Existe hoje uma tendência generalizada em menosprezar a atividade política e os políticos em geral. No entanto, um dos pilares da nossa democracia é, precisamente, a confiança que deverá existir entre os eleitos e eleitores, entre representantes e representados. Para todos os efeitos, os deputados, por exemplo, representam os interesses da comunidade e da população portuguesa, para o bem e para o mal, sendo óbvio que nem sempre isso acontece. O que, em concreto, alguns deputados de alguns partidos nos andaram a dizer em campanha eleitoral foram coisas completamente diferentes daquilo que estão a aprovar na Assembleia da República e isso, inevitavelmente, mina a tal relação de confiança entre eleitos e eleitores. Esta semana, os deputados da maioria PSD/CDS, com os votos contra de toda a oposição, aprovaram o Orçamento de Estado para 2013 e, com ele, viabilizaram um brutal corte do rendimento disponível das famílias, obrigando-as a sacrifícios de que há muito estavam afastados da realidade de muitas delas. E, de facto, é preciso que se diga que o OE2013 só foi aprovado porque houve deputados, representantes das populações, que votaram nele. Os que o fizeram deviam, por isso, explicar-se junto da população que representam. O mínimo que se pode exigir é que se prestem contas. Aguardemos serenamente!
Há dias conversava com um amigo ligado à restauração que me manifestava a sua preocupação face à situação atual do sector. Julgo que este é, aliás, um sentimento comum à generalidade daqueles que vivem do pequeno comércio ligado à restauração, como padarias, cafés e restaurantes. Em S. João da Madeira podemos comprovar esta dificuldade preocupante entrando num qualquer café local, sentir o ambiente e trocar meia dúzia de ideias com o respetivo proprietário. Para que a situação esteja assim, contribuiu o aperto financeiro das famílias (que com menos dinheiro consomem menos) e o aumento do IVA (que obrigou, em geral, a perda de rendimento dos proprietários e a cortes no emprego). Ora, perante esta evidência, PS, PCP, BE e os Verdes apresentaram, cada um, uma proposta para recolocar o IVA na restauração nos 13%, na sua taxa intermédia, tal como estava em 2011. Os deputados do PSD e CDS chumbaram essas propostas e, portanto, o IVA na restauração mantém-se nos 23%, uma medida que irá continuar a ter, inevitavelmente, impacto negativo na economia e no emprego. A isto se chama insensibilidade!
No passado dia 23 de novembro, realizou-se nova sessão do Fórum Re:pensar a Cidade, um espaço de debate e reflexão sobre os mais variados assuntos que ao nosso futuro estratégico dizem respeito. Como oradoras estiveram presentes Gabriela Canavilhas (ex-Ministra da Cultura), Francisca Abreu (vereadora da Câmara Municipal de Guimarães) e Cristina Marques (professora da Escola Secundária Oliveira Júnior). Foi um debate bastante animado e muito participado, que encheu completamente a sala onde foi organizado. Uma evidência que retirei da sessão é que, de facto, há muito trabalho para colocar a Cultura e a Animação Cultural no sentido de promover a outra escala a nossa Cidade, de criar oportunidades para a nossa economia e de valorizar e envolver as pessoas e as nossas coletividades. E o primeiro passo será colocar, duma vez, a Cultura no radar da política local.
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