16 junho 2011

Entre_linhas 129 (16junho2011)

Ainda a propósito das Eleições Legislativas do passado dia 5 de Junho, muito ficou por dizer. Os jornais locais da semana passada fizeram as suas coberturas normais e os principais partidos concorrentes tomaram as suas posições. De todas as que vi, confesso que me surpreendeu a tomada de posição do PSD de S. João da Madeira que, atribuiu a vitória “à qualidade de gestão” de Castro Almeida na Câmara Municipal E disse mais! O PSD considerou que “é graças à sua gestão camarária que se vem consolidando como partido de confiança dos sanjoanenses”. Eu até percebo que o PSD tenha a necessidade de dizer uma coisa destas! No entanto, julgo que um bocadinho mais de modéstia não ficaria mal ao PSD local. Ainda por cima, é importante recordar que em 2009 e em 2005 os resultados foram precisamente em sentido contrário e, nessa altura, não vi o PSD a atribuir a derrota a Castro Almeida e à qualidade da sua gestão autárquica. Vamos lá então aos factos para avivarmos as memórias: em 2009, em S. João da Madeira, o PS teve 39,2% e o PSD 28,7%; e em 2005, o PS teve 48,9% e o PSD apenas 26,2%. Como se vêm em ambos os actos eleitorais o PSD foi derrotado com diferenças ainda mais expressivas daquela que foi a sua vitória da semana passada. Parece-me, portanto, que esta análise do PSD a estes resultados sejam reveladores, no mínimo, de alguma falta de memória. Para não dizer alguma “inquietação”! Oportunamente desenvolverei melhor este raciocínio, estejam descansados!

A recuperação da Torre da Oliva foi adjudicada recentemente por 809 mil euros. Isto acontece numa altura em 35 empresas concorreram à transformação das antigas oficinas na Oliva Creative Factory, uma empreitada cujo montante ronda os 5,7 milhões de euros. Ora, este elevado número de empresas concorrentes, 35, levaram a que o Presidente da Câmara considerasse que “não falta quem queira concorrer às nossas obras” pela fama que “esta autarquia tem de pagar a horas”. No entanto, esta semana foi conhecido o resultado de uma auditoria realizada pela Inspecção-Geral de Finanças à Câmara de S. João da Madeira que recomenda, entre outras coisas, “o pagamento atempado das empreitadas”. Sobre esta questão, não valeria a pena acrescentar mais nada! De qualquer modo, ainda bem que aquelas 35 empresas não viram o relatório da IGF antes de entregarem as suas propostas à Oliva Creative Factory. Se o tivessem visto, ainda teriam mudado de ideias! Há cada uma!!!

O Partido Socialista vai a votos. No seguimento dos resultados das eleições legislativas do passado dia 5 de Junho, José Sócrates deu por terminado o seu mandato como Secretário-geral do PS, abrindo, dessa forma, caminho à sucessão. O PS tem muita gente com enorme potencial e na corrida estão duas personalidades de grande capacidade política: António José Seguro e Francisco Assis. A minha escolha recaiu sobre António José Seguro, pela sua extraordinária capacidade de organização, mobilização e liderança de equipas de trabalho. Como militante do PS, espero que a campanha decorra com elevação e que possibilite uma reflexão profunda sobre aquilo que deve ser o partido nos próximos tempos, agora na oposição. Embora o PS seja um partido com vocação de poder, espero que venha a exercer o papel de principal partido da oposição com sentido de responsabilidade porque a situação do país não permitirá outra coisa. Quer ganhe Seguro quer ganhe Assis, nesse aspecto, estaremos tranquilos! Têm ambos o sentido de estado suficiente para isso!

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11 junho 2011

Entre_linhas 128 (9junho2011)

O PSD ganhou as eleições legislativas do passado dia 5 de Junho. Aliás, essa vitória acabou por me surpreender pela enorme diferença de votos em relação aos conseguidos pelo PS. Parece-me inquestionável que os portugueses pretenderam uma mudança, penalizando fortemente o partido que estava no governo, responsabilizando-o pela crise económica e financeira em que estamos mergulhados. Por muito difícil que seja tentar explicar, aquilo que Portugal vive hoje não pode ser directamente imputado às políticas que estavam a ser seguidas. No entanto, também não é difícil compreender a opção dos portugueses. Do meu ponto de vista tratou-se de uma opção, obviamente legítima mas, de certa forma, injusta. Portugal é hoje um país muito diferente, para melhor, do que era há 6 anos atrás. Em muitas áreas os progressos foram significativos. Contudo, alguns problemas estruturais que também não foram ultrapassados pela última governação socialista, vieram à tona no seguimento da crise internacional, obrigando a um pedido de intervenção externa e à queda em indicadores cruciais como a dívida externa ou o desemprego. Julgo que já o disse neste espaço mas se disse está na hora de o repetir: na política, ao contrário do futebol, quem ganha não é quem marca mais golos mas antes quem marca o último golo. Ao contrário do futebol, na política podemos estar a ganhar 10-0 mas se o adversário marca o último golo, nem que seja no último minuto, perdemos o jogo!

A propósito dos resultados, importa fazer referência ao que aconteceu em S. João da Madeira. O PSD, apesar de ter ganho também aqui, teve o terceiro pior resultado do Distrito de Aveiro. O PS, apesar de ter perdido também no nosso concelho, teve o terceiro melhor resultado de todo o distrito. De notar que houve um envolvimento directo e sistemático do Presidente da Câmara Municipal na campanha eleitoral, o que não deixa de ser relevante. Por outro lado, digno ainda de registo foi o resultado do Bloco de Esquerda que, seguindo a tendência nacional, perdeu metade da sua votação. O BE conseguiu em S. João da Madeira pouco mais de 700 votos, reduzindo-se à reduzida expressão que também o PCP tem em S. João da Madeira. Julgo que as pessoas já terão percebido que, de facto, a irresponsabilidade e a demagogia têm limites. Curioso ainda o facto do PP, em S. João da Madeira, ter conseguido menos 16 votos do que em 2009.

Dois dos deputados eleitos para a próxima legislatura são de S. João da Madeira: Pedro Nuno Santos (do PS) e Paulo Cavaleiro (do PSD). Desde já lhes dou parabéns pela eleição e transmito os meus desejos de grandes sucessos na defesa do país, do distrito e do nosso concelho. É prestigiante para a nossa terra termos dois deputados com assento na Assembleia da República a quem os sanjoanenses poderão recorrer no sentido de transmitir as suas ambições, relatar os seus problemas e até mesmo pedir contas. Aliás, na última semana de campanha eleitoral, o candidato do PSD fez chegar a todas as caixas de correio da nossa terra um folheto que, a certa altura dizia que, “com o voto dos sanjoanenses” poderia “continuar a contribuir para que S. João da Madeira tenha mais voz junto do poder central, em questões essenciais como a defesa do nosso hospital”. Pois bem, Paulo Cavaleiro foi eleito deputado, o PSD ganhou as eleições e vai formar governo. Estou certo que esta questão do hospital será, portanto, uma questão resolvida! E ainda bem para todos nós!

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02 junho 2011

Entre_linhas 127 (2junho2011)

Numa sessão sobre empregabilidade na Secundária Oliveira Júnior, uma frase aparentemente pacífica de Castro Almeida reproduzida nos jornais locais da semana passada acabou por me surpreender. É que o Presidente da Câmara de S. João da Madeira alertou os alunos presentes na palestra para a necessidade da formação ao longo da vida como “um dos segredos do sucesso”. Ora, concordo em absoluto com esta frase! De facto, a formação inicial e a formação ao longo da vida é uma arma importantíssima para que as pessoas consigam enfrentar os desafios que se levantam nos dias que correm. Acontece que este raciocínio acaba por ser uma crítica explícita ao candidato do PSD a primeiro-ministro que, a semana passada, veio insultar precisamente aqueles que voltaram à formação através do Programa Novas Oportunidades, chamando-lhes “ignorantes”. Isto da política tem muito que se lhe diga! Os cidadãos têm que, de facto, estar sempre em alerta máximo para perceberem as subtilezas dos discursos!

Os candidatos do Partido Socialista pelo círculo eleitoral de Aveiro visitaram S. João da Madeira no passado dia 30 de Maio, iniciando a última semana de campanha eleitoral antes das eleições legislativas do próximo domingo. Uma componente do programa que tive a oportunidade de acompanhar, foi a visita a duas empresas bastante importantes no panorama industrial da cidade e do país e que têm dado cartas na competitividade no sector que integram. Uma delas, a Helsar (www.helsar.com), atingiu uma posição dominante no sector do calçado, estando na lista dos melhores fabricantes de sapatos de senhora, a nível nacional. Aliás, recentemente esta empresa foi notícia uma vez que Carol e Pippa Middleton, mãe e irmã da princesa de Kate Middleton escolheram calçar modelos da designer britânica Emmy Scaterfield que são produzidos, precisamente, na Helsar, assim como a bolsa de mão que Carol Middleton usou na cerimónia. A outra empresa visitada foi a ERT (www.ertgrupo.com), Empresa de Revestimentos Têxteis. Trata-se da maior empresa do seu sector a operar em Portugal, exportando a grande parte da sua produção. Como clientes conta com algumas das melhores marcas do sector automóvel. Com uma administração jovem e dinâmica, esta empresa é também um bom exemplo daquilo que o nosso país tem de extraordinário para mostrar e que a nós, sanjoanenses, nos enche de orgulho. Estas visitas embora que assumidamente em campanha eleitoral, servem também para isso: para puxar pelos bons exemplos.

Não me lembro de viver um período eleitoral em que os resultados fossem tão imprevisíveis com o são neste momento. As sondagens estão muito equilibradas e os comentadores políticos não arriscam um palpite. De facto, neste momento, todos temos a percepção de que tudo pode acontecer. Por mim, tal como esperarão certamente os leitores, estou confiante na vitória da Partido Socialista, com a humildade suficiente para reconhecer que, como é óbvio, se cometeram erros nos últimos seis anos. Só não erra quem está quieto! Ora, mas os problemas que o país enfrenta estão identificados, a ajuda externa está decidida e definidos os seus termos gerais. No entanto, há muitas diferenças entre os dois principais projectos políticos e essas diferenças parecem-me claras para todos. Só mesmo quem não quer é que não vislumbra as diferenças em termos de modelo de sociedade que se pretende e do papel do Estado no desenvolvimento desse modelo. Mas já agora, caso pretendam comparar todos os programas eleitorais, deixo-vos uma página do jornal de Negócios onde os podem encontrar: http://tinyurl.com/3ghqbpk. Agora é só decidir! Eu já decidi há muito. Vou votar no PS.

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