25 outubro 2012

Entre_linhas 182 (25outubro2012)

Na próxima sexta-feria, dia 26 de outubro, 21h30, Museu da Chapelaria, realizar-se-á a primeira sessão do Fórum Re:pensar a Cidade, um espaço de debate e reflexão sobre os principais desafios que se colocam ao nosso concelho e sobre a melhor forma de os enfrentarmos, com garantias de solidariedade e sustentabilidade. Esta primeira sessão terá como tema Indústria: tradição e modernidade, o caso da indústria do calçado. Iniciarmos os trabalhos com este tema acaba por ser simbólico, dada a importância que este sector tem na economia local. Gostaria de referir que este espaço de debate é aberto à participação de todos que, após uma primeira intervenção dos oradores convidados, poderão fazer as suas reflexões, dar as suas ideias e sugestões, levantar questões e partilhar angústias. O que se pretende, de forma genuína, direta e sem quaisquer inibições nem complexos, é envolver os sanjoanenses na identificação dos constrangimentos reais ao desenvolvimento da nossa terra e na definição de soluções concretizáveis que potenciem aquilo que de bom temos e que contrariem as nossas fragilidades. Não posso negar que fiquei particularmente entusiasmado com a sessão de lançamento deste Fórum ocorrida há duas semanas atrás no mesmo local. No entanto, este estímulo à participação dos sanjoanenses deve ser permanente. A cidade é todos e, portanto, a sua construção deve estar também a cargo de todos. Cada um de nós pode e deve participar, porque todos temos algo a dizer. E essa participação pode ser concretizada quer presencialmente quer através da Internet, no site disponibilizado para o efeito em www.repensaracidade.pt. Apareça!

Todos conhecemos a estratégia que o Governo adotou para fazer face a esta crise. É uma estratégia assente na austeridade, mais impostos, cada vez mais impostos e travão a fundo no investimento público. O corte na despesa não está a ser feito nas tais “gorduras do Estado” que se vem apregoando há vários anos, mas nas prestações sociais, nos salários, no apoio às famílias e ás empresas, no subsídio de desemprego. Sabemos também que os resultados não estão a ser positivos. Pelo contrário! A situação do país está a degradar-se e as famílias e instituições deparam-se com graves dificuldades. Ora, ‘O Regional’ da semana passada trazia em primeira página a notícia de que a obra de ampliação da Unidade de Cuidados Continuados da Santa Casa da Misericórdia, concluída que está há já alguns meses a parte de construção civil, encontra-se parada à espera do apetrechamento com equipamento e mobiliário. Esta componente do projeto está dependente que o Governo desbloqueie as verbas necessárias para o efeito o que, aliás, é comum a vários outros projetos espalhados pelo país. Segundo a notícia, a Santa Casa da Misericórdia de S. João da Madeira prevê despender um esforço financeiro na ordem dos 180 mil euros com esta ampliação o que, nos tempos que correm, não deixa de ser significativo. De qualquer modo, isto apenas confirma a determinação da Santa Casa em dotar a nossa Cidade de valências necessárias à população e esta é, inequivocamente, uma necessidade. Não se compreende, portanto, que este tipo de investimento fique a meio, com o Governo a defraudar expetativas e a não cumprir as suas obrigações. Há investimento que não pode deixar de ser realizado e este é um bom investimento, mais do que o Museu do Dinheiro ontem inaugurado pelo Banco de Portugal que custou 34 milhões de euros. Espero que esta situação se desbloqueie rapidamente para que S. João da Madeira veja reforçada a sua resposta social nesta área tão importante.

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21 outubro 2012

Entre_linhas 181 (18outubro2012)

Participar nos Jogos Olímpicos é algo verdadeiramente extraordinário. Trata-se do evento mais alargado no panorama desportivo mundial, onde todos querem estar. Milhares de atletas passam quatro anos a prepararem-se para essa competição porque sabem que, só estar lá, os coloca no topo do mundo. Só lá vão os melhores entre os melhores. Um grande número dos participantes faz do desporto a sua profissão e o seu rendimento é, em grande medida, fruto das suas condições de treino, do seu esforço individual e do apoio dos seus treinadores. Ter talento não chega para que se atinjam grandes níveis de resultados que permitam, por exemplo, estar nos Jogos Olímpicos. Em Portugal, todos sabemos, as condições para a alta competição não são propriamente as mais eficazes, o que se vem refletindo ao longo dos anos pelos resultados obtidos. Aqui ou ali temos um medalhado mas, face àqueles que são os investimentos d(n)os principais concorrentes, não se pode esperar muito mais. Ora, para uma terra como S. João da Madeira, onde os clubes são parcos em recursos, é impensável definirmos, à partida, objetivos com essa envergadura, que passem sequer por presenças olímpicas. Mas a verdade é que tivemos em Londres a Ana Rodrigues, uma nadadora formada num clube local, a AEJ, com o apoio de um treinador da terra, o meu amigo e homónimo Luís Ferreira. Este feito é tão extraordinário, tão único, tão imprevisível do ponto de vista desportivo, que nos deveria mobilizar todos no sentido de enaltecer de forma grandiosa tal acontecimento, tal resultado. Os meus filhos assistiram comigo à presença da Ana naquela pista, durantes aqueles poucos segundos de prova, e todos gritamos de emoção, com grande entusiasmo, como se a Ana nos tivesse a ouvir. Parecia que naquele momento e naquela piscina só existia a Ana e que não interessava sequer em que lugar ela ficaria. Expliquei-lhes depois o significado da faixa amarela colocada pela AEJ na parede do Pavilhão Paulo Pinto. A Ana, AEJ e o seu treinador atingiram, de facto, um patamar inimaginável! E foi por isso que o Partido Socialista apresentou na última sessão da Assembleia Municipal um voto de louvor precisamente no sentido de enaltecer este acontecimento histórico para a Cidade, voto esse ao qual se associaram todas as bancadas. O voto de louvor foi, assim, aprovado. Mas foi também por isso que o Partido Socialista apresentou na Câmara Municipal uma proposta de subsídio extraordinário à AEJ de 2.700€, especificamente destinado a cobrir a despesa que esta coletividade terá, durante todo o ano 2012, com a utilização das piscinas municipais de Oliveira de Azeméis, por não termos, no nosso concelho, instalações adequadas à alta competição. A Câmara Municipal, liderada pelo PSD, rejeitou a proposta. Não o devia ter feito! Fiquei triste, desiludido e até estupefacto. Pensei que a Câmara tinha percebido o quão importante para a Cidade foi a presença dos nossos conterrâneos em Londres e o efeito multiplicador que este momento poderá ter na dinamização associativa da nossa terra. Não percebeu ou não quis perceber! Por dificuldades em aceitar propostas da oposição! Claro está!

No dia 11 de outubro dois acontecimentos importantes para a Cidade exigem que aqui os sublinhe. Em primeiro lugar, fez-se finalmente justiça. Manuel Cambra, ex-presidente da Câmara de S. João da Madeira já tem o seu retrato, superiormente pintado pelo pintor sanjoanense Victor Costa, no salão Nobre do Fórum Municipal. Fica registada, desta forma, a passagem de Manuel Cambra pela presidência da nossa Câmara, uma passagem que deixou marcas importantes naquilo que somos hoje. O segundo acontecimento foi a inauguração da Academia de Música, uma obra que se arrastou ao longo do tempo por vários imprevistos entretanto surgidos. O resultado final é extraordinário e a Cidade pode ficar orgulhosa das instalações com que foi munida para incentivar o estudo e divulgação da música.

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Entre_linhas 180 (11outubro2012)

No dia que lerem este espaço de opinião, já terá passado um evento que considero da maior importância e relevância nos tempos atuais. Trata-se do lançamento do Fórum Re:pensar a Cidade, um espaço de debate e reflexão sobre o futuro estratégico de S. João da Madeira. A iniciativa é da responsabilidade do Partido Socialista local, estrutura que tenho a honra de presidir, mas conta com a participação de dez personalidades sanjoanenses que coordenarão os trabalhos a desenvolver ao longo do próximo ano, todas elas independentes de qualquer filiação partidária. A ideia é promover a discussão daqueles que são os principais desafios que se colocam a S. João da Madeira nos próximos anos, no sentido de se identificarem propostas concretas que sejam capazes de tornar a nossa terra mais solidária, mais competitiva e mais sustentável. Como é óbvio, essas ideias não estão na cabeça de um qualquer iluminado visionário. Essas ideias devem surgir do debate, da reflexão conjunta, pelo que para tal torna-se essencial a participação livre de todos os cidadãos que se queiram associar. Aliás, o resultado desta reflexão não será apenas património do PS mas antes de toda a comunidade. Não posso negar que me sinto particularmente entusiasmado com este projeto. Decidimos que deveríamos ser arrojados não apenas nas ideias que poderão surgir aquando da conceção do programa que o PS, oportunamente, apresentará à Cidade, mas decidimos ser também inovadores na metodologia usada para chegar a essas ideias. Este Fórum é, por conseguinte, uma plataforma de debate em que os sanjoanenses, que todos os sanjoanenses, poderão ter voz. O que nos une é o amor que temos à nossa terra e, a nossa terra, devemos ser nós a construí-la, em conjunto. Fica aqui o apelo sincero e genuíno à participação. www.repensaracidade.pt

A semana passada o Regional publicou uma reportagem de uma página (ímpar) que pretende fazer um balanço dos mandatos de Castro Almeida, marcados por três maiorias absolutas. Confesso que fiquei surpreendido com o teor da reportagem e com o registo em que a mesma é construída e concretizada. Longe de mim de querer interferir na linha editorial que norteia este importante órgão de comunicação social de grande relevância para a nossa cidade, mas não ficaria bem com a minha consciência se não dissesse que me surpreendeu o timing e o conteúdo da peça jornalística. Fazer um balanço de mandato agora é, no mínimo estranho. Não encontro qualquer justificação, a não ser que já se conheçam, nos bastidores, algumas movimentações para eventuais mexidas na Câmara. Há umas semanas atrás, fomos brindados com um folhetim que, durante três semanas, alimentou os jornais com notícias e especulações em torno da possível ida de Castro Almeida para a Metro do Porto, possibilidade essa que nunca foi desmentida mas que acabou por não se concretizar. Esta reportagem, neste preciso momento, é, de facto, estranha! O que é que eu quero dizer com isto? Nada de especial! Só isso mesmo! Que é estranha, é!

Na última sessão da Assembleia Municipal, o Presidente da Câmara de S. João da Madeira apresentou o seu pensamento em relação à definição da taxa do IMI para o próximo ano. Sem dizer qual, aponta desde já um valor que provoque uma descida na receita da Câmara para 2013 que seja inferior em 5% à que foi cobrada em 2012. Ora, sem quaisquer jogos de palavras, quero dizer o seguinte: seria imoral que a nossa Câmara subisse a taxa do IMI cobrada em 2012. Mais um aumento de impostos neste momento seria impercetível pelos sanjoanenses. Vamos lá ver o que os próximos tempos nos dirão!

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Entre_linhas 179 (4outubro2012)

Foi com muita tristeza que li a notícia do fecho da Califa. Esta não é uma fábrica qualquer. É uma fábrica emblemática de camisas do concelho de S. João da Madeira, sendo a marca Victor Emmanuel uma das marcas de camisas mais conhecidas e prestigiadas de Portugal, fabricada, precisamente, nesta unidade fabril localizada na nossa terra. Com esta decisão, 110 trabalhadores vão para o desemprego. Já foram mais de 300 os trabalhadores, maioritariamente mulheres, que contribuíram para gerar riqueza e prestígio para o nosso concelho, dando ainda, no passado, grande pujança a esta fábrica. Tenho uma ligação especial a esta fábrica, uma vez que a minha mãe trabalhou lá mais de 5 décadas, bem como outros familiares, um dos quais pertencente a este derradeiro grupo. Lembro-me dos tempos áureos da empresa em que a maioria dos trabalhadores ia trabalhar aos sábados, para fazer face ao volume enorme de encomendas que iam surgindo. Os trabalhadores sempre deram tudo pela empresa e disso posso, de facto, ser testemunha. Recordo-me daquelas senhoras, todas de bata branca, nos intervalos ou pausas para almoço concentradas à porta da fábrica, sentadas nos muros existentes na zona, à espera do toque para mais uma jornada de trabalho. Lembro-me também do orgulho que era ver a publicidade à marca Victor Emmanuel nas televisões e nos placards das paragens de autocarro. Depois, face a algumas decisões estratégicas da empresa e à própria dinâmica do mercado, vieram as dificuldades, os dissabores e, consequentemente, os dramas de várias famílias que viam os seus empregos destruídos ou em perigo. Esta decisão, esta dura decisão, foi a machadada final, numa história que tinha tudo para ter outro final. A vida dos portugueses não está fácil. E estas notícias arrasam o nosso ânimo. Deixo aqui um forte e solidário abraço a todos os trabalhadores que por lá passaram, porque de certa forma os sinto como fazendo parte da minha própria família. Aos que entram na situação de desemprego, os desejos que seja uma situação transitória e que encontrem rapidamente uma alternativa.

O Observatório das Autarquias Familiarmente Responsáveis revelou esta semana os trinta e cinco municípios portugueses distinguidos com o título "Autarquia +Familiarmente Responsável 2012". Nessa lista não está, obviamente, a autarquia sanjoanense. Uso deliberadamente o termo “obviamente“ uma vez que todos sabemos que as questões que se relacionam com as pessoas, com o imaterial não é prioridade desta Câmara. O estudo agora publicado, resulta de um inquérito realizado a nível nacional ao qual responderam 103 autarquias (mais 29 que na última edição), não sendo claro se a Câmara de S. João da Madeira terá até respondido. Foram analisadas as políticas de família dos municípios em dez áreas de atuação: apoio à maternidade e paternidade; apoio às famílias com necessidades especiais; serviços básicos; educação e formação; habitação e urbanismo; transportes; saúde; cultura, desporto, lazer e tempo livre; cooperação, relações institucionais e participação social; e outras iniciativas. Além disso, são ainda analisadas as boas práticas das autarquias para com os seus funcionários autárquicos em matéria de conciliação entre trabalho e Família, pelo que vale a pena dar uma espreitada no site do projeto para perceber a dimensão da distância da nossa autarquia em relação a outras por esse país fora, neste tipo de matérias. Uma coisa é certa: os dias que correm exigiriam uma atenção reforçada às famílias. Em S. João da Madeira isso não se nota. http://www.observatorioafr.org

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Entre_linhas 178 (27setembro2012)

A semana passada, integrei a comitiva do Partido Socialista local na visita ao hospital de S. João da Madeira. Tratou-se de uma ação muito importante que nos permitiu obter, diretamente da administração do hospital, informação útil acerca daquele que é o ponto em que se encontra esta infraestrutura. E a primeira nota digna de registo foi a resposta da boca do diretor do Centro Hospitalar de Entre Douro e Vouga (CHEDV) à pergunta direta que lhe fizemos no sentido de saber se estava em cima da mesa a possibilidade de desmantelamento do nosso Hospital. A garantia que tivemos é que não! Esse cenário não está em cima da mesa. Em relação ao serviço que é prestado, temos que dividir a discussão em duas partes. Em primeiro lugar, parece inequívoca a importância para a população do serviço que é prestado ao nível das consultas externas (cerca de 50 mil por ano, em 16 especialidades, contrastando com as 7 especialidades que existiam em 2007); cirurgia de ambulatório (4.100 por ano) e as consultas da especialidade de dor; e das sessões de tratamento no Hospital de Dia de Psiquiatria (5.800 por ano). Ora, este potencial instalado atual, decorrente de opções estratégicas de governos anteriores, quer ao nível dos equipamentos, quer mesmo dos serviços de saúde prestados e dos recursos humanos disponíveis, deverão, portanto, ser preservados e até reforçados. Em segundo lugar, outra discussão diferente relaciona-se com a questão da urgência que, como se sabe, é prestada no Hospital de S. Sebastião, Feira, no seguimento da integração do nosso Hospital no CHEDV, com o argumento de potenciar sinergias entre as várias unidades hospitalares que o compõem. Ora, esse objetivo tem sido manifestamente limitado pela insuficiente capacidade de resposta do Hospital S. Sebastião (Santa Maria da Feira), face à grande quantidade de pessoas servidas, onde se inclui a população de S. João da Madeira. São vários os exemplos de esperas excessivas no serviço de urgência do Hospital da Feira e da parca resposta das consultas de medicina geral mantidas ainda no hospital de S. João da Madeira no âmbito do protocolo assinado entre o Ministério da Saúde e o município de S. João da Madeira, o que constituiu uma das maiores e mais graves limitações dos cuidados de saúde prestados à população do nosso concelho. A intenção do eventual encerramento da urgência do Hospital de Oliveira de Azeméis e a não autorização para que o Centro Hospitalar contrate novos profissionais vão aumentar muito esses problemas num futuro próximo e, sobre isto, é preciso intervir. Não é aceitável que se assista a um mau serviço prestado na Feira e que se deixe tudo na mesma. Se funcionasse bem, se as pessoas se sentissem seguras e satisfeitas, isso era uma coisa. Mas percebendo nós que o cenário não funciona e que a tendência é até de agravamento, só esperamos que o Governo atue rápido, no sentido da reposição da normalidade. Parece-nos razoável o reforço da consulta de medicina geral, de uma verdadeira consulta de medicina geral no nosso hospital.

Já agora, confirmando a falta de informação que tem sido prestada aos cidadãos até pela Câmara Municipal que tem conduzido todo o processo, foi o funcionamento da consulta de pediatria no Hospital de S. João da Madeira durante alguns meses que deixou de ser prestada pela fraca adesão por parte da população. Estamos convencidos que essa fraca taxa de utilização enquanto a consulta funcionou resulta, claro está, de desconhecimento por parte das pessoas potenciais utilizadoras do serviço. Pergunto mesmo quantos sanjoanenses levantarão o dedo à pergunta se sabiam do funcionamento desta consulta de especialidade! A informação, claro está, é essencial até para que a população perceba o que se passa, para poder ter tempo de reação caso as notícias não venham a ser favoráveis. É que a indefinição estratégica do Governo nesta e noutras matérias começa a ser inquietante e até surreal!