29 julho 2010

Entre_linhas 94 (29jul2010)

Estão abertas as inscrições para o novo ano lectivo nas piscinas municipais e a confusão é a do costume. Seria muito importante que a autarquia, enquanto entidade responsável por este serviço, fizesse duas coisas: uma era passar uma tarde junto ao local onde se faz o atendimento às pessoas, para ver o ambiente; a outra era visitar as instalações das piscinas daqui do lado, da Feira, para perceber a diferença. Na verdade, para além da limitação das instalações que impedem o acesso a um serviço de maior qualidade quer para quem pratica natação por lazer quer para os atletas daquela modalidade, estamos a falar igualmente de toda a organização daquela “máquina”. O exemplo mais acabado é o facto de não existir um simples terminal multibanco para pagamento, o que obriga as pessoas a terem que ir ao mercado levantar dinheiro para entregar à pessoa do atendimento, que vai amontoando as notas e fazendo os trocos. Parece impossível no século XXI mas isto é mesmo verdade. Por acaso eu até tive sorte: tinha um cheque perdido na carteira e lá consegui evitar mais uma caminhada ao calor. A senhora da minha frente lá teve que ir levantar 120 euros!

São muitos os sanjoanenses que se vão destacando nas mais variadas áreas. Já que estamos a falar de piscinas, desta feita gostaria de enaltecer o facto do treinador de natação da Associação Estamos Juntos (AEJ), Luís Ferreira, ter sido distinguido pela Associação de Natação de Aveiro como o “treinador do ano”, numa gala que premiou igualmente o nadador Diogo Moreira e as nadadoras Ana Rodrigues e Daniela Ferreira, também da AEJ. Ser distinguido pela actividade desportiva desenvolvida nas condições em que tal acontece nas piscinas da nossa cidade é, acima de tudo, uma grande vitória da persistência, da disponibilidade e do mérito destes protagonistas. De facto, crescer na modalidade em S. João da Madeira custaria menos se as condições de treino fossem outras. Mas isso é outra conversa à qual regressaremos em futura oportunidade. Hoje o abraço vai para os nadadores e para o Luís Ferreira, o treinador. Sim, porque conheço outro “rapaz” com esse nome que nem nadar sabe!

Ainda há duas semanas atrás dava nota da abertura da Casa da Natureza no Parque Urbano do Rio Ul que veio, indubitavelmente, trazer maior conforto a todos aqueles que utilizam aquele agradável espaço verde. Porém, a semana passada, ‘O Regional’ dava conta da existência de ratazanas junto à casa dos moinhos, facto que eu ainda não tinha presenciado. Coincidência ou não, este fim-de-semana lá me apareceu uma ratazana das grandes perto dos pés, o que não deixa de ser arrepiante e nojento. Era importante que se procedesse a uma desinfestação do local o mais urgentemente possível, por forma a que o problema seja eliminado o quanto antes. Estes episódios, testemunhados já por várias vezes, como é óbvio, afastam as pessoas e isso, de facto, seria uma pena. Espero, portanto, que os responsáveis autárquicos tomem medidas urgentes no sentido de resolver esta questão, para que não seja tarde demais e para que não passarem a andar por lá mais ratazanas que pessoas.


15 julho 2010

Entre_linhas 93 (15jul2010)

A única fábrica de lápis da Península Ibérica é portuguesa e está sedeada em S. João da Madeira. A Viarco está no nosso concelho desde 1941, embora já existisse com outro nome em Vila do Conde, desde 1907. Ao longo de um século, teve altos e baixos como qualquer empresa e hoje é motivo de orgulho ouvirmos falar da Viarco pelos melhores motivos. A aposta no marketing, em estratégias de comunicação e em produtos inovadores são, de facto, pontos fortes da actual administração. Visitar as instalações é visitar um autêntico museu vivo, embora a empresa, pelos menos nos anos mais recentes, não tenha deixado de desenvolver uma estratégia de inovação nos produtos e nos processos. Já no próximo ano lectivo, vai estar disponível no mercado uma nova gama de produtos acessíveis a daltónicos, utilizando para tal um código universal designado por ColorAdd, em que as cores são representadas em formas gráficas. A ideia é que as crianças com três ou quatro anos, que estão na fase de aprendizagem das cores, se habituem precocemente a este código, associando a cor ao símbolo inscrito em cada um dos lápis. Desta forma, combate-se um factor de exclusão a que estas crianças estavam sujeitas. Para além de mais uma oportunidade de negócio, não deixa de transparecer a preocupação social manifestada por esta empresa e, também por isso, a Viarco está novamente de parabéns! (www.viarco.pt)

Foi inaugurada a Casa da Natureza no Parque Urbano do Rio Ul. Instalada na antiga estação elevatória das águas, abandonada desde 1978, além do bar e recepção/centro de interpretação ambiental, esta sala de acolhimento dispõe ainda de balneários, que ficam à disposição dos visitantes e utilizadores daquele espaço verde. Estive lá este fim- -de-semana e, de facto, pude vivenciar a utilidade deste novo serviço, que traz mais animação ao local e mais conforto e segurança aos respectivos utilizadores. Já disse em tempos que todo este espaço verde agora à disposição dos sanjoanenses e da região tem um enorme potencial mas exige, por parte da autarquia, uma grande atenção e esforço na sua manutenção. De qualquer modo, tratar-se-á de um esforço bem empregue e um investimento na qualidade de vida e saúde física e mental dos sanjoanenses.

No dia 13 de Julho abriram os prazos para apresentação de candidaturas à 1.ª fase do concurso nacional de acesso ao ensino superior público. No próximo ano lectivo (2010-2011), as instituições de ensino superior universitário e politécnico públicas abrirão lugares para 53.986 novos alunos, o que representa um crescimento de 2068 vagas em relação ao ano anterior e de 7313 em relação a 2004. Por outro lado, a oferta de formação em horários pós-laborais cresce significativamente entre 2009 e 2010, para cerca de 5870 vagas distribuídas por 180 cursos (mais cerca de 1600 vagas e 45 cursos que em 2009). Em particular, entre 2004 e 2010, as vagas para o ingresso em Medicina cresceram de 1185 para 1661 (mais 476 o que corresponde a um aumento de 40 por cento). São números que representam, inquestionavelmente, um grande esforço do país em aproximar o nível de qualificação dos portugueses aos níveis médios europeus. O futuro tratará de dar razão a esta estratégia! Entretanto, mais um avanço dos últimos anos, as candidaturas poderão ser formalizadas à distância, através do sítio oficial do acesso ao ensino superior, disponível em http://www.dges.mctes.pt. Lembro-me bem como foi no meu tempo!

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08 julho 2010

Entre_linhas 92 (8jul2010)

‘O Regional’ publicou a semana passada uma peça acerca do Parque América (esse grande “monumento” existente no coração da nossa cidade) o que, só por si, permite retomar uma velha discussão que os sanjoanenses vão alimentando ao longo dos anos. De facto, do meu ponto de vista, aquela construção constituiu um erro urbanístico gravíssimo, que acabou por condicionar toda a dinâmica que se gerou durante os últimos anos em torno da nossa praça. É um prédio feio, mal concebido, pouco funcional e desproporcional ao local onde foi implantado. Quem percorre ainda hoje aqueles corredores da parte comercial não se sente confortável e duvido que o sentimento dos próprios comerciantes seja diferente. O facto de se terem resolvido os problemas que impediam a abertura do hotel acabou por ser positivo para aquela estrutura. No entanto, aquele espaço em redor de toda a praço Luís Ribeiro exigiria uma intervenção mais profunda. Também sou daqueles que acham que a demolição seria a melhor solução, mas também sei bem que isso, para além de bastante dispendioso, implicaria desestabilizar a vida de muita gente. Uma solução para aquele espaço não é fácil de descobrir mas era importante que não nos conformássemos com a situação. Pelo menos para que a utilidade daquele mamarracho vá mais além das “boas vistas” para os últimos andares.

Pelos vistos, a Volta a Portugal em Bicicleta vai passar este ano por Oliveira de Azeméis, depois da Câmara Municipal de S. João da Madeira ter anunciado que uma das medidas de contenção financeira passaria pela poupança dos cerca de 60 mil euros que esse evento custava. São conhecidos os constrangimentos financeiros das autarquias em geral e de Oliveira de Azeméis em particular. Por isso mesmo, é que estou curioso para saber qual teria sido a argumentação de Hermínio Loureiro, na sua Câmara, para convencer os oliveirenses do mérito deste investimento desportivo. Bem procurei no site daquela autarquia mas não consegui qualquer informação. Esperarei, portanto, para saber que tipo de justificação foi avançada e que tipo de estratégia foi seguida para sustentar esta opção! Afinal de contas, somos vizinhos e podemos vir também a ganhar se Oliveira de Azeméis pretender organizar, este ano, a final da Taça da Liga de Futebol!

Tive o privilégio de assistir ao lançamento do Livro da autoria de Augusto Santos Silva, professor de Sociologia e actual Ministro da Defesa Nacional, com o título «Os valores da Esquerda Democrática: vinte teses oferecidas ao escrutínio crítico». A apresentação ficou a cargo de Jorge Sampaio e, de facto, foi uma oportunidade para ouvir dois excelentes contributos para a discussão acerca dos valores que orientam a esquerda democrática. Nos tempos de hoje, num mundo mergulhado numa crise como não temos memória, é na política e nas opções ideológicas que aqueles que acreditam na democracia poderão ter esperança. Hoje, mais do que nunca, importa conhecer as diferenças entre as várias formas de olhar a sociedade, de ver o mundo e a Europa, de solucionar os problemas. Para o autor, “os valores básicos da esquerda democrática são a liberdade, a igualdade, a justiça, a colectividade e a diferença”. Pode parecer que todos pensarão desta forma e, por isso, para desfazer dúvidas, é que a leitura deste livro se torna obrigatória. Todos aqueles que acreditam que ainda é possível um mundo melhor e uma sociedade mais justa e que acreditam na política com a forma de lá chegar, terão neste livro uma excelente oportunidade de reflexão.

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02 julho 2010

A passos de coelho!

O PSD requereu uma interpelação ao Governo sobre Competitividade da Economia e Execução do QREN. O debate ocorreu no passado dia 11 de Junho e mostrou que, de facto, o principal partido da oposição ainda não entrou num registo firme de coerência e responsabilidade.

Desde logo, pela forma escolhida pelo PSD para tentar demonstrar que o país está menos competitivo hoje do que estava em 2005. Para tal usou sobretudo a informação do ranking Global Competitiveness Index publicado anualmente pelo World Economic Forum (WEF). Dizia o PSD que entre 2005 e 2010 Portugal baixou 12 posições neste ranking o que mostra, segundo aquele partido, que o país está menos competitivo. Ora, já não vou falar da total ausência no discurso do PSD de qualquer proposta construtiva que possa promover a competitividade de Portugal. Agora, reduzir a argumentação utilizada no debate a este ranking parece-me, sinceramente, uma estratégia demagógica, frágil, perigosa e excessivamente irresponsável. Senão vejamos!

Em primeiro lugar, em 2005 foram considerados no relatório 119 países, enquanto em 2010 foram considerados 133. Isto quer dizer que houve países que quando integraram o estudo pela primeira vez (depois de 2005) se posicionaram à frente de Portugal. Dos 12 que o PSD fala, 4 estão nessa situação: Porto Rico, Brunei, Omã e Arábia Saudita.

Em segundo lugar, é preciso ver que tipo de países estamos a falar e que “campeonatos” estão em causa. Ora, os restantes oito países que nos ultrapassaram entre 2005 e 2010 foram os seguintes: Qatar, China, Emiratos Árabes Unidos, Tailândia, Kuwait, Tunísia, Bahrain e Chipre. Apenas este último é da União Europeia.

Em terceiro lugar, temos que olhar para as metodologias usadas na organização das edições do ranking de 2005 e 2010, que, na verdade, têm diferenças significativas. Aliás, a estrutura baseada em pilares de competitividade surge apenas para a edição de 2006, tendo o WEF recalculado a de 2005 com base na nova metodologia. Ora, em 2010, os 90 indicadores estão organizados em 12 pilares, enquanto que em 2005 os 89 indicadores estavam distribuídos apenas por 9 pilares de competitividade.

Em quarto lugar, o peso dos indicadores obtidos por percepção é bastante significativo, ampliando a subjectividade dos resultados. Por exemplo, em 2010, dos 90 indicadores usados para o cálculo do índice, mais de metade (52) são obtidos por percepção mas, como sabemos, muitas vezes as percepções estão longe da realidade. Não nos podemos esquecer que aspectos como “despesas I&D das empresas”, “acesso à Internet nas escolas” ou “crime organizado” são medidos, para efeitos deste estudo, por percepção e não com dados estatísticos objectivos que revelam que Portugal, como sabemos, tem apresentado desempenhos bastante positivos.

Em quinto lugar, há posições de países que nos devem obrigar a alguma cautela na identificação de conclusões. Para além de alguns dos que referi atrás que se posicionam à frente de Portugal, refira-se que a Islândia apresenta-se em 26º lugar e a Suíça, imaginem aparecem no topo da lista (1º lugar). Importa referir que, curiosamente, o WEF tem sede precisamente, na Suíça! Já para não entramos na discussão do posicionamento ideológico deste organismo que, obviamente, condiciona a estrutura e a metodologia do próprio ranking.

Eu sou dos que valorizam as informações constantes de rankings. Dão-nos sinais importantes e permitem-nos identificar fragilidades e potencialidades comparativamente com outros países, informações que podem ser relevantes no processo de definição das políticas públicas. No entanto, dizer, sem mais nada, que Portugal é hoje menos competitivo do que era em 2005 porque desceu 12 posições neste ranking do WEF é, no mínimo, bastante duvidoso.

É que, na verdade, entretanto, também surgiram outros rankings e indicadores por esse mundo fora que indiciam o contrário. Estou a falar de progressos reportados, por exemplo, ao nível da inovação, do investimento em Investigação e Desenvolvimento, da qualificação dos nossos recursos humanos e do aproveitamento dos nossos recursos energéticos, das exportações e da balança tecnológica, do registo de patentes e da criação de empresas, dos serviços públicos online e da modernização da administração pública, do desenvolvimento da banda larga e das redes de nova geração. Só que destes progressos o PSD não quer falar, mesmo que revelem maior competitividade de Portugal no panorama internacional. No ranking da demagogia, este PSD vai, portanto, direitinho para o topo! A passos não de caracol mas de coelho!

Artigo publicado no Acção Socialista de 28 de Junho de 2010.

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01 julho 2010

Entre_linhas 91 (1jul2010)

A crise que o mundo atravessa tem obrigado muitas pessoas e entidades a reflectirem naqueles que têm sido os seus hábitos de consumo e de realização de despesa. Direi mesmo que esta fase terá mesmo o mérito de fazer com que haja, em muitos casos, um ajustamento do nível de despesa às reais necessidades e possibilidades. Este raciocínio aplica-se, evidentemente, a pessoas individuais, às empresas e, por maioria de razão, à própria administração pública, central e local. Por exemplo, a Câmara Municipal de S. João da Madeira apresentou um plano de contenção da despesa no sentido de equilibrar a situação decorrente da quebra de receita, sendo que uma das medidas passa pela extinção da empresa municipal de transportes «Mobilida S. João». De facto, a moda da criação de empresas municipais pegou por esse país fora, sendo usado, por diversas vezes, esse expediente numa tentativa de contornar os limites de endividamento que a lei obriga ou atenuar algumas ineficiências dos próprios serviços. Neste caso da empresa «Mobilidade S. João», confesso a minha ignorância, mas nunca percebi a verdadeira razão para a sua criação. Uma boa notícia para os contribuintes, portanto!

Uma outra medida que está prevista é a redução da factura com electricidade. Parece-me bem o objectivo, mas o método para lá chegar é que não será, de todo, o mais adequado. De facto, se em nossas casas não acendermos as nossas luzes, a factura com electricidade reduzir-se-á ou se não tomarmos banho pagaremos menos em água e em gás. Contudo, a nossa qualidade de vida também baixará drasticamente. Ora, o Presidente da Câmara fez referência à redução, em vigor há vários meses, da iluminação pública depois da meia-noite, uma medida que nem sequer nos dá a conhecer o impacto na factura com electricidade pelo facto “das leituras da EDP serem realizadas semestralmente”. Claro que se a iluminação pública estiver permanentemente desligada, isso ajuda a baixar a factura. No entanto, o sentimento de insegurança dos cidadãos aumentará e os riscos de acidentes nas nossas ruas também se agravará. Existem municípios por esse país fora a pensar também nesta questão da eficiência energética como uma oportunidade para baixar despesa e poupar energia e o ambiente. Para tal, estão a utilizar-se, por exemplo, novas tecnologias na iluminação pública (LEDS), apenas para dar o exemplo da poupança em termos de electricidade. Esta poderia ser, pois, uma oportunidade para a tomada de decisões estratégicas ao nível energético. Mas para tal será preciso fazer-se luz!

O comandante da esquadra da PSP de S. João da Madeira, em entrevista ao Labor, confrontava os sanjoanenses com alguns números decorrentes da actividade daquela força de segurança. Um dos assuntos abordados dizia respeito às acções desencadeadas no combate à droga, um assunto recorrente neste tipo de entrevistas. Ora, esta é uma oportunidade de recuperar aqui algumas pergunta que fiz numa edição anterior sobre o extinto projecto «Prevenir o Futuro». Por exemplo, quais foram os tais “resultados palpáveis” conseguidos? Quantos toxicodependentes aderiram voluntariamente ao projecto e quantos conseguiram deixar a sua situação de dependência? Qual foi o montante total envolvido na execução do projecto e quais foram as fontes para o seu financiamento? Este “ensaio de uma nova forma de intervenção”, que passou por um modelo de desabituação física diferente do tradicional, foi posteriormente adoptado noutras experiências ou não? Houve validação científica desse modelo ou não passou de uma experiência isolada? Que falta fazem as respostas a estas questões!

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