27 setembro 2009

Portugal não vai parar




Já terminaram as contagens, exceptuando aquelas que dizem respeito aos 4 deputados eleitos pela emigração. O PS teve 37% (96 deputados) e o PSD 29% (78 deputados). Isto quer dizer que o PS venceu as eleições, por muito que alguns tenham dificuldades em reconhecer. Por mim, há muito que dava por adquirido que a maioria absoluta estava posta de lado, que era um cenário impossível face ao que acontecia pelo país nos últimos meses. A crise foi severa e isso, inevitavelmente, traz dificuldades a quem está no poder. Sempre foi assim! Depois do desaire do PS nas Europeias, muitos achavam que o PSD podia vencer estas legislativas. Ora, isso não aconteceu!
Este resultado prova que, de facto, os portugueses não reconheciam no PSD uma alternativa de poder. E não era para menos, face à forma como Ferreira Leite conduziu os trabalhos da campanha, ao programa que apresentou, a equipa que formou e à maneira como se apresentou ao país.
A incógnita agora é sabermos como vai ser formado o próximo governo. Todas combinações entre os deputados eleitos pelos vários partidos são, teoricamente, possíveis, embora em alguns casos insuficientes. No entanto, as que não me parecem impossíveis são improváveis. Vejamos o que os próximos dias ditarão. Para já, uma coisa sabemos: Portugal não vai parar!

PS venceu as eleições em S. João da Madeira



O Partido Socialista acaba de vencer as eleições legislativas. Não se conhecem ainda os resultados globais mas no meu concelho, S. João da Madeira, a vitória foi expressiva. Castro Almeida, Presidente da Câmara Municipal de S. João da Madeira e Vice-Presidente do PSD foi um dos grandes derrotados da noite. Deve estar preocupado para o próximo combate que ocorrerá já a 11 de Outubro. Pedro Nuno Santos, candidato à Câmara pelo PS, teve agora um grande impulso para uma campanha eleitoral que promete ser bastante animada. Cá estarei para dar a minha ajuda!

25 setembro 2009

Avançar Portugal



É quase meia noite e ainda posso dizer alguma coisa. Estes dias de campanha foram duros, exigentes e estimulantes. Passámos por todo os distrito e, como disse ontem, das coisas que mais retive foi a receptividade que a nossa cabeça de lista tinha junto da população. Muitos ainda se dirigem a ela como "Ministra da Saúde" e já lá vão 10 anos! Aveiro ganhou com a presença de Maria de Belém na lista.
Estou confiante na vitória porque julgo que se percebeu que o PSD, este PSD, não existe, o PP sem o PSD não conta e os outros dois partidos de esquerda (BE e PCP) não são partidos com projecto de Governo. Foi notório que o único objectivo era retirar a maioria absoluta ao PS. Será que conseguirão?
E é por isso que nestes últimos minutos de campanha, apesar de não ser surpreendente para ninguém, gostaria de declarar que votarei PS, como não podia deixar de ser, aliás. Apelo a todos que façam o mesmo porque só o voto no PS é que fará AVANÇAR PORTUGAL.

Aveiro já ganhou!

Amanhã é o último dia de campanha eleitoral para as Legislativas. Aqui no distrito de Aveiro, onde sou candidato, a nossa cabeça de lista é Maria de Belém. Foi impressionante ver a receptividade das pessoas à sua simpatia e intervenções e assistir à forma como era escutada. Visitámos dezenas de empresas, de instituições, fomos a escolas e a hospitais. Falámos com centenas de pessoas, olhos nos olhos, ouvimos as suas ambições, as suas angústias, receios e desejos e esta estrat+egia muito se deveu ao próprio estilo da cabeça de lista.

Aveiro, de facto, ganhou muito em ter Maria de Belém na liderança da lista de candidatos, uma mulher com uma capacidade para ouvir fora do comum, com uma resistência física fora do vulgar. Tal como disse Manuel Alegre (http://psaveiro09.com), foi "um privilégio para o distrito de Aveiro ter como cabeça de lista do PS alguém com o prestígio político de Maria de Belém Roseira, que sempre tem defendido, com firmeza, inteligência e bom senso, as grandes causas do PS".

Independentemente do resultado de 27 de Setembro, o Distrito de Aveiro já ganhou! Ter Maria de Belém na Assembleia da República eleita pelo Distrito de Aveiro é, de facto, já uma vitória!

20 setembro 2009

O jantar na Mealhada

Estive ontem no Jantar/Comício da Mealhada. Estavam mais de 700 pessoas. O ambiente que se gera em torno de um momento político como este é fantástico para a mobilização das pessoas para os dias que ainda faltam até às eleições. E vão ser dias duros!

Maria de Belém, cabeça de lista por Aveiro, está como “peixe na água”. É impressionante ver o carinho e admiração que as pessoas têm por ela. Senti isso ontem no jantar e hoje na arruada, em Arouca.




José Sócrates, vindo de Coimbra onde esteve ao lado de Manuel Alegre, chegou um pouco mais tarde. A sua entrada foi bastante aplaudida, não pela ânsia por comer leitão, mas antes pela admiração que sentem pelo Secretário-geral do PS. Sócrates tem revelado uma resistência fora do comum mas que lhe é habitual. Muitos perguntam: como é que ele aguenta?

De entre as coisas que retive do seu discurso, destaco uma pergunta feita no final e que foi mais ou menos assim: “estão a ver como é possível falar vários minutos sobre política, sobre o nosso projecto para o país, sem falar mal de ninguém”?

12 setembro 2009

José Sócrates ou Ferreira Leite? Os portugueses escolherão!


Terminou há pouco o debate entre José Sócrates e Ferreira Leite, o único que conta, olhos nos olhos, com os dois candidatos a Primeiro-Ministro de Portugal nas próximas eleições legislativas que se realizam a 27 de Setembro. Porque é isso que está em causa: a escolha de um Primeiro-Ministro e de um Governo, para além da questão constitucional da escolha da composição do Parlamento. E todos sabemos que só há dois candidatos a Primeiro-Ministro: Sócrates e Ferreira Leite.
Mesmo já tendo decidido que votarei PS nestas eleições, há questões que se confirmaram neste debate:
1. Sócrates está mais bem preparado do que Ferreira Leite para liderar um governo.
2. Ferreira Leite, para além de mal preparada, não apresenta sentido de Estado. Veja-se a justificação que apresenta para não avançar com o TGV.
3. O programa que Sócrates defende, o do PS, vai ao fundo das questões. O de MFL e o do PSD omite muitos assuntos, constituindo um verdadeiro tiro no escuro. Exemplo: o que fará do Serviço Nacional de Saúde e da Segurança Social?
4. Sócrates é da esquerda democrática e Ferreira Leite está à direita. São duas formas distintas de ver a sociedade, o país e o mundo. Não se falou de temas como o casamento entre homossexuais mas sabemos bem o que MFL pensa acerca disso.

Os dados estão lançados. Os portugueses avaliarão os dois protagonistas e os dois projectos. E depois escolherão! (Foto: SOL)

Entre_linhas 59 (10set2009)

São já conhecidas as listas de candidatos apresentadas pelos cinco principais partidos às eleições autárquicas que se disputam no próximo dia 11 de Outubro. Várias observações poderiam ser feitas acerca de cada uma delas, mas há uma que salta à vista. Três partidos (PS, CDS-PP e CDU) apresentam duas mulheres como cabeças de lista a dois dos órgãos e outro partido (BE) apresenta uma mulher como cabeça de lista a um dos órgãos. Por sua vez, o PSD é o único partido que não apresenta qualquer mulher como cabeça de lista aos três órgãos. Aliás, as primeiras mulheres, nas listas do PSD, surgem, em todos os órgãos, na 3.ª posição o que, na verdade, não deixa de ser uma coincidência. Bem, atendendo à nova lei da paridade que obriga a que as listas não contenham mais de dois candidatos do mesmo sexo colocados, consecutivamente, na ordenação da lista, talvez não estejamos, propriamente, perante uma coincidência!

Outro comentário às listas do PSD resulta da análise a um ditado antigo, geralmente associado ao futebol, mas muitas vezes transposto para as mais diversas áreas, incluindo a política. De facto, é frequente ouvirmos que “em equipa que ganha não se mexe”, o que, genericamente, até tem uma certa lógica. Foi, portanto, com estranheza que verificamos que houve alteração no 2.º lugar na lista à Câmara Municipal. Como justificação, não colhe o facto de Paulo Cavaleiro integrar a lista de candidatos pelo PSD Aveiro à Assembleia da República, até porque ele se mantém na lista da Câmara (em 7.º lugar). E esse argumento não serve porque o elemento que nas 1.ª e 2.ª candidaturas aparecia em 2.º lugar (Rui Costa) aparece desta vez em 4.º lugar. E esta mudança, sabemos bem, não é uma mudança qualquer. Que levou Castro Almeida a fazer esta profunda alteração à sua lista que, no caso de vitória, governaria a Câmara nos próximos quatro anos? Julgo que os sanjoanenses mereceriam uma explicação, apesar de, como é óbvio, cada um de nós ter a sua tese. A minha vai no sentido de que Castro Almeida já está a pensar noutros voos, embora também ache que a 27 de Setembro Castro Almeida virá a ter uma séria contrariedade!

O cancelamento do Jornal de 6.ª feira apresentado por Manuela Moura Guedes originou um conjunto grande de comentários e, como é óbvio, algum aproveitamento político. Para quem tem dúvidas acerca do estado da liberdade de imprensa em Portugal, nada melhor do que invocar um relatório internacional que coloca em 2008 Portugal em 16.º lugar numa lista de 173 países em termos de liberdade de imprensa. Neste mesmo ranking (Press Freedom Índex), em 2004, Portugal aparecia em 25.º lugar, numa lista de 167 países. Afinal, parece que em Portugal existe hoje mais liberdade de imprensa do que havia em 2004. E não é Sócrates, nem o Governo nem o PS a dizê-lo! http://www.rsf.org

P.S.: Dada a minha qualidade de candidato às eleições legislativas e autárquicas, e na medida em que se vai entrar em campanha eleitoral, informo os meus prezados leitores que suspenderei esta minha crónica enquanto decorrerem as respectivas campanhas eleitorais.

05 setembro 2009

A propósito de liberdade de imprensa

Muito se tem falado a propósito do encerramento daquele programa de televisão que passava às 6ªs feiras e que era apresentado por Manuela Moura Guedes, esposa do recente ex-chefe da TVI. Alguns têm mesmo tentado a estratégia do aproveitamento político, nomeadamente aqueles que não se conseguem impor pelas ideias que apresentam ao país. Para esses, distrair os portugueses com estes episódios, é, portanto, uma necessidade como de "pão para a boca"!
Porque a liberdade de imprensa tem sido usada por muita gente, importa fazer referência a um relatório publicado anualmente por uma entidade insuspeita e independente, que tenta fazer o retrato mundial do fenómeno. O relatório contempla um ranking (Press Freedom Index), sendo Portugal um dos países considerados. Ora, em 2004, Portugal aparecia em 25º lugar, numa lista de 167 países. Na última edição publicada (2008), Portugal aparece na 16ª posição (entre 173 países), ou seja, Portugal melhorou a sua posição relativa neste ranking produzido por uma entidade independente.
Afinal, estamos melhor agora do que em 2004. E não me venham agora dizer que foi José Sócrates, o Governo ou o PS que manipularam os resultados. Serioa escandaloso demais! Confiram em http://www.rsf.org/en-classement794-2008.html

03 setembro 2009

A nossa escola tem mais crianças!

Vários governos, ao longo da nossa história democrática, elegeram a educação como um sector prioritário. Aliás, isso mesmo tem vindo a reflectir-se no investimento público canalizado para o sector (medido em percentagem do PIB), sendo Portugal, segundo o Eurostat, o 12.º país da UE27 com o valor maior elevado neste indicador (ano 2006).

Contudo, injectar dinheiro no sector da educação nem sempre foi sinónimo de melhoria dos resultados em indicadores-chave como a taxa de abandono escolar precoce ou taxa de retenção. Portugal, de forma sistemática, vinha assistindo ao abandono escolar por parte de milhares de jovens quando estes atingiam a idade limite da escolaridade obrigatória (15 anos) antes mesmo de terem concluído o Ensino Básico (9.º ano). A situação no ensino secundário era ainda mais confrangedora, originada muitas vezes por elevadas taxas de insucesso no 10º. ano de escolaridade. A diminuição do número de alunos nos ensinos básico e secundário registada entre 1995 e 2005 não estava tanto associada a questões relacionadas com a quebra demográfica, mas antes ao fenómeno do insucesso e abandono escolares, colocando Portugal com um nível de qualificações dramaticamente baixo.

Recentemente foram conhecidos números que evidenciam reduções significativas nas taxas de abandono e insucesso escolares. Por exemplo, a taxa de retenção no ensino básico (público) no ano lectivo 2008/09 situou-se nos 7,7%, um valor muito abaixo dos 12,2% registados em 2004/05 (e dos 15,5% em 1996/97). Em 2008/09, 121 222 alunos concluíram o 9.º ano de escolaridade, um valor 48% acima do registado em 2004/05 (81 743). Também no ensino secundário os resultados foram bastante positivos: a taxa de retenção situou-se nos 18%, claramente abaixo dos 33% registados em 2004/05 e mais ainda dos 36,6% em 1996/97.

Estes resultados não querem, de todo, dizer que o problema está já resolvido. Demonstram apenas que, finalmente, se inverteu uma tendência que nos envergonhava a todos, que colocava, nesta matéria, o nosso país em patamares inaceitáveis, em comparação com o desempenho dos nossos parceiros europeus ou da OCDE. Vale o que vale, mas em 2008, pela 1.ª vez desde 2004, deixamos de ser o país com o pior desempenho da UE27 em termos de percentagem da população entre 20 e 24 anos com, pelo menos, o ensino secundário (youth education attainment level).

Perante esta evidência, muitos tendem a desvalorizar estes resultados, alegando que são "meras manipulações estatísticas" ou que são fruto de algum "facilitismo". Ora, dizer isso é o mesmo que dizer, antes de tudo, que os professores, nas suas escolas, nos seus conselhos de turma, fizeram batota. Dizer isto é, de facto, desvalorizar o trabalho diário desenvolvido pelos professores com os seus alunos, é ignorar o esforço dos que ensinam em melhorar o desempenho e as competências dos que aprendem, é menosprezar o empenho dos docentes na construção de uma escola pública melhor e mais eficaz na qualificação do País. Sugerir que houve facilitismo é pôr em causa o profissionalismo dos professores e só eles sabem o quanto tiveram de trabalhar mesmo numa altura em que várias mudanças iam surgindo na sua própria carreira, com as quais discordaram de forma frontal e generalizada. Por outro lado, dizer que estes resultados caíram do céu é também esquecer que as nossas escolas têm melhores salas de aula, estão mais bem apetrechadas, têm melhores condições e contam com mais meios tecnológicos orientados para o ensino-aprendizagem. É também esquecer que a nossa escola conta com mais recursos dirigidos à acção social escolar, está mais bem organizada, que pôs em marcha planos de recuperação dirigidos a alunos potencialmente em risco de abandono e/ou insucesso e que conta com ofertas formativas mais diversificadas e abrangentes.

É, portanto, muito importante que Portugal não perca este foco na melhoria dos resultados na educação, um sector-chave para o nosso futuro colectivo. Para tal não deve deixar de investir na qualidade das nossas escolas, não deve descurar a motivação dos profissionais, nem deve deixar de criar as condições necessárias ao fomento da igualdade de oportunidades para todas as crianças. E tudo isto, sem perder o sentido da exigência e da responsabilidade, como é óbvio. Se assim for, os resultados continuarão a melhorar e mais crianças estarão onde devem estar: na escola. Mesmo que alguns preferissem vê-las levantar cedinho para o trabalho duro

Artigo publicado na edição de 3/set/2009 do Diário de Notícias.

Entre_linhas 58 (3set2009)

Foi com grande expectativa que o país esperou largas semanas pelo programa eleitoral do PSD para as eleições legislativas que se disputam no próximo 27 de Setembro. Ferreira Leite já tinha avisado que nada de novo seria apresentado e, de facto, temos que concordar, essa promessa já cumpriu na íntegra. É desconcertante verificar que toda a estratégia do PSD é cavalgar em cima daquilo que foi feito pelo Governo ainda em funções, dizendo mal, destruindo, suspendendo ou rasgando. Há quem pretenda apresentar-se às eleições sem se comprometer com nada, sem definir metas, sem dizer, de forma clara aquilo que pretende para o país. Isso é típico em partidos pequenos que não ambicionam governar, que não têm perfil de poder, cujos líderes não são candidatos a primeiro-ministro. No entanto, constatarmos que o PSD, principal partido da oposição, de quem se espera ideias concretas alternativas à actual governação, usa também esse método o que, no mínimo, é inédito. Ferreira Leite parece ainda não ter percebido que está na altura de começar a falar! Por muito que lhe custe e por muito que custe aos companheiros de partido!

Estatísticas publicadas recentemente pelo Ministério da Educação evidenciam reduções significativas nas taxas de abandono e insucesso escolares. Por exemplo a taxa de retenção no Ensino Básico (público) no ano lectivo 2008/09 situou-se nos 7,7%, um valor muito abaixo dos 12,2% registados em 2004/05 (e dos 15,5% em 1996/97). Em 2008/09, 121.222 alunos concluíram o 9º ano de escolaridade, um valor 48% acima do registado em 2004/05 (81.743). Também no Ensino Secundário os resultados foram bastante positivos: a taxa de retenção situou-se nos 18%, claramente abaixo dos 33% registados em 2004/05 e mais ainda dos 36,6% em 1996/97. Alguns tentam fazer crer que estes resultados se devem ao facilitismo e a manipulações estatísticas, o que é o mesmo que dizer que os professores, nas escolas, no sue dia-a-dia, fizeram batota. Eu não acredito nessa tese pois confio plenamente na dedicação e profissionalismo dos professores, mesmo numa altura em que contestaram ferozmente algumas mexidas legislativas nas suas próprias carreiras. Eu acredito que, finalmente, Portugal vai no rumo certo no combate ao abandono e insucesso escolares, um problema que há muito nos deixava envergonhados.

Os eleitores portugueses têm um sítio na Internet onde podem aceder a toda informação relevante para os dois importantes actos eleitorais que se aproximam. Desde já, é possível confirmar a nossa situação em termos de recenseamento, uma informação importante para que no dia das eleições não sejamos apanhados desprevenidos. Visite www.portaldoeleitor.pt.

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O "grupo"

Muitos não terão compreendido algumas das opções do PSD para as listas de candidatos a deputados à Assembleia da República. No entanto, se olharmos para trás, se juntarmos todas as peças que foram surgindo ao longo dos meses desde que Manuela Ferreira Leite (MFL) lidera o PSD, verificamos que este quadro não poderia ter um formato diferente. Mesmo com nomes como António Preto ou Helena Lopes da Costa, Alberto João Jardim ou Pacheco Pereira.

Desde logo porque se torna claro que MFL apenas dá a cara por um “grupo”, um conjunto de pessoas com interesses comuns, na sua grande maioria ligadas ao passado daquele partido mas que ainda ambicionam chegar novamente ao poder. MFL é, portanto, uma espécie de representante oficial desse “grupo” que via, obviamente, na formação do próximo grupo parlamentar do PSD a grande oportunidade de se começar a (re)organizar.

Voltemos ao início. MFL surge na liderança do PSD porque Filipe Menezes abandonou esse mesmo cargo, depois de ter considerado que não reunia as condições básicas para a governabilidade do PSD. Na verdade, não conseguiu nem a solidariedade dos “pesos pesados” do PSD nem unir o partido em torno do seu projecto político. Nos poucos meses que liderou o PSD, Menezes não teve sequer tempo para se revelar. Os seus inimigos internos não lhe deram nem descanso nem paz. Fizeram-lhe sempre a vida negra, melhor dizendo! Olhando para as listas agora apresentadas pelo PSD, lá estão muitos deles.

Depois, recorde-se que Passos Coelho apresentou-se também como candidato à liderança dos social-democratas mas não teve o tempo necessário para conseguir os apoios capazes de derrotar o tal “grupo” já organizado de Ferreira Leite. Olhando para as listas do PSD, percebe-se que ainda não lhe querem dar esse tempo.

Por seu turno, Santana Lopes, que representa também uma força importante dentro do PSD, há muito que era uma carta fora do baralho. Na verdade, foi o problema mais fácil de resolver! A estratégia passou por permitir que fosse candidato à Câmara de Lisboa e, olhando para as listas de candidatos do PSD à Assembleia da República, percebe-se que o preço que pagou pode vir a ser-lhe fatal.

Perante isto, parece-me por demais evidente o papel de MFL nesta passagem pela liderança do PSD. O objectivo, o único objectivo, era segurar o próximo grupo parlamentar, limpando todos aqueles que, objectivamente, pudessem ser futuros obstáculos ao tal “grupo” e integrando os que possam vir a ser úteis. O objectivo em ter MFL à frente do PSD nunca foi apresentar uma alternativa de governo ao PS e a prova é a apresentação tardia do pobre programa eleitoral, umas semanas antes das eleições. Não nos esqueçamos que Ferreira Leite já foi Ministra das Finanças, já foi Secretária de Estado do Orçamento, já foi Ministra da Educação. Pelo trabalho que desenvolveu naquelas pastas, fácil seria perceber que o objectivo do “grupo” não podia passar por tê-la como Primeira-Ministra de Portugal. Até porque no “grupo” há quem pretenda chegar lá primeiro!
Artigo publicado no Jornal Labor.