Muito por cima, aliás! Mas pergunto eu: ainda existe a necessidade de se demonstrar aos sanjoanenses a utilidade daquele local? Pelos vistos, sim!

A presidente do PSD, Manuela Ferreira Leite, considerou ser “essencial” conhecer a opinião do Presidente da República sobre a declaração unilateral de independência do Kosovo, antes de tomar qualquer decisão sobre o assunto. Aparentemente, parece uma situação normal em democracia mas, no meu entender, não é. Na minha opinião, um partido político não deve fazer depender a sua posição sobre qualquer assunto da opinião de ninguém, senão da sua própria matriz ideológica, dos seus princípios, das suas estruturas que foram eleitas para isso mesmo. Este episódio terá passado despercebido para a maioria das pessoas mas considero que foi um precedente gravíssimo que se abriu na democracia portuguesa. E o mais ridículo é que Ferreira Leite fez questão de falar à saída para dar conta da entrevista que fez ao Presidente. É por isso que muito gente acha que ela deve estar calada. Quando abre a boca, só sai asneira!

Mais um parágrafo para dar conta de novo episódio ocorrido na Serafim Leite, na minha escola: a vídeo-conferência, em directo, com o Primeiro-Ministro, a Ministra da Educação e o Secretário de Estado Adjunto da Educação. O Plano Tecnológico da Educação parece ter assentado arraiais nesta escola! O que é bom! É sinal de reconhecimento!

03 outubro 2008

Os Senhores Humbertos!

Em Fevereiro de 2002, um senhor da minha terra escreveu um artigo de opinião publicado num jornal local intitulado "Internet: Arma de dois gumes". Nesse artigo, o Sr. Humberto considerava a Internet "a mais tenebrosa arma do mal", fornecida por "pais descuidados" às "suas crianças", ideias que tive o prazer de contrapor na semana seguinte, claro está. Mas isso é outra história!
Na verdade, este tipo de abordagens é recorrente sempre que aparece algo novo. A história está cheia deste tipo de resistências, de receios e preconceitos, sempre que aparece algo que rompe com o passado, que traz novidade, que mexe com a vida das pessoas. Foi assim com o aparecimento da Internet, mas também foi assim com o aparecimento do telefone que ia fazer com que as pessoas deixassem de falar pessoalmente, da rádio que ia acabar com os músicos, da televisão que ia arruinar a rádio, do computador que ia fazer com que as pessoas deixassem de saber escrever. Isto já para não falar do automóvel que ia acabar com as caminhadas a pé, da máquina de lavar que ia fazer com que se deixasse de lavar roupa à mão (mesmo peças pequenas), do elevador que ia trazer problemas à coluna, ou da calculadora que ia fazer com que se abandonassem os cálculos mentais.
Mas este raciocínio aplica-se também a iniciativas inovadoras. Lembro-me bem que o director de um jornal escreveu um editorial na semana em que foi lançada a iniciativa e-escola, dizendo essencialmente que dali a algum tempo iria ver computadores à venda na “Feira da Ladra”.
Por estes dias foram entregues os primeiros computadores Magalhães de um universo de 500 mil previstos para alunos do 1º ciclo. E lá vieram alguns comentadores mostrar a sua indignação! O que interessa é dizer mal, de preferência de forma polémica, para chocar, para terem resposta, para serem falados. E não é que estas miseráveis tácticas, embora claras e muito conhecidas, resultam mesmo? Há sempre quem, como eu, não aguente tamanhas parvoíces!
Pacheco Pereira, por exemplo, achou excessiva a cobertura televisiva da estação pública ao acontecimento, embora se tenha escusado de comentar a ridícula prestação de uma estação de televisão à volta do “controlo parental” do computador que ele não considera português. Mas este comentador político-partidário, que é daqueles que sabe de tudo, opina sobre tudo como se fosse um sábio a que todos devemos prestar atenção e, porque não, vassalagem, vai ainda mais longe. Contesta a utilização das tecnologias em idade tenra, usando meios argumentos, meias investigações, meias verdades mas, acima de tudo, completas aberrações científicas.
Tivemos também agora Santana Castilho, professor universitário, a mandar-se contra a generalização da tecnologia no ensino, em nome das aprendizagens e dos métodos de outrora, do passado, de há dois séculos atrás. Para este articulista, foram tecnocratas a decidir levar os computadores para as salas de aula, argumentando que as escolas e os professores não foram sequer ouvidos. Eu pergunto: será que Santana Castilho perguntou alguma coisa aos alunos para fundamentar as suas opiniões? Mais: perguntou alguma coisa às escolas e aos professores? Saberá Santana Castilho o que diz? Conhecerá o que já acontece há muito tempo em inúmeras escolas portuguesas ao nível da utilização da tecnologia no processo ensino-aprendizagem? Já agora, os elevadores deveriam ser interditos a menores de 6 anos para que estas crianças não sejam prejudicadas no seu desenvolvimento motor? O que motiva esta gente a dizer mal de tudo?
Do meu ponto de vista, o que move verdadeiramente alguns líderes de opinião, não são o tipo de reservas típicas dos desinformados Senhores Humbertos. Em algumas pessoas, o que dói mesmo, lá no seu íntimo mais profundo, é o facto deste tipo de medidas vulgarizarem coisas (objectos e serviços) que estão, à partida, nas mãos de elites. O que os incomoda realmente é que o Estado, com este tipo de medidas, dê um impulso à democratização e massificação, neste caso, da tecnologia. O que os põe nervosos é o facto do dinheiro dos contribuintes estar a ser usado para combater desigualdades. O que os deixa loucos de raiva é que o dinheiro de todos nós, do Estado, sirva para proporcionar igualdade de oportunidades. Este tipo de gente deve estar a trepar pelas paredes, de facto!
Não estranho, portanto, reacções deste tipo. São normais em democracia, onde as pessoas são livres de dizer o que pensam, de exprimir o que sentem, de lutar por aquilo em que acreditam, de espalhar as suas ideias pelos canais que estão ao seu alcance. Até mesmo aqueles que defendem ideais elitistas o podem fazer, e ainda bem! Espero é que este tipo de pessoas não chegue nunca ao poder! Desgraçados seriam todos aqueles que não nasceram nos seus próprios mundos!

Artigo publicado no Semanário Económico de 3-9 de Outubro.

02 outubro 2008

Entre_linhas 17 (2outubro2008)

Marcelo Rebelo de Sousa (MRS) acha bem que em ano eleitoral a RTP diversifique o comentário político, embora tenha estranhado que a ERC (Entidade Reguladora da Comunicação Social) o identifique como representante do PSD. Esta incongruência de raciocínio faz-me lembrar uma outra ridicularizada pelos Gato Fedorento em que aquele comentador, imitado por Ricardo Araújo Pereira, também dizia que “o aborto é proibido mas pode-se fazer”. Analisando a fundo este novo “tesourinho deprimente” de MRS, chego à seguinte conclusão: se Marcelo não aceita ser identificado como representante do PSD e se, ao mes-mo tempo, acha bem que a RTP diversifique o comentário político, sendo o PS representado por António Vitorino (AV), então o que MRS desejaria é que o PSD indicasse um seu representante para equilibrar com os comentários de Vitorino, já que os seus, no seu entender, são abso-lu-tamente independentes.

Esta questão é tão ridícula e grave sob o ponto de vista das regras democráticas que até vou esgotar, esta se-mana, este meu espaço de opinião com este tema. De facto, nem MRS nem AV representam, formalmente, os respectivos partidos. É óbvio que não! No entanto, é inevi-tável que defendam, na grande maioria das vezes, os pon-tos de vista dos partidos em que militam. Isso é natural, compreensível e impossível de evitar. Aliás, muitas das informações que MRS obtém para fazer o seu comentário político, em geral desfavorável ao Governo e elogioso para a chefe, deverão ser obtidas junto dos seus! Ou alguém acredita que MRS, para fundamentar as suas opiniões, segue o princípio do contraditório? Diria eu que nem pre-cisa, porque o que está a fazer é dar a sua opinião! Negar isto é mostrar alguma desonestidade intelectual!

PS. Para que ninguém fique com dúvidas em relação ao meu caso concreto, neste espaço designado por “en-tre_linhas” eu não represento formalmente o Partido Socialista em que milito mas é natural que, naquilo que digo, se perceba a minha queda e a minha tendência. Ri-dículo seria dizer o contrário. É impossível ignorarmos aquilo em que acreditamos, embora MRS tente fazer isso, mas sem qualquer sucesso. Felizmente para ele, digo eu!